terça-feira, janeiro 30, 2007

LIBERTE-SE

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Um dia de Spider Jerusalém

Eu acordo e me olho no espelho, depois de uma noite de pensamentos acelerados a 200 km por hora, ainda lembro do policial tentando multar meu pensamentos, quando estourei o limite de velocidade da Hellway road. Existe multa para pensamentos acelerados, se existir, já ultrapassei os malditos 21 pontos.

Mas eu acordo e digo - "Joça de mundo". Esse é mais que um lema, é um sentimento mesmo. Se alguém me perguntar, porque você escreve, porque está fazendo seu livro, Império das Causas Perdidas??? Se eu falar, que desejo vender 1 milhão de cópias, ser famoso, fazer entrevistas em programas de TV à cabo, ir pra Europa ganhar prêmios de Literatura, ser convidado pra jantar com Quentin Tarantino, Roberto Rodrigues, Umma Thurman, George Lucas, pra uma possível adaptação cinematográfica e me tornar CULT, com direito a ganhar comunidades no orkut, my spaces, vídeos no you tube, produzidos por fãs desconhecidos que jamais falaram comigo e ainda não sendo pouco, ser elogiado pela Beyonce (ah, aquele escritor do Brasil é muito sexy) e depois disso, ser convidado pra participar das prévias do senador democrata para ganhar a confiança dos latinos no ano eleitoral americano.

Que desgraça. Talvez eu pense assim, algumas vezes, não posso desconsiderar tais hipóteses, mas em certos minutos do dia, enquanto estou debruçado entre livros, revistas, fotografias que eu mesmo tiro para referências, lapis, hidrográficas, papel manteiga, vegetal, sulfite, grafite, cola, fitas adesivas, estilete, computador, photoshop, escanner, tudo isso e nas mãos o roteiro digitado no WORD da Microsoft, fonte 11 Arial, com todas as falas, narrações, interlúdios, parênteses, manchas de suor das mãos, palavrões e obcenidades ditas e repetidas, som do Windows Media, na sala a TV ligada em alguym canal inutil falando do futebol, abaixo de mim livros, modernismo, filósofos, HQ´s e graphic novels, Neil Gaiman, Eisner, Moore, Rosseau, Robespierre, Padre Vieira, Platão, Epicuro, Niescth, Freud, Druon, Guimaraes, Bandera, Machado, Brás Cubas, Turma da Monica, Pato DOnald, Sandman e Spider Jerusalém.

Sandman e Jerusalem, dois personagem tão opostos e incrivelmente próximos de mim, que me refletem de forma verossímel. Alguém já usou essa palavra desgraçada, verossímel? Só uso essa filha de uma vaca, quando é algo muito verdadeiro. Pois sim, um idealizado e remasteriazado por Gaiman o outro por Ellis. Esses dois bastardos pertencem a mundos e classes sociais distintas, mas eles são Eu. Não é erro de concordância nominal, eu sou Eles.

Tenho dias de Sandman, e outros de Spider Jerusalem. Toda aquele drama alucinógeno e existencial do jornalista Spider, que fora baseado em outro doidão "Hunther Thompson", tbm jornalista e escritor "Las Vegas na cabeça", que se entopia de narcóticos para se aprofundar na matéria e vivia o inferno em sua vida pessoal. Isso se é que ele tinha tal vida pessoal, acabou dando um tiro na cabeça.

Spider em Transmetropolitam diz "não sei o que quero, vou me entupir de todas as drogas e amanha estarei bem pra cobrir as eleições". E quando ele cobre algo, ele arranca o fígado do mundo, coloca duas TNT´s e explode em rede universal pra todos assistirem, isso na hora do jantar.

Sandman é mais silencioso, poético, lacônico, sedutor, é um amante latino do mundo onírico. Mas vive descontente, infeliz com sua natureza imutável. E o mais apavorante nós sabemos disso e nos acostumamos a viver nossa infelicidade perfeitamente bem. Somos estranhos porque somos "felizes sendo infelizes". Isso é (des)voluir...

Mas tem um preço, como tudo, o mundo se torna uma joça, uma merda, as pessoas são meros acasos, um efeito colateral da evolução forçada e estranha. A música perde a graça - alguém me pergunta o que você tem escutado de música - "nada, só tem lixo". Isso é improvavel para os seres normais. Se existe algo que sobrevive aos infortúnios da vida é a música. Esteja na merda, na sarjeta, sempre haverá uma música que lhe inspira, resgata, alguém, algo, passado ou futuro.

Devo confessar, que as vezes nem música, nem arte, nada. Contudo existe algo poderoso chamado rotina, responsabilidades e protocolos. E aí as contas, despezas, necessidades básicas ou não, chamam nossa atenção e por instantes eu penso no dinheiro, na fama, na adaptação milionária para o cinema BlockBuster, na luxúria, (maldito Maslow, todo publicitário conhece esse FDP).

Mesmo que isso me faça querer vomitar e meus ombros e costas tensos gritem: você precisa de uma massagem.

Assinado: Spider, Pablo, enfim.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Capa

Aí está a causa mais perdida da minha vida, nos últimos tempos. Por essa causa ganhei mais algumas olheiras. A nona arte parece fácil, texto que preenche balões e desenhos em quadros. Grandiosa jornada, é como desafiar Poseidon em seus domínios e trilhar ondas furiosas, daquelas que Ulisses venceu.

Eu considero esse "graphic novel", meu primeiro verdadeiramente. Até então encabeçei os submundos "undergrounds" dos zines, especialmente na época que estudei Desenho Industrial. Essa foi meu primeiro roteiro verdadeiramente complexo, assim como, meus olhos teimam em ver o mundo. O título já diz a que veio essa maldição que eu lanço. Resolvi fazer o mundo olhar com meus olhos.

Dedicarei essa coisa pra minha fiel pastora alemã, que tanto me ouviu. Seria redundante dedicar pra minha mãe, mas enfim. E dedico para Teresa Yumi, sua breve existência foi fundamental.

Terminando essa psicografia de hoje, quem é Pablo Montevideu. Fui eu, noutra realidade, nesse mesmo tempo e espaço.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

CAUSOS parte I

Dando continuação ao momento "egocêntrico", meta-linguístico desse recinto, a obra fala do criador, o criador se espelha na obra e etc.

Vou escrever, pra me lembrar pra posterioridade de algumas pérolas que vi e vivi nesses quase nove anos de design gráfico, criação publicitária e comunicação, sejam eles em duas graduações, sejam em estagizinhos de merda, agenciazinhas fundo de quintal ou em madrugadas de brainstorm´s falidos. Sem esquecer das seleções de estágios nas Big Agencies que sempre tiveram preciosidades, que infelizmente não consigo mais lembrar dos detalhes sórdidos.

Certa vez o cliente era uma lanchonete, fast food, cuja a especialidade era Hot Dog. Daí o nome de Black Dog. O mascote da lanchonete era um cão de cor preta. O "job" era uma campanha de outdoor, anúncio e peças promocionais, nada mais que isso. Então alguém perguntou ao contato qual era afinal o diferencial da lanchonete. Foi então que falaram sobre o tamanho da salsicha, pois era maior que a maioria dos "dogueiros" de rua, portanto o lanche era muiiito maior em tamanho que a concorrência. Então depois de pensar e pensar num tema pra campanha, me veio a seguinte analogia: Black Dog é melhor, porque salsicha de negão é bem maior... Ha há há (não sei porque não aceitaram). Os títulos que vieram sobre esse tema eram óoooootimos, seria com certeza um escândalo em SP....

Vamos voltar em 1998, estava eu na Faculdade de Belas Artes, cursando o magnífico curso de Desenho Industrial. A explosão da internet era evidente, não se falava de outra coisa. Foi a época em que universitários nerds faziam sites geniais e vendiam depois a ideia compilada para grandes portais por uma grana preta. Eu e mais 3 colegas, quatro bestas, resolvemos fazer o mesmo...vamos ficar ricos e largar essa bosta de faculdade. Vamos criar um site, ideia genial, ter 2 milhões de acessos e vender pro UOL, pro IG, pra AOL, sei la . Então começamos a discutir possibilidades. As mais variadas idéias foram colocadas em questão numa mesa redonda em plena praça de alimentação, entre copos de refrigerante e croassant de queijo. Algumas como: site de baladas, com imagens ao vivo das grandes baladas de SP, algo que já existia, serviço de busca de acompanhantes pra gays (também já existia), webcam na casa da irma desinibida de fulano, as belas bundas da FAAP, vamos resumir, só coisa que já haviam pensado, portanto nada de inovação.

Foi quando um cidadão, que atendia pela alcunha de "Bomba", porque tomou umas bombas pra ficar forte, teve a brilhante idéia: abrem-se aspas...

"Já sei, porque a gente não coloca uma mini micro câmera numa mosca, conectada na web, e solta a mosca, dessas de padaria num banheiro feminino bem frequentado, transmitindo via internet tudo que se passa num banheiro de mulheres. Vocês não acham isso fantástico e inovador. A gente não vive falando que gostaria de ser uma mosquinha pra estar em tal lugar, sem ser percebido??? Que vc´s acham?" fecham-se as aspas...

Bem, o pior foi convencê-lo da dificuldade operacional em capturar uma mosca e colocar uma mini micro anã camera sobre ela. Fora o fato de treina-la à entrar e percorrer o vestuário feminino, além do pior. Aonde encontraríamos uma camera tão pequena quanto uma mosca? No cérebro de mosca do infeliz, talvez. Depois dessa, do precursor do "you tube" em fins da década de noventa, eu desisti de ser o novo ricaço do vale do Silício.

Vejam só esses causos vocês não encontram nos livros do Dualibi ( o D da DPZ), nem na biografia do Oliveto, nem do Nizan e cia. Hahaha na foto, uma intervenção urbana do Marc, um designer gringo, muito bom.