terça-feira, dezembro 30, 2008

na crise dos 30


Quando era, agora não sou mais.

sábado, dezembro 20, 2008

nú no escuro


"Nú no escuro" - foi um texto que fiz pra mim mesmo num curso de teatro que cursei, quando estava entediado com a vida (o que sempre estou) e num dos exercícios tínhamos que escrever um texto e encenar fosse do jeito que fosse. A encenação ficou uma porcaria, mas fui um dos únicos que escreveu seu próprio texto, o resto do povo usou textos de autores diversos. Ninguém sabia escrever porra nenhuma.

Nú no escuro é isso aí da foto, um doido que ficou pelado num breu qualquer(apesar do escuro da foto estar bem photoshopado, não estava escuro assim), diante do nada, e nas trevas todos ficam cegos, como na atualidade - escrevi sobre mim mesmo como sempre, das minhas tentativas de "ser" sem nunca ter sido e de "partir tão logo seja". Será que um cego pode sonhar com o concreto sem nunca ter visto o real - indagava.

O tempo passa e parece que o texto fica repetindo num gravador sem parar, como um sinal que se perde dentre antenas parabólicas e satélites orbitais no espaço. A vida não anda, ela roda e voltei sempre ao mesmo ponto. Agora, estou reescrevendo, atualizando esse texto, para nada, simplesmente como registro. Coisas que reeditei sobre os cristais que se quebram, e nada do que foi faz muito sentido; também do desconhecimento que se tem sobre a veracidade dos sentimentos. Frieza, será mesmo algo tão ruim assim? O verso pode esperar um ano, antes de acabar com a poesia. João Cabral de Melo Neto esperava o tempo que fosse, numa paciência gélida. Enfim, meu último cristal se quebrou e agora não há mais nada a se recordar.

sábado, dezembro 13, 2008

Depois de um tempo grande me dedicando ao mestrado (tempo inútil) acabei deixando de lado outras idéias ou chame-se também de projetos, o ano se foi e as pessoas estão saindo de férias, eu estou na mesma, pensando e repensando, em (re)iniciar os velhos planos. É estranho, essa maldita época que odeio e que pra mim não me traz nenhum significado de fim ou reflexão, porque prefiro não ter fins ou inícios, ao contrário das pessoas, que pegam esse mês para refletir suas frustrações do ano - eu faço isso o ano inteiro, todo dia e instante, meus processos reflexivos não se dão no mês de Dezembro quando o mundo fica sensível e no resto do ano é um puteiro ao céu aberto - minha sensibilidade dura os benditos 12 meses, por essas eu não ligo pra feriados ou férias. Única forma de tirar férias seria ir para Sibéria ou Marte, bem longe de humanos, com algumas doses do coquetel Heath Ledger, ótimo pra dormir e sequer sonhar. É como brincar de morrer. E depois acordar.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Descobri que tem gente ganhando dinheiro com blog - tem gente que paga pra anunciar em blog - blog de conteúdo, gente que escreve sobre cultura, cultura pop, comportamento e outras coisas. Pelas barbas dos profetas visigodos - tem otário pra tudo. Tem gente que está lendo blogs escritos por gente comum desse mundo escroto, e acreditando no que está lendo - tanto estão que tem outros otários que pagam pra anunciar suas marcas em blogs super pops. O mundo é um quintal, e tudo dá no mesmo - no Google. O google responde tudo e esses blogs agora são supra sumos da cultura e da reflexão. Queimemos os livros de capa dura, de letras miúdas, dos filósofos aos teóricos. Pra que Merleau Ponty, Sartre, Valery, Bataile, Sófocles, Euripedes, Einstein, Shakespeare, pra não dizer de Ferreira Gullar (sempre me valeu mais que 10 professores da USP juntos), Bento Prado Junior, Haroldo de Campos, etc. Se o hoje e o agora se resolve em blogs de cultura e arte. Para que mestrados e doutorados, cansativos e massantes, consomem anos e muito espaço em bibliotecas. Ah, pra que biblioteca? Nem os universitários a visitam. Pra que escrever livros, romances, poemas, se Bin Laden fez a maior arte contemporânea do século (foi Stockhausen que disse). O que faço aqui...

Ah foda-se, esse blog tem o patrocínio e apoio do Bordel de meninas devassas e cultas - O Maulsoleu do Amor. Compre uma massagem tailandesa e goze por nossa conta.

terça-feira, dezembro 02, 2008




Não levo jeito pra vida, nunca me entrosei com ela, mas houve uma excessão, sempre há. Essa foto cheira banho num sábado de outono.


Um beijo

sábado, novembro 29, 2008

Uma vida de mentiras...


Nossa vida é uma mentira contada todo dia, todo segundo. A lógica da existência é mentir. As mentiras do mundo da felicidade, da política, da razão, de deus e religiões, a mentira da ciência como salvação e esperança, a mentira de nossas mães e pais. A vida é sim, uma devastação.

Vive-se a mentira do mundo que deseja se salvar, através do meio ambiente porque repentinamente se descobriu a importância da preservação e toda essa baboseira repetida pelos cantos, por nós todos, moralistas de caras e bocas, sempre entendidos e super atualizados. Estou cansado do mundo, mas de mim, da politicagem que fazemos. Não apenas a política partidária, mas a politiqueira da rotina, desse nosso cotidiano que nunca mudamos porque não queremos e portanto, ninguém está salvando ninguém. O ambientalismo foi incorporado ao marketing pra fazer mais dinheiro, e só, nada vai mudar.

As ONG´s estão entre corrupções e ações pequeníssimas que no fundo não passam de uma culpa de alguns poucos. Existem sim mentiras do sistema, aquelas maiores que nos controlam - por exemplo, já sabemos que existem hoje carros que poderiam ser movidos faz mais de dez anos por eletricidade, água, vento, etc e etc. A tecnologia evoluiu e hoje não precisaríamos dessa merda de petróleo ou etanol, mas quem disse que o mundo precisa saber a verdade? Quem vai lucrar com carros movidos a ar ou sol, ou sei lá o que? Deixem o mundo queimar o ouro negro e dane-se, depois, se inventa algo inteligente como "neutralização de carbono".

Falo isso, não porque estou preocupado com o clima, porque já desisti e porque não estou me importando se amanhã viveremos o desastre (ja vivemos). Mas me cansa essa baboseira de protocolos de Kioto, Rio 1992, encontro de líderes de países G20, G10, G1000, reuniões e jantares, homens engravatados ou palestras de nomes da ciência, Al Gore, Di Caprio, usando cinema, TV, internet pra falar da importância do despertar do mundo adormecido para o aquecimento global, blablablablabla - estamos todos ligando a chave de nossos carrões beberrões de gasolina e acelerando fundo - nós estamos comprando às prestações carros pra garantir nossos privilégios - num momento de crise se fala em alto e bom som - COMPREM ATÉ ACABAR SUAS POUPANÇAS - é essa a lógica contemporânea.

Se o consumo acabar, o mundo entra num colapso, a gente fez essa merda, e depois perdemos tempo com palestras e seminários, empresas se pondo como MODELOS de sustentabilidade - enquanto não passam de "cases" de marketing muito bem arquitetados pra enganar o senso comum das milhões de carcaças falantes semianalfabetas (com ensino superior inclusive) que assistem TV, futebol e adentram universidades pra garantir festas e churrascos em campeonatos esportivos durante 4 ou 5 anos, ou até mesmo, sexo fácil com universitárias bebadas em cabanas improvisadas - ahhhhhhhh. E os mestres ou professores conseguem o inexplicável que é simplesmente não saber se explicar - o tal do intelectualismo (ou inutilismo acadêmico se preferir) ou como uma professora de português dizia na oitava série - "zé você só encheu linguiça nessa questão". Basta tentar ler os livros lançados nas mostras de arte ou bienais, cujo autores são professores das maiores "patentes" acadêmicas do Brasil, porque não dizer da USP - é pior que achar pelo em ovo, retire dos textos frases soltas e forme tópicos para se ter a idéia da perda de tempo, da gráfica e do leitor. Estes mesmos professores que dão aulas pra esses mesmos alunos e tudo transparece uma grande ciranda infinita - que estou atrelado também.

Quando me dá essas febres e preciso tomar alguns psicotrópicos, sempre antes de adormecer 20 horas seguidas e pisar em Marte, tenho surtos imaterialistas, e deixo a realidade derreter como as geleiras do Ártico, casa dos pobres ursos polares. Nessas horas falo um foda-se pra minhas realizações fracassadas, e naufrago os poucos planos e objetivos em vida. Isso acontece em noites de sexta e sábado e culminam num domingo detestável de olheiras, dores na nuca e no corpo, mau humor e um amargo gosto na saliva, uma lágrima seca que coça meus olhos quando fito esse horizonte. Lapsos de verdades, num mundo de mentiras. Sinto-me desprezível como ser humano. Sorte de outros bilhões que estão aí literalmente gozando a vida, cegos e surdos, gordos e felizes, todos filhotes dessa vida de mentiras. Esta é a estética do tédio, do desuso e da desmobilização. O mundo não precisa ser salvo, porque talvez nossa destruição seja simplesmente os fatos comprovando os atos, na pior das hipóteses, estamos sendo prova da nossa razão, que como toda razão leva a muitos acidentes.

quarta-feira, novembro 26, 2008

branco sobre branco


Assim que estou me sentindo. Pior que eu sabia e previa isso. Por maior que seja meu pessimismo natural, sempre tem uma brisa positiva bem fraca lhe dizendo algo, mas daí vem um burocrata com um currículo extenso e lhe diz - sabe quando você largou tudo e resolveu começar, depois largou novamente pra recomeçar, sabe, então faça de novo, porque está tudo errado meu rapaz. Eu sequer reclamei, pestanejei, balbuciei. Engoli e resignado fui embora. Ficou tudo branco sobre branco.

sábado, novembro 22, 2008

Só faltava o ato final, a platéia estava excitada, voltei ao meu camarim, e as encontrei, lindas e radiantes, o ato havia terminado, contudo ainda permaneciam em seus personagens, delas, vestiam belas lingiries e bebiam champagne. De repente percebi que a peça havia trocado de lugar, o palco era então os bastidores, bem distante dos olhos do público, que já não entendiam o atraso para o último ato. Ficamos lá, num baile em preto e branco, parece que foi ontem, numa década de 30 qualquer.


Adoro essa imagem montada pelo fotógrafo e a modelo contrariando o diretor "não olhe para câmera" e cheia de si ela simplesmente nos convida para entrar na festa. Perfeito.

quinta-feira, novembro 13, 2008

O teatro, o cinema, e o teatrocinema; tudo se perde ou ganha no final do espetáculo (a peça bloguiana de Gerald Thomas via IG ao vivo no Sesc)



Kepler o cão que ofende mulheres - uma atriz encoleirada é subjulgada por algum homem idiota, o mesmo que vai para as guerras, o mesmo que fez o Cubismo violento contra as guerras, o mesmo que botou Joana D´arc na fogueira ou mutilou alguma africana na genitália. É esse possivelmente a razão extraída da peça que vivi e vivenciei indiretamente ao longo dos últimos meses na companhia intra-pessoal de Gerald Thomas, e como resultado a encenação teatral, ou talvez um ensaio video gravado e transmitido ao vivo pela internet para um público blogueiro e usuário da rede.

Arte e vida, arte e guerra. É o homem quem traça os inícios e infinitos finitos. Há quem busque um novo renascimento ou o fim de tudo, talvez na queda das torres do WTC, quando os terroristas árabes promoveram uma "intervenção urbana conceitual" Land Art, pois sim, não fosse pela barbárie de tantas vidas despedaçadas, dos mortos e da cidade toda, não fosse por isso, o efeito dessa ação seria considerado um evento objeto artístico grandioso. De repente a arte morreu e ficou lá, dentre os escombros do WTC, nada depois daquilo faria sentido - o teatro e o cinema não pode mais chocar ou impressionar. Uma impressão...
O teatro no teatro como o Impressionismo

Teatro é vivo e verdadeiro sob um ponto de vista de construção, mais tátil porque simplesmente se está de corpo presente. As sensações visuais são como o Impressionismo. Sim, acho que fica mais fácil entender (pra eu entender), é plen-air como dizem os franceses, as cores, a fumaça, o frio do ar condicionado, o murmurinho da platéia, a posição da cadeira, o cheiro, as vozes do elenco, o som, tudo tem peso, tudo é tangível. Nesse sentido é verdadeiro, sendo mentira em sua mensagem, mas isto é outro papo. O teatro dá a possibilidade de estarmos no mesmo patamar ou plataforma do mundo onírico, como se o sonho estivesse ali em nossa frente, basta dar alguns passos e pronto, qualquer cidadão, feio ou bonito, alto, rico ou idiota pode entrar. É como estar diante do céu mas também do inferno. O público eventualmente pode estar acima do elenco, superior ou observando o plano central, julgando e analisando - o público tem essa impressão. E no cinema todos os lados estão apresentados e desnudados.

O cinema no cinema, como no Cubismo

A obra cinematográfica do ponto de vista da produção e criação é uma mentira, mas ao contrário do teatro, entendo que sua mensagem é verdadeira. Um inverso do outro. Será mesmo? Eu acredito que sim, mas vou dizendo sem pestanejar. O cinema inexiste até a montagem. É nesse estágio que nasce a dinâmica das sequências de cenas, e também os personagens, porque ao contrário no cinema não se faz da experiência ao vivo, mas sim de pedaços ou fragmentos, produzidos aos montes durante as gravações, que depois os montadores juntam tudo, como um quebra-cabeça de imagens, surge então a narrativa, a verdade, a mensagem é construída, a obra enfim é criada. Para o ator, o diretor, antes da montagem é tudo encenação, é o encenar de encenar, ou seja, encena-se a encenação - estranho assim - desde Eisenstein e Vertov, cineastas do período lenista e stalinista da Rússia revolucionária.

Um defendia o cinema verdade de registro (Vertov) outro o cinema intelectual e ficcional (Eisenstein). Vertov vinha da ideologia revolucionária, do chão de fábrica, desconsiderava o cinema como obra de arte superior, mas apenas como reprodutor de imagens (na verdade Maiakovsky que pensava assim e formava uma corrente junto com Vertov e outros). Apesar de Eisenstein viver o período bolchevique, vinha ele do teatro (idem Maiakovsky), e essa teatralização de Eisenstein era elemento presente na sua obra de cinema, naquele momento um destaque da indústria da comunicação, sendo grande instrumento do próprio Estado - mais tarde de Stalin seria a gota d´água. Com Kulechov, Eisenstein recriminava o cinema de registro de Vertov (possivelmente precursor de nossos documentários), os cineastas intelectuais (kulechov, Einsenstein) não acreditavam em nenhuma espontaneidade diante das câmeras.

O cinema como o cubismo prima a forma, emite vários pontos de vista num mesmo plano bidimensional - expõe o objeto a dois ou mais posicionamentos contrários, pela técnica e a montagem. Eu vejo teatro como a impressão realista e o cinema como a montagem pictórica. A espontaneidade talvez não exista diante da lente e da luz da câmera, seja num documentário ou numa ficção dramática, a atuação cinematográfica é construída pela marcação técnica, não há muito espaço para inventividade corporal e desconstrução do gesto, é uma perseguição maquinária, bem próximo do construtivismo soviético, até mesmo da arte concreta suíça.

O Teatrocinema da blognovela

O teatro visto por uma tela pequena de computador sujeito às entropias da exibição intra-pessoal (algo que não seja pessoalmente) é como a comunicação diária no blog. Todos são íntimos distantes, sujeitados a uma entropia diária - a mensagem é verdadeira, mas os formatos criados (os nicknames e as técnicas) dentro do blog são falsescas, tal como na produção cinematográfica. Então, por associação, o blog é como o cinema também, mesmo parecendo absurdo. A encenação da peça ao vivo, como num ensaio, era teatro apenas pra quem estava na platéia, o cenário, elenco, a fumaça, a interação e o peso dos corpos e sons. Ao público em casa, era também uma peça teatralizada porque não houvera montagem anterior, seguia-se obviamente um roteiro, mas a montagem era ao vivo (o plen-air impressionista) - portanto teatro. E a criação foi com base teatral, Gerald é homem do teatro, e sua cia. faz parte do universo teatral. Nossa visão se deslocava na tela do computador procurando pontos focais, sendo que em determinados momentos a tela se escurecia, um corte cinematográfico e teatral.

É o teatrocinema ou nenhum dos dois...de repente não é uma coisa ou outra, é apenas uma obra audiovisual, como uma vídeo arte ou "Performance Body Art" que poderia ser reproduzida em paredes de museus ou encostas de morros, laterais de prédios, projetada por grandes projetores interferindo na paisagem, o que aumentaria a percepção e ao mesmo tempo provocaria outras interferências perceptivas em relação ao tema. Afinal, as idéias ou conceitos eram mais importantes que o formato, o que deveria ser relevante era a mensagem. E foi justamente a mensagem que prevaleceu e sendo assim funcionou, não importando quão complexa a linguagem.

Quando no cinema o diretor filma várias tomadas da mesma atriz, de costa, perfil, diagonal, de cima, com mão no joelho, no cabelo, boca entraberta, etc e etc, busca-se o excesso da imagem e o detalhismo para construção rica na tela grande. O teatro funciona melhor no minimalismo pra causar a impressão, ao mesmo tempo que limpa a imagem deixando o objeto exposto de forma nua. A atriz no cinema perde a espontaneidade é um robô humano seguindo as ordens do diretor e no teatro essa mesma atriz seria um fantoche maleável, solto e livre, com um toque mágico, um sopro de liberdade no palco. No cinema essa personagem ganha vida com a luz da montagem, na telona é o que importa, o objetivo final, a estória existe e mesmo com todo processo racional, por vias da emoção atinge o subjetivo do público. Há ganhos e perdas, seja qual for o meio, a importância de renovar é relevante. Vivemos uma época que se pode pensar - tudo já foi criado e não nos sobrou espaços para mais nada. A ousadia não foi repelida e nossa capacidade talvez ainda exista. Tem que se quebrar espelhos sem medo das pragas do azar e fuçar os escombros do mundo arruinado.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Nas entrelinhas mondrianas morreu Monalisa; questões subjetivas, objetivas, diretas, compreensíveis ou não. Quem sabe?

Mondrian, o artísta maior do movimento Neoplástico das décadas de 10 e 20 tinha uma visão utópica da arte e sua praticidade. Vendo de hoje, quase centenário, o movimento que ele iniciou na Holanda através da Revista De Stijl (O Estilo) parece que suas postulações estavam certas, no que se refere a evolução humana, e ao mesmo tempo entraram em caminhos errôneos quando se observa o século passado numa plataforma futura. De um lado estava o artista, que participava de uma geração européia brilhante e completamente distinta do resto da humanidade. Viviam num continente, repleto de preconceitos e radicalismos, aliados à tradição milenar de impérios e o desenvolvimento industrial. Por outro lado, Mondrian como a maioria de seus contemporâneos morreu pouco antes ou depois do fim da segunda guerra, não tiveram tempo portanto de observar o fenômeno da sociedade de massa.
O ponto central mondriano quando a unidade visual plástica e a linguagem visual exaurida de qualquer individualidade e subjetividade seria o essencial para que forma e função se encontrassem, na visão dele o aspecto que levaria o humano a se compreender universalmente. Tal conceito é mais utópico que o socialismo puro de Marx, contudo Mondrian apostava numa visão de longíssimo prazo - mais do que ninguém ele sabia que o desenvolvimento ou o apuramento da visão humana diante da arte levaria séculos, como mencionara, não seria em poucos anos que se transformaria a humanidade. Algo que T. Van Doesburg desacreditava em seu manifesto sobre o Elementarismo, buscava a prática acima de tudo, tão logo fosse.

O processo neoplástico nascera da simplificação da pintura representacional, a tal ponto que eliminado todos os invasores pictóricos sobrando apenas as linhas retas e curvas. Do mesmo modo na Rússia, os irmãos Pevsner, Gabo, Lisstisky, entre outros desenvolviam o construtivismo obsecados pela eficiência das máquinas e sua precisão - tida como ideal humano, a arte construtiva em realizar a obra de arte objetiva. Os russos viviam a arte e a sociedade, arte como função na história, por assim dizer, transformadora sócio e histórica, fazia parte do processo revolucionário liderado por Lênin. Mondrian como os expressionistas alemães da "Brücke" vivenciavam tão somente de forma singular o mundo das formas, dos planos, da matemática da vida - quando simplesmente a história da arte reproduz os conceitos numa simplicidade que caiba numa frase de um texto como esse, fica um vácuo de entendimento - deixa-se passar algo inimaginável e talvez uma visão que apenas aqueles "homens gênios" exergavam. Eis a cisma da teoria e crítica da arte - jamais conseguiu aprofundar os preceitos, teoremas e visões artísticos diante nossa condição mortal e humana.

Esqueçamos os lamentos por uns instantes. Em outro aspecto, as postulações de Mondrian e outros neoplasticistas se tornaram complexas e não tiveram nenhum êxito, ao longo das décadas do século passado. Em determinadas áreas a velocidade do tempo se viu fisicamente. Na física e química, como consequência - a Tecnologia, o mundo girou muito rápido, a ponto de estarmos em constante avanço, e sermos atropelados pela velocidade das conquistas da informática e comunicação. No social e político, o comunismo foi praticamente afogado e o mundo escolheu para o futuro a chamada democracia capitalista da liberdade de ser e estar, mesmo que para isso, o mundo esteja calcado na alienação comercial e fútil. Mas na Arte não houve nenhum direcionamento e o panorama talvez esteja pior que na primeira metade do século XX quando mentes geniosas, do Ocidente europeu à Rússia, sem internet e celulares manteve uma extensa rede de intercâmbio cultural, idealista e produtivo. Foi o período mais rico e inimaginável que a mente humana alcançou; e jamais conseguiu repetir o exito.

É quase impossível na atualidade reviver a visão mondriana de arte porque simplesmente se rejeita o simplismo em favorecimento do exagero. É complexo mergulhar na obra neoplástica ou suprematista de Malevitch e compreender através da percepção dos artistas autores estes dogmas que eles nos deixaram. Torna-se incoerente saber que pretendiam ser objetivistas e sem nenhum caráter sensível ou individual. Entretanto a racionalização da obra artística tivera efeito inverso, no decorrer das décadas seguintes. Apesar da excessiva simplificação e do reducionismo que arte sofrera, tornou-se demasiadamente distante de qualquer compreensão individual. O que para Malevitch e seu "quadrado branco sobre fundo branco", era apenas isso, para o indivíduo de mente restrita é o absurdo da ineficiência ou da perda de tempo, portanto, uma antítese à idéia original. De fato, qualquer leigo compreende melhor a arte figurativa num quadro como a Monalisa de Da Vinci. Mas as telas suprematistas que indicaram a morte da pintura de quadro e deu início a construção no espaço, ou seja, a tela se torna o mundo; sendo incabível a essa escassez perceptiva e imagética que a humanidade se aprisionou.

Vivemos hoje um pobre momento da percepção humana e os avanços da tecnologia não se traduzem em avanços humanos quanto à sensibilidade e razão. O humano enfraqueceu sua criatividade e inventividade e como resultado, uma repetição do passado, uma ressônancia que venta todo instante nossa incapacidade de irmos além, de novas conquistas, que sejam imprevisíveis e construam novos modelos. E sobretudo que nos faça atingir o estado essencial para vivenciar definitivamente a linguagem neoplástica ou suprematista empiricamente. Gropius o genial diretor da Escola de Bauhaus, instituição lendária do design moderno que surgiu na Alemanha na década de 20 e 30 defendia que - arte não deve ser ensinada, tanto na questão de compreensão, quanto na criação. Ele desacreditava do ensino artístico como ferramenta para se desenvolver o "gosto" apurado e ampliar o entendimento da obra artística - por ventura rechaçou qualquer tentativa de desenvolver dentro da Bauhaus um modelo estilístico - o design moderno que ficou caracterizado a Bauhaus é contrário a idéia de Gropius, que buscava apenas produzir gráficos, desenhistas, com mínimo de talento, tornar habilidades inatas à serviço da Industrial Design que já estava a todo vapor se esparramando pelo mundo.

Gropius era um visionário arquiteto, genial como Mondrian, mas vislumbrava a praticidade, rejeitando a utopia, o delírio psicológico de um mundo perceptivo racional. Socialmente se preocupava com a facilitação da vida moderna, com a urbanização das cidades que sofriam mudanças bruscas desde o fim do século anterior com a crescente migração de pessoas das áreas rurais para trabalhar nas empresas e fábricas. Gropius pensava no transitar dessa gente pelas alamedas, assim projetava praças abertas para que as pessoas se locomovessem. Na construção de conjuntos habitacionais que ocupassem o menor espaço e fossem eficientes e limpos, pois já imaginava o que chamamos hoje de Poluição visual arquitetônica e deficit habitacional - é uma espécie de mentor das "COHAB´s" desses mundos subdesenvolvidos, das kitinetes e lofts luxuosos ou decaídos. E ele estava distante racionalização metafísica suprematista ou neoplástica, poderia dizer, bem mais perto dos construtivistas mas Gropius fez da praticidade a melhor ferramenta da introdução dos preceitos modernos das artes e suas expressões, não importasse a quem interessasse. Algo que evidentemente as correntes puramente artísticas do neoplástico, abstracionismo e concretismo não conseguiram.

A Bauhaus foi sucumbida pelo Nazismo, veio outras escolas e seguidores da forma e função. O design, a arte formativa e funcional desencadeou em nossa era digitalizada da mídia de massa, e continua dando frutos, através dos produtos que invadem o mercado (sígnos e semiótica). Pode-se dizer que os esforços daquelas mentes geniosas do passado não foram em vão, pois continuam vivos em prateleiras de lojas high-tech. Na ausência de uma sociedade mais viva a indústria absorveu o conhecimento como herança na pós modernidade. Como qualquer herança, é maldita, pois nutre na atualidade falsos ideais de liberdade e ação, na verdade, aprisionam grupos e segmentos da sociedade, incapazes de ver o lado exterior da coisa - se deixam levar pelo tempo, o ser e estar é mais importante que a transcêndencia. Benjamin previu o imediatismo do tempo presente. Os intelectuais de Frankfurt também. Alguns autores de literatura e filósofos seguiram a mesma trilha. Mais tarde a Pop Art nos anos 60 falara sarcasticamente sobre o homem e a fama, definitivamente encerrando os caminhos de vanguardas inventivas.

O cenário do passado, com suas inovações e o presente sem surpresas e genialidades, resplandece um vazio existencial (idéia bergsiana). A arte não se fez apenas com pinturas, há de existir sempre os teóricos responsáveis por construir ou repassar o pensamento que vem antes da realização (os ready-mades de Duchamp por exemplo). Pergunto: será que Duchamp buscava essa explicação pra sua obra interventora nos anos de guerra? Pergunta retórica, sem resposta. No passado os artistas como Van Gogh (não somente ele) viviam suas respectivas obras intensamente, eram artistas e teóricos, escreviam os manifestos, propagavam idéias, criavam e destruiam, tinham as ferramentes nas mãos, o drama na consciência. O vazio existencial no tempo presente está reverberando em gigantescas caixas acústicas. Ouvimos berros, são nossos próprios gritos, gritados anos atrás, mas parecem tão recentes que arrepia e nos causa calafrios, e nosso atraso perceptivo nos impediu de nos escutar. Nosso vazio é nossa própria incompreensão do simplismo objetivista e abstrato de Mondrian, Max Bill, Kandinsky, e quando ficamos ultrajados diante da afirmação que arte pode ser algebra. Mais comum do que se costuma pensar. E nos indagamos a respeito do pensamento comum -"onde entra a emoção afinal?" - indagação muitas vezes pérfida e autoritária, sequer percebemos a qual forma tratamos as emoções, tão arbitrariamente. Eles, os velhos pintores de linhas retas horizontais e verticais ou formas inorgânicas eram únicos por enxergar além; a emoção na simplicidade. Algo que o contemporâneo parece estar e assim desejar impedido.
E eu vou buscando perguntas, porque respostas não me interessam. Nas imagens duas telas de Mondrian.

terça-feira, novembro 04, 2008

mundo mundano

Continuando a saga da futilidade que se tornou nossa vida - enquanto astrônomos buscam vida inteligente fora da Terra, eu desisti de buscar vida inteligente dentro da terra, de carne e osso, deveria olhar pro céu, mas sinto dores no pescoço, resultado de noites pessimamente dormidas - descubro beirando aos 30 que sequer dormir eu consigo, esqueci como se deve ter uma boa noite de sono, exceto ao tomar uma dose dupla de relaxante sedativo. É motivo suficiente pra desanimar - a Bienal de Artes está desanimadora, a conversa com pessoas muito pior, ainda prefiro um dialógo monólogo com minha pastora alemã num passeio a tarde. Vez ou outra tenho desejos materialistas, tão passageiros quanto as nuvens negras de chuva ou calor que brotam e desbotam em pálidos cinzas no céu de São Paulo. Eu não sei, teimo em pensar, deixar meu corpo e flutuar acima da humanidade e dizer - "e aí é isso mesmo" - me interrogo, tento me direcionar em algum rastro ou rumo confiável, funcional, tento me concentrar nas minhas pesquisas acadêmicas, o mestrado, o filme que estava produzindo e tive de interromper por conta da entrega de trabalhos e "papers", tento ver um futuro nisso tudo, alguma razão em se fazer - estudar tanto pra que, de repente acordo numa manhã qualquer com essa mosca zumbindo em meus ouvidos - desconforto total. Olho meu rosto no espelho, geralmente acordo com aquela feição de ter passado dias na esbórnia em algum prostíbulo cercados por putas francesas e austríacas cheirando a perfume de mulher e bebida - só mesmo aparência. Tenho estado apenas mergulhado em mim mesmo, nada de luxúrias e esbórnias, mesmo assim meu estado cansativo não passa. Definitivamente não vejo alternativas. A solução é ir vivendo aos barrancos e dando trancos e pontapés.

sábado, novembro 01, 2008

reino das letargias

Antes de soltar um artigo teórico, que não sei pra que serventia terá, queria dar dois dedos de prosa; ninguém aguenta mais ouvir de eleição americana, que termine de uma vez, pra aqueles que desacreditam do ser humano, ganhe de uma vez aquele que o povo de lá escolher - mas é uma tortura ligar a TV durante mais de um ano e ouvir falar somente disso - pior que as novelas da Record (show de horror que chamam de dramaturgia). A vida mundana está uma chatice, celulares que não param de tocar, gente fumando, piadas idiotas, o mundo apressado, campeonatos esportivos, corridas de carro, todo mundo concorrendo, competindo, acelerando, debates e festivais (é muito papo) pouca inventividade. Realmente nasci no tempo errado, esse mundo de hoje não é pra mim. Alguém tá curioso pra saber quem eu votaria nos EUA - bem Obama pra ser diferente daquela merda de Bush - não dá pra votar em outro, especialmente com a vice do republicano - a tal governadora do Alasca, é bonitinha, mas bem ordinária (e fútil, presta uma imagem estúpida à mulher americana) e do resto do mundo. Evitando tomar as pílulas que fazem dormir. Se eu demorar é porque errei na dose e morri de overdose. Depressivamente cansado.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Gullar


Já devia ter falado sobre Ferreira Gullar, é um mestre para mim, na verdadeira concepção da palavra mestre - professor mesmo, aquele que ensina ou transmite algo. Tantos professores que tive que me falaram a respeito da Arte Moderna e Contemporânea, mas fui compreender e mergulhar na estética (subjetiva dos movimentos objetivos) na percepção da arte visual do século XX com a obra didática e analítica de Gullar, composta por artigos que ele escrevera no Jornal do Brasil nos anos 50 e 60, reunidos após em livros a partir da visão dele, como artista visual, pintor, participando do movimento neoconcretista, ele foi personagem, crítico e teórico no presente momento da história, daquele que possivelmente foi o último movimento de vanguarda na América Latina. Pra não dizer, que as Artes Plásticas encerravam suas atividades sob aspectos de "inovação, praticidade". Além de intelectual da arte visual, é escritor e poeta. O homem é história viva.
Caricatura de Luis Carlos Fernandes.

quarta-feira, outubro 29, 2008

A problemática da conversa contemporânea


Preste atenção em seu amigo/colega, de trabalho ou de vida pessoal, seja num café, restaurante, comendo uma massa ou um pudim de leite ou um Flan em calda, seja como for, veja se a pessoa lhe compreende, se prende a atenção dele naquilo que você diz ou reproduz, através de uma estória, que nessa altura já poderá ser história - a resposta é: NÃO. Ele não se prende no que você diz, e todo tempo tenta rebater aquilo que o outro está dizendo, para contar uma outra estória, melhor e maior.
As pessoas estão assim, conversam com celulares tocando, entre papos sérios ou ridículos. Quer dizer, há entropias diretas e indiretas, e o desejo de sobrepor o outro é maior do que o desejo real de ouvir, sentir e refletir naquilo que o outro reproduz através da experiência do outro. Ou seja, o outro não significa nada na sociedade atual; há um desprezo pela vida do outro, por sua contribuição. As idéias do outro são ignoradas, isto acontece por muitas razões que somente uma pesquisa poderia determinar, não fiz pesquisa alguma, portanto não vou enumerar nada, mas percebo, tenho essa perspicácia, enquanto tento dialogar (nas raras vezes) com um outro alguém, mentalmente espero por uma interrupção, do apressado(a), em me rebater, se fazer maior e melhor, sobrepor sua experiência sobre a minha, rebaixar o interlocutor, elevando-se, como se a relação inter-pessoal fosse um combate, sem espadas e escudos, mas por entre palavras, verbos (de ação).
Não há cumplicidade entre ditos "amigos e parceiros" e também casais ou parceiros amorosos. Ninguém está preocupado no diálogo, na troca de ideais, objetivos, aprender pela experiência alheia, etc. Isso tudo já era, não pertence mais a sociedade ultra veloz da era atual. Foi banalizado pela competitividade dos humanos, uns contra os outros, e talvez não se poderá retomar tal vivência. Jamais o ser humano esteve tão só. Tão distante de si mesmo. Eu, por mim, me sinto exausto e desistindo (ou ja desistido), das relações inter-pessoais, os estragos em mim estão aí, não tem retorno ou revival. Tanto quanto esse blog que não tem razão. É um passatempo à toa. Converso com minha pastora alemã, com cães vira-latas nas ruas e paredes.
Na foto Marlon brando conversando com seu cão, o maior ator de cinema americano, em 1951 (foto já reproduzida aqui, num ensaio que fiz sobre fotografias de gênios do século XX).

segunda-feira, outubro 27, 2008

Picharam o vazio da Bienal de Artes

Tenho pensando e pesquisado sobre as artes plásticas dos últimos 15 anos, embora não tenha conclusão alguma, por enquanto, a verdade é que não haverá conclusão - a arte contemporânea é uma ressônancia do moderno e pós moderno. Mas a ação de grupos de pichadores, e então vez a dúvida cruel, são ou não interventores urbanos, como se define certos grupos e artistas visuais da chamada "street art". Que sejam ou não, parece tudo muito orientado, de repente se joga na mídia cujos tentáculos são na atualidade infalíveis, pois bem, se fala na mídia do famoso segundo pavilhão do prédio no Ibirapuera, tradicionalíssimo do seu Oscar Niemayer que ficaria o tal pavilhão vazio - O espaço do vazio. Eu que sou pastor alemão, treinado pra desconfiar, já achava estranho, mas com essa reação pichadorística, me parece coisa tratada nas surdinas, e se for, poderá ser considerado como uma arte performática, afinal, os artistas plásticos fazem coisas mais ou menos malucas e impensáveis no que se refere à Arte Conceitual, que é outra coisa complicadíssima, que mesmo pra quem vive entretido com pesquisas de artes visuais contemporâneas é um treco muitas vezes inexplicável - que não cabe dizer nada. É claro, sempre existirão críticos e professores que falam e dispersam idéias em textos analíticos que confudem a cabeça de qualquer um - inclusive a minha (devo ser honesto).
Se foi ou não um ato premiditado, deu certo do ponto de vista exposicional, rendeu uma boa mídia espontânea, e isso nos remete ao tão falado e criticado Andy Warhol, por suas idéias absurdas que deram início a tudo isso aí - desde a street art, inclusa no movimento Hip Hop das periferias, aos interventores urbanos tão "fashion" nesse século XXI e a eterna briga de pichadores "outlaw" e artistas visuais recém saídos das universidades pagas, de cursos de DI e Publicidade (vou me esconder dentro de um saco de pão) e se julgam artistas. Bem, isso soou irônico, mas não é ironia. A arte do vazio não está num pavilhão, talvez esteja nesse mundo todo globalizado (e chato). Falarei mais disso noutra vez.

sábado, outubro 25, 2008

E por acaso desisti

Estou com um cansaço mental da humanidade. Já não me interessa os papos em grupos, em torno de mesas de bares e restaurantes, repletos de exageros e discrepâncias, a cerveja (eu odeio cerveja, tenho nojo) que desce a garganta e ludibria o cérebro; ninguém está conversando, trocando idéias, cada qual conta vantagens e aventuras. Ao redor de um grupo de homens e mulheres não há espaço para perdedores e fracassados, frustrações ou desânimos. Todos devem ser fortes, otimistas, sonhadores, esperançosos. Não sei quando se deu isso, mas não há espaço pra mim nesse mundo (será o mundo pós moderno ainda?)*.

Tudo que não sou é otimista, sonhador, feliz o tempo todo, não sei esconder frustrações e desânimos e detesto ouvir piadas idiotas, gozações alheias, ou histórias sobre as últimas férias de fulano, beltrano, etc e etc. Esse papo furado não me interessa mais. Não me satisfaz. Não há mais espaço pra inteligencia, pra poesia, nada.

Ficou tudo restrito a uma mesa de bar, celulares sob a mesa, pessoas que não se bicam e distantes um dos outros (porém sentados ao redor de uma mesa redonda) munidos de suas taças de caipirinha e cerveja, fumando, misturando a nicotina com perfume Hugo Boss ou Dolce Garbana comprado à prestação, eles sequer escutam uns aos outros, homens e mulheres apenas falam, despejam adjetivos e gírias para se auto promoverem - e cada um rebate o que o outro diz, com uma história melhor, mais engraçada e sempre tem um alguém (o bobo da mesa) para animar a reunião, com alguma outra história hilária ou quebrar alguma tentativa de se falar algo inteligente com uma piada de português ou de "bicha"; quando não uma piada de "preto" demonstrando sucintamente o quanto nossa sociedade é preconceituosa e pouco se importa com o respeito ao outro (a frase perco a amizade mas não perco a piada, diz bem isso).

É, pois é assim que a massa vive e caminha, incoerente e iludida, fazem fila em bancas de jornal para comprar uma porcaria de um ship de uma nova operadora de cel, que dá não sei quantos meses gratuitos pra se falar ao celular - afinal, o que desejam falar mais?? Se ninguém sabe o que dizer?

Definitivamente isso não me atrai, nem a beleza das mulheres atuais, cada vez mais bonitas graças aos milagres contemporâneos, de roupas que levantam a bunda, os peitos, coisas que alisam cabelos, enrolam, desenrolam, pintam, colorem, etc. Ninguém mais é puro, nem de alma, muito menos de corpo. O sorriso deve sempre estar no canto da boca, porque é proibído não ser feliz.

*Apesar de estudar muito a História da Arte, como artista visual e historiador da arte, eu desconfio que não há um crítico e teórico da arte na atualidade que saiba finalmente dizer o que estamos hoje fazendo nesse mundo (sequer conseguimos desvendar o cubismo, quanto mais hoje, uma Era de vazio e muita entropia) - chiados e grunhidos.

terça-feira, outubro 21, 2008

Down in my hole


A trilha sonora dessa foto só pode ser Layne Staley cantando "down in a hole" em seu acústico funeral, quando a maior parte dele já estava em outro mundo; no palco só restavam dele as melancolias e a solidão. Exatamente como essa minha foto.
Poderia dizer que é um tipo de Requiem, como Mozart deixou seu Requiem inacabado, quando ele já morto, mas vivo, mas morrido, mas respirando, sabia de sua ida, em breve. E foi.
Vivo escrevendo meu requiem. Certeza só tenho que ficará inacabado. Como um acústico; nunca termina.

quarta-feira, outubro 15, 2008

lifeless as a vulgar display of power


Estou tentando fugir da vida, fugir desse mundo. Mas a vida me pega na esquina. Puxa meus pés, me arrasta e eu arrasto ela. Alguns malditos laços de família não se desamarram. Eu não quero apenas desatar nós enfurecidos, eu quero mesmo arrebentá-los de vez e esquecê-los. Os psicotrópicos não me servem mais. Não apagam a memória, assim como a lixeira do Windows também não apaga totalmente os arquivos deletados, que ficam num canto obscuro do sistema. Por mais que eu ande, não consigo fechar o maldito ciclo. De primavera em primavera, ventos e chuvas e mil sóis irradiantes. Nada muda de verdade. Pensando minuciosamente, nada muda nessa vida. E ninguém se transforma. Verdadeiramente.

domingo, outubro 12, 2008

blog novo

"Reflexões e pensamentos sobre Arte Contemporânea" - deverá ser um outro espaço que devo criar para pensar sobre essa coisa que chamam de contemporâneo, mas ninguém sabe ao certo, muito menos eu sei sobre isso, que estamos vivendo, e somos incapazes de escrevê-lo. E não adianta dizer que é justamente isso o contemporâneo - o incompreensível, a anti arte teórica, ou o Inominável (nada a ver com Beckett). Toda vez que escuto isso, sobre nossa atualidade, soa como uma ignorância em não saber determinar e articular o presente no espaço histórico. O que é um fracasso atual - que deverá ser. Afinal, o que é a presente vida, na era digital de alta tecnologia e ultra velocidade de informação ?? Será que somos mentalmente mediocres que não podemos entender essa joça? Eu vou arriscar.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Próxima parada (assim se a Fapesp deixar)


Não me lembro quando pensei em mim pela última vez - digo pensar como ser humano, como membro da sociedade e através de relacionamento inter-pessoal. No momento a humanidade não passa de um instrumento para minhas pesquisas e projetos. Uma interação mediana, pouco minuciosa. Minha tese de mestrado ocupa boa parte do tempo cerebral diário. A partir dela, farei um ensaio sobre cinema soviético e cinema cubano na era comunista de Fidel Castro (em 2009 visito Moscou, darei um "oi" para a múmia de Lênin). Além de tudo isso, trabalho numa pré-produção de um curta metragem ficcional, cujo roteiro também é meu. Paralelamente trabalho com artes visuais experimentais, literatura, performance e video arte. Penso, penso todo tempo. É um pensar constante. O prazer parece que me foi esquecido, roubado, extraviado de mim. Não importa, não faço por dinheiro, até porque não ganho nada por trabalhar com arte visual, isso não me dá um salário ou coisa assim. O mestrado me paga a bolsa, é o suficiente. Consigo tempo para não ser um escravo diário de um emprego com patrão, metas, bater o cartão na catraca de manhã e a noite, ser um gado numa boiada urbana. Tudo que nunca quis ser. O preço que pago é pensar todo instante. E não acabou, penso em criar um Grupo de Arte Contemporanea - dança e teatro e adaptar Kafka, Beethovem, Mozart, Balzac, através da perfomance musical abstrata, etc e etc (preciso encontrar coreógrafas além de tudo). Me pergunto - aonde vou fazer tudo isso - respondo - num quadrado qualquer desse mundo, mesmo que seja para às moscas.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Não a bossa, sim ao tango

Sem revanchismo nacionalista, mas é o tango que me diz algo. Não me diz nada a bossa nova de Tom, Vinícios, João Gilberto. Também não vejo a bossa como uma música que ecoa por São Paulo. Deve ser a música do Leblon, do Rio, de quem nasce lá, mas aqui não. A lenga lenga minimalista e "desafinadamente afinada" da bossa não me satisfaz. Em música prefiro a melodia com energia, a sensualidade, exatamente o que tem o tango, o flamenco, entre outros. Respeito o carater histórico da bossa, como criação genuinamente brasileira, mas não escuto. Do minimalismo prefiro mesmo que este esteja na arte plástica, no teatro; na música não. Eu sou um tango dramático cujo fim não vai ser uma porra de um entardecer de Copacabana.

quarta-feira, outubro 08, 2008

A Estética da Dúvida

Alguém matou o Czar. Sangue pra todo lado. Revolução vermelha. Erguem-se as fábricas. No chão cinza e áspero, calorento e desumano eles, homens sujos de gracha trabalham e não sabem o que lá em cima nas salas encarpetadas, homens do cérebro fazem tomando vodka gelada na fria Moscou revolucionária.

Obsecados pela máquina, gozam nas primeiras jeringonças masturbadoras. E depois escrevem noites inteiras, sobre o dinamismo e a objetividade das máquinas e o perfume entoteante do óleo que consomem. O construir é mais importante que o alegórico. A metafisica e o romance ficaram para o século anterior. O mercado é amaldiçoado, a máquina endeusada, rogam pragas aos comerciantes e capitalistas. O cinema tem de ser o vertoviano verdadeiro.

Sem emails ou iphones, viajam idéias por cartas e telegramas. Na Alemanha um russo que inspirou os soviéticos (a geopolítica é absurda) retorna de um passeio à terra natal cheio de não- idéias. Nasce o design funcional e extremamente simplista, nada de ornamentos - cultuar a frescura é antiquadro. Sem querer, os revolucionários, de Tatlin à Gabo deram um combustível fenomenal para a indústria e o consumo de massa.

Graças a isso, hoje milhões de carcaças falantes gastam seus créditos pessoais em lojas de departamento, pagam juros em prazos de anos, para comprar bugigangas eletrônicas nascidas na Bauhaus, no De Stjil holandês, no design alemão suiço, franco, belgo, inglês que está inserido nas capotas, lanternas e spoilers de nossos carrões turbinados de gasolina, responsável entre outros fatores pela crise que faz nossos líderes e ministros inteligentíssimos esticarem suas sombrancelhas e suspirarem com as quedas das bolsas e o medo da falência humana. De repente, tudo vai falir.

E isso porque não enfiei Duchamp no meio disso tudo. Inté.

terça-feira, outubro 07, 2008

o amor se fodeu - desistências

Nos últimos tempos tentei as sadomazoquistas, as executivas, as inconstantes, as devassas, independentes, intelectuais, reprimidas, extrovertidas, mas nenhuma foi melhor que um bombom de licor numa taça de sorvete de creme e chocolate.

É a Estética do Tédio.

domingo, outubro 05, 2008

desgovernado

Não vai ser através do voto que vamos melhorar coisa alguma. Seria preciso uma evolução humana sem precedentes na história da civilização. Enquanto "jingles" e "vinhetas" bobinhas guiarem os votos obrigatórios de nosso sistema democrático, enquanto promessas virtuais e popularescas serem ainda fator principal na escolha da votação, não haverá mudanças reais e absolutas na sociedade, seja numa metrópole como SP ou numa cidadela qualquer.

O voto é muito bonito e foi um exercício pós ditadura, mas passado esses anos todos o que fica é uma sensação de idiotização, de falsidade, por parte dos políticos e por parte do eleitor. Votou-se na mesmice, nas "palavras de ação", discursos herdados dos velhos políticos, que já nem sabemos mais se pertencem as "velhas oligarquias - ou não tão velhas assim". Até isso ficou complicado. Verbos no infinitivo e uma compra de votos indireta por baixo dos panos de mesa quadriculados num almoço típico brasileiro - feijão preto, salada de alface, arroz, farofa e suco de maracujá pra acalmar.

Nenhuma mudança real, enquanto cada infeliz que habita esse mundo, mundo-cidade, mundo-bairro, mundo-país, mundo-mundo mudo, não tiver uma mente aberta à reflexão além da ganância em ter e possuir consumir engolir vomitar e arrotar.

Porque infelizmente depois é só usar um líquido bucal que mate os germes e tudo fica limpo. Pronto pra mais uma feijoada e cervejada. Eu não acredito mais em humanidade, com 7 bilhões de andantes na superfície. A justiça dos deuses não serve pra esse formigueiro de parasitas.

sexta-feira, outubro 03, 2008



Alexandra Maria Lara, atriz romena vivendo Jung Tradl, secretária alemã de Hitler em seu derradeiro fim - ela se salvou pra contar a história que fez o grande filme - A Queda de 2005. Boas recordações, ela é belíssima. Grande Bruno Ganz, como o próprio Fuhrer encarnado.

Ganhei um ânimo qualquer pra seguir meu mestrado, indiretamente tem a ver com o período. No final dele, servirá pra um bom documentário. Um dia falo mais.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Como ir da Rússia de Lênin até Cuba de Fidel numa tela de cinema construtivista, maquinária e hiper idealista ???? É o que estou tentando projetar no meu projetor czarino. Uma encrenca só.

domingo, setembro 28, 2008

um requiem dominical

Dona Maria morreu. Num domingo. Hoje. Pensei - dia melhor pra isso não há. Ela tinha 88 anos. Morreu dormindo no hospital. Levaram-na, com dores no peito. Cada órgão foi parando, como engrenagens cansadas duma linha de produção. Primeiro o coração batia com dificuldades, depois o pulmão reteu água, porque os rins não funcionavam direito. O cérebro, perfeito, mantinha sua lucidez, em torno dela, os filhos e netos. Ela numa vivacidade replicava - "precisa podar o jardim, já marquei com o João, o jardineiro, vê se ele pode vir na terça - não esqueça de pedir pra ele ensacar o entulho e por para o lixeiro levar". Ela ignorava a morte com lucidez. Os filhos e netos acenavam um sim com as cabeças, cabisbaixas. Antes de adormecer para morte, ela serenamente falou -" não queria morrer, mas não tem jeito. O jeito vocês sabem. "Ela dormiu, morreu tranquilamente. O melhor da vida é no fechar dos olhos.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Realmente o mundo virtual é uma mentira. As mulheres de 40 cada vez mais se parecem com as de 20. Lindas e gostosas - e vazias. Evazivas. Sempre me deram espaço - eu sempre dei preferência às balzaquianas. Milagres da cosmética e da indústria da moda - elas voltaram a juventude - acabou o brilho da maturidade. Venceu a mesmice. O tempo contemporâneo é tão chato que é difícil encontrar tema para se estudar - os mestrados e doutorados ou viajam na metafísica ou retornam ao passado - lá vamos estudar Machado, Guimarães, Balzac, Shakespeare, Platão, etc. Eu por exemplo estou na União Soviética de Stalin e na Cuba de Chê. Não me entendam, por favor. O presente depois de Bin Laden acabou - a arte morreu - graças à Alah !!!! Quem buscava a obra máxima da Arte perdeu pro barbudo lunático. Os terroristas que sequestraram aqueles aviões - como é que chamam - não possuem nomes - ah, são MARTIRES DE ALÁ. Bem lembrado, só mesmo Alá pra dar-lhes o crédito. Acabei de ver "Paradise Now" - um filme palestino sobre a guerra com Israel. Moral do filme, sempre há um filho da puta para pedir teu sangue. Sempre há um fodido metido a mentor e líder para guiar fanáticos para a morte. O mundo é essa merda; o resto dele é silêncio.

O melhor da vida é quando todos dormem. É como a morte.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Vim cá, Gerald Thomas me linkou em seu blog(dele). Daí lembrei disso aqui, me lembra muito minha última "video arte" chamada - A Casa dos Fundos, em que filmei um casebre abandonado ao tempo, ao vento e a chuva, que finalizei, mas desgostei tão logo, a edição final me broxou. A casa dos fundos é um lugar com vida mas morto. Exatamente esse blog. Sei lá, não sei mais.

Terminei recente um "pseudo ensaio" com algum toque de rapsódia sobre a Nona de Beethovem. Foi uma idéia absurda que tive depois de ver a Orquestra Acadêmica sob a regência de Kurt Masur interpretar a obra célebre do genial compositor. Lançei-me numa pesquisa "razoável" sobre a obra e a vida de Beethovem durante os 10 anos finais de sua vida, para compor sua "nona" e ainda vivo apresentá-la na Alemanha no ano de 1824. Essa experiência acabou me inspirando pra concluir esse ensaio futuramente de uma forma mais completa e íntegra. No momento preciso concluir projeto de Mestrado e outras coisas. Mas sempre fico com a sensação de "incompleto", de algo não feito, que deixei por fazer ou simplesmente não fiz.

Diabos.

Enfim, isso aqui morreu. Mas não acabou.

Volto qualquer dia aí de chuva.

segunda-feira, setembro 15, 2008

tudo muito chato

Saber do mundo é uma chatice. Época de eleição pior ainda. O esporte e o futebol também. As mulheres cada vez mais parecidas com homens; chatíssimas. A vida na cidade grande é péssimo. O trânsito, nem precisa citar. As multidões, todas emburrecidas. O ser humano, sei lá. Será esse o mundo que devo conquistar? Fazer o que depois, quando Ele estiver em minhas mãos? Não sei mais... Quero ir embora!

quinta-feira, setembro 11, 2008

Enfim...


terça-feira, setembro 09, 2008




quinta-feira, setembro 04, 2008

Para que escrever? Hoje tem tanto concurso e festival de literatura e cinema, parece ter mais realizador, escritor, produtor do que leitores e expectadores. Quem afinal vai ler e ver a arte contemporânea. E pra que serve arte nessa atualidade tão bonita de plug ins e cel phones 24 h connected num mundo cada vez menor. Quem luta por alguma coisa a não ser o sustento próprio e o churrasco de fim de semana. Vou por um conto meu numa coletânea de contos que ninguém vai ler porque os autores são desnecessários, desconhecidos. Os blogs parecem ser a Nova Literatura e os you tubes o Novo Cinema - tudo muito "mixed bullshit and shaked asshole.com"

sábado, agosto 30, 2008

As causas perdidas procuram seus fins

Já não sei onde está o fim. Nos anos de Guerra fria o fim era uma guerra nuclear entre EUA e URSS. Guerra de siglas. Em eleições seja aqui ou na America é uma guerra de palavras de ação - e outras siglas. De Marta ao Kassab, passando por malufs e tucanos - todos eles pintam em produções de cinema cidades perfeitas - são AMA´s, CEU´s, PAS, ETEC´s, etc. Deveria cada um ter seu ano no mandato - 1 anos pra cada um. Assim um entraria e depois destruiria tudo que o outro diz ter feito. O Kassab fode com o CEU´s, depois a Marta fode com as AMA´s. O Geraldo fode com as Policlinicas e o Maluf fode com tudo (e tudo superfaturado). No final é a cidade a grande fudida. Ah, esse blog morreu fudido. Não tem mais jeito. Nunca teve jeito.
O fim é o mundo que merecemos. Bilhões de pessoas perdidas, não sabem se consomem ou preservam. Ainda é um mundo de fantoches políticos - mas se pensar na revolução francesa não era diferente. Os líderes tocavam o terror abertamente, só isso distingue de hoje. Aquele papo que era por um bem social - sei não. E terminou numa monarquia imperial, assim como na Rússia de Stalin e de Cuba, etc e etc. Que cansaço. Que papo furado dessa elição americana Bush Mccain versus Obama. Que repetição.Não tenho musas, não tenho poesias, nenhuma. Já procurei, talvez tenha guardado num cantinho escondido. Mas não, só encontrei poeira de escombros nesses cantos e recantos. E sinceramente não faço questão de reencontrar tais poesias. Já des[gosto] de tudo isso. Não admiro ninguém mais. Não conjugo mais esse verbo. E que o mundo gire, que a vida rode, que as coisas fluam na vitrola. A lógica conformista parece ser a nova ordem do Mundo. Quem diria, enfim. O conformismo é o fim dessa conta.

quarta-feira, agosto 20, 2008


Ivanice Saito, coreógrafa.

domingo, agosto 17, 2008

my house on Mars


terça-feira, julho 29, 2008

Queer Fiction (Ensaio)



QUEER FICTION - Ensaios - vejam aí e se escandalizem. Eu vou embora. Tchau.

segunda-feira, julho 21, 2008


sexta-feira, julho 18, 2008

esse blog já era



Exausto. Os sonhos não sonham mais. Eu que adoro Sandman - me abandonou o rei dos sonhos. Dane-se. Tudo está estagnado, não tenho mais idéias e esse blog perdeu a razão de ser - durou foi muito dois anos - será mais outro lixo digital que estamos nos acostumando a produzir, além do lixo urbano. Deve ser meu segundo ou terceiro blog que se torna ruínas, quer dizer, ENTULHOS. Sim, porque ruína é muito "chique", isso aqui tá mais pra entulho mesmo. Vou telefonar pro Papa-Entulho mandar pra cá uma caçamba de entulho, dessas aí. É hora de desistir novamente.


terça-feira, julho 15, 2008

et moa, c´est qui?


Barry McGovern - fez Malone, Molloy, de Becket. Porque boto ele em cena - porque me sinto Malone dies ... o personagem no fim de Beckett. Ah, que preguiça (Macunaíma).
Minhas desvontades me afrontam. Não tenho ânimos para coisas da vida mundana. Essa cidade, tão grande, tão cheia de coisa - nunca vi tanta exposição, tanta Mostra se amostrando - é cinema latino, europeu, asiático, é feira de livros lá e acolá - festival de teatro, música contemporânea, show de tango. São tantas ruas e avenidas, 6 milhões de carros, uma renite que entope meus neurônios de Muco - quando me deito no travesseiro os fluídos viajam por minhas entranhas trancando garganta, narinas, cérebro, sinto uma dor no fundo dos olhos (será que isso é sinal de alma - karma)
E de que adianta, tanta diversidade, só tenho adversidades. Nada anda ou desanda, até para isso é preciso dar um passo (nem vale Jonnie Walker - a Lei seca ta aí). Mas eu não bebo, no dia que tiver de fazer não beberei cerveja (coisa nojenta) e sim uma taça de vinho e um belo coquetel Heath Ledger (coitado do Batman - ficou tão pequeno diante do Coringa avassalador). Pensem, porque eu vou despensar.

sexta-feira, julho 11, 2008

Pressa

"Tenho uma pressa enrustida. Uma pressa em ser. Quero partir tão logo seja".

Eu não sei, afinal meu tempo tem caminhado tão distinto da humanidade. Os outros - eu esqueço deles. Sempre. Observo apenas, de fora, isso não é um conto estória, é um aspecto, somente meu, tantas vírgulas, não quero parecer poético - estou cansado. Meu tempo pairou numa estação qualquer. O vento passa e leva folhas amareladas de alguma árvore. É tudo uma impressão de movimento. A sombra da árvore vai e vem, com o movimento do Sol. Novamente, apenas me impressionar, como se o mundo quisesse me dizer - estamos vivos e movendo, girando, eu desacredito.

Vozes falam, não para mim, pra outros, que o interessante do mundo é o próprio mundo. Tantos mundos, eu desacredito. Desacreditei. Pronto, poesia, poema, outra vez. Estou cansado, de monólogos. Mas não quero diálogos. Confuso, complicado. Conto meus desastres. E percebo, graças a eles não me destronei - seja lá o que isso possa querer dizer - pensem vocês.

Tenho estudado francês - por conta. Sem métodos ou cursos. Virei meu mestre e aprendiz. Parece que estou atrás de um edioma qualquer que possa traduzir minhas falas e dar algum sentido. Quem sabe depois venha, alemão, húngaro, russo, árabe, esperanto, chinês, japones. O português e o inglês já bastam.

Nada surpreende. Nada é surpresa. Os tempos de inocência e ingenuidade se foram. Depois disso é só o fim - um fim repetido exaustivamente em ondas radiofônicas antigas, numa frequência perdida ecoando... pra quem quiser ouvir. Estou cansado.

quinta-feira, julho 10, 2008

a vida e suas inutilidades

Em desacordo com a humanidade, percebo-me uma grande inutilidade. Nada que irei fazer, ou esteja fazendo faz diferença, diante dessa banalidade de existência - por exemplo, fiz duas universidades e hoje vejo de fora professores e ex "colegas", nós todos grandes idiotas - deveria ser banido do mundo acadêmico faculdades de Comunicação, especialmente Publicidade, Propaganda e MKT (pura enrolação, embromação) pra "brasileiro ver". Uns 90% dos cursos de pós são caça níqueis, otários que tem o curso pago pelas empresas pra fingir estarem pesquisando coisas, quando na verdade assistem meia aula e o resto passam nos butecos. Eu não aguento mais essa coisa - estamos construindo um mundo melhor. MERDA TUDO ISSO. MENTIRADA. É como reunião do G8 - plantam árvores 8 líderes patéticos do mundo e depois falam que daqui a 40 anos começam a reduzir os poluentes - uma reunião de palhaços para outros bilhões de palhaçoes que somos. As TV´s mandam jornalistas e comitivas pra cobrir essa merda.

Eu larguei essa coisa de publicitário e design porque não aguentava a panca de certos profissionais que pensavam ser SALVADOR DALI do photoshop. Hoje faço vez ou outra algum trabalho de comunicação visual, forçadamente, por sobrevivência - uma droga qualquer pra algum acéfalo visual - aqui no Brasil qualquer coisa organizada em cores funciona. Tô quase filmando porno no fundo do quintal e vendendo popozudas pro Leste Europeu. Qualquer peão de obra e cachorra de funk aceita fazer um filmes desses. Uma câmera, duas pessoas produzindo e distribuindo, ganhando em euros. BANALIDADES POR BANALIDADES, eu daria boa risadas.

Enquanto eu escrevo essas linhas nada poéticas (a poesia também sucumbiu ao idiotismo) o Supremo tribunal Federal expede habeas corpus aos banqueiros corruptos, sonegadores e ex prefeitos ladrões - são presos num dia, solto noutro (rimou - poesia 171)

E depois se candidatam novamente (Maluf, Garotinho, Jaders) e o povo idiota, o mesmo que talvez eu contrate pro meu primeiro filme porno (Gozando o Brasil) votam nesses cretinos. E meus amigos acadêmicos pegam taxi´s na saída da "facul" por conta da lei seca - coisa boa de se ver - mas creio já estar na mira do STF - porque devem achar isso "INCONSTITUCIONAL" - palavrinha do momento, na boca do povo. Soletra aí Luciano Huck ....Inté

quarta-feira, julho 09, 2008

Sociedade da Informação (uma merda)

Dez anos atrás estava indo pra faculdade de Design e depois Comunicação e aprendia via os filósofos europeus o que era a Sociedade da Informação. Os meios de comunicação, as empresas, os gurus da modernidade, palestrantes de motivação, autores de auto ajuda, enfim, essa cambada vendia e vende a idéia que INFORMAÇÃO é uma coisa preciosa, um ouro qualquer, a joia do Nilo, de Marte, da Via-Láctea. Temos aí, jornais, revistas e a TV - UMA MERDA SÓ.

A informação é a mesma faz mais de 80 anos. Uma entropia sem fim. Uma repetição, um sinal que ressoante em forma de ondas elétricas perambulando os satélites espaciais acima de nossas cabeças por quase um século - desde a segunda revolução industrial e o fim da Segunda Guerra. Nada muda, nada diz nada, nada é interessante. E todos nós acreditamos nesses GURUS DE MERDA - esses espertalhões que ganham dinheiro vendendo palestras - Bill Clinton fez 100 milhões de dólares como palestrante desde que deixou a Casa Branca - Paulo Coelho fez outros sei lá quantos milhões vendendo motivação espiritual em livros e se fazendo passar pelo MAGO ex drogado e torturado do DOPS DOI CODI na ditadura. E outros e outros e outros.

O Brasil nesses últimos séculos foi GRANDE NA CULTURA. Teve no século 19 um Machado e no 20 um Guimarães Rosa. No meio do século, inventou a Bossa - quando tudo musicalmente parecia resolvido. Teve Arte Concreta dos irmãos Campos - mesmo não passando pela Renascença, Barroco, Neo clássico, Fotografia, Realismo e finalmente o Impressionismo, o Brasil fez sua Arte Moderna com Mário de Andrade e a Semana de 22 - depois Oswald refez a Arte moderna com o Antropofagismo. No teatro tivemos Zimbisky, temos Antunes Filho, Paulo Autran, Zé Celso, o antigo TBC, etc.

E graças a essas mediocridades do mundo otimista aglutinamos tudo na TV - essa MERDA que faz novelas podres, programas comerciais podres, artistas podres de capas de revista - que nas horas de folga visitam a Disney e apresentadores de TV que frequentam as cadeiras dessas merdas de palestras. Toda essa revolução do Brasil ficou restrita aos livros empoeirados nas estantes de bibliotecas, que poucos CONDENADOS como eu acessam e dão algum valor. No mais as pessoas estão aí assinando jornais e revistas - porque desejam informação - alguém disse aos idiotas que isso faz diferença. Ah, claro, com acesso exclusivo por celular wirelles (não tem coisa mais cafona que isso).

segunda-feira, julho 07, 2008

ANO II - "Aqueles dias"

O que foi você, assim
o que foi a vida, enfim
sequer pude notar sua placa
passou por mim acima da velocidade
lugar indefinido, sem pronomes possessivos
nada de Minha ou Meu
poucos rastros e vestígios
a polícia científica se espantou; nada
contratei os melhores detetives
vacilaram todos
eu cansei, desisti.

Vaguei em campos esbeltos
sem flores mas com multidões
nada diziam, minha língua ficou escassa
arcaica, de repente falo grego antigo,
não há quem possa entender
tempos atuais se fala linguagens digitais
me tornei uma múmia viva
com um ou mais fantasmas
sim, vocês duas aí, cada uma tão igualmente distintas
lerdo engano, lerdo pensar, que me mata-me mata-me
e sem isto ou aquilo já não posso viver

Procuro desesperadamente por um arquiólogo
traduza meu linguajar em novos alfabetos
transcreva meu pensar, eu sou um recanto empoeirado
uma cidade fantasma, um rancho de mato crescido
há dois anos, todo assim
daí de cima você pode me ver?
tem algo acima de nós, além da escuridão?
prefiro que não
prefiro despensar - dispenso
quero ir, partir e não sentir
nada mais, ser inabitável
uma poeira ao vento,
me aglomerar junto às rochas
simplesmente encerrar
quero deixar de haver, de existir
quanto a ti, vou-te pensar ao desvivido
quanto a outra de ti, vou-te pensar em nossa vida vivida
todas, ambas, na ausência
amor ausente
é meu presente (embora fiquem no passado)

E só. Já não sei !!

Poema/resmungo para duas mais belas flores do campo que cultivei

sexta-feira, julho 04, 2008

ANO II


Segundo ano

Por aqui fazem dois anos. Por aqui há silêncios. Estou em silêncio, sem muitas inspirações, aspirações, vontades ou desejos. A era do "despensar" o mundo e todas as coisas e pessoas. Meu estado faz tempo (é que as vezes preciso fingir) é de desinteresse - estado civil e existencial - DESINTESSADO SOLITÁRIO E CANSADO. Não vou celebrar coisa alguma. Estejam à vontade pra (re)ler esses dois anos resmungados e rascunhados.

segunda-feira, junho 30, 2008

vozes

"tinha sofrido um acidente de carro, ficaria 7 meses no hospital, e acabava de sair uma nova edição de Sagarana, que depois transformaram em vários livros de contos, eu aproveitei pra ler o livro todo - o conto de Miguelim, lá perdido no sertão, um viajante vendedor de óculos, coloca nos olhos do menino um óculos e ele pela primeira vez pode ver as árvores, as folhas, o rosto da mãe, e aí ele fala - mas mãe como você é bonita - é lindo demais"

Paulo Autran, em depoimento sobre Guimarães Rosa

quinta-feira, junho 26, 2008

vozes

"Eu nunca choro. Eu tinha 3 anos, estava em casa com um gatinho, meu pai chegou e me viu, me agarrou pelo cabelo, e no quintal, matou o gatinho o jogando contra parede, até que o sangue espirrasse em mim - eu ali olhando, e ele gritava - CHORA SUA DESGRAÇADA" - não chorei, nunca mais"

Cleyde Yáconis, atriz

quarta-feira, junho 25, 2008

pele



"O mais profundo da minha pele"

Parodiando Paul Valery

Foto - eu em 2005 (saudade de mim)

terça-feira, junho 24, 2008

Fiquei pensando. Minha mãe teria sido mais feliz se tivesse sido lésbica. De repente ela teria se relacionado com outras mulheres, mais práticas e sensíveis - não se casaria com meu pai (que foi um péssimo marido) e não teria procriado filhos de sangue - eu nem nasceria nessa merda. Daí ela adotava um pretinho numa creche. Depois ela adotaria cães de rua, uns gatos, seria mais feliz. Ela, com seus vira-latas, gatos e seu pretinho (filho adotivo é muito melhor) - os de sangue como eu, não valem nada. É, uma pena mesmo.

segunda-feira, junho 23, 2008

Tormentos. Enquanto a pílula que nos faz desaparecer não é inventada, eu reinvento um jeito de não existir. Já desaprendi a viver. Isso é um fato. E desaprendi a me relacionar. E estou desaprendendo muitas coisas triviais de qualquer ser humano. O jeito que a sociedade se porta, não está em sintonia comigo. Que faço eu? Sumir, feito Virginia Wolf, Torquato Neto, Ana Cristina Cezar, Ian Curtis, Kurt Cobain e...(quem será o próximo) - maldita voz do além.

sábado, junho 21, 2008

trechos

"Eu saí correndo, ele veio atrás, a tarde era quente, mas os ventos já traziam as nuvens. De repente, um toró, desses de fazer tudo um cinza só, e não se via mais as cores do mundo – só corríamos. Duas coisinhas bestas, magricelos que éramos, descalços, nada importava, o dedão do pé estalado de dor, nada, era só correr. Fazíamos as curvas nas ruas, não sei como não morri atropelado, algum anjo corria junto comigo. E chegamos à grande ladeira. De ambos os lados casinhas e casebres, de jardim e garagem, de muro coberto por planta trepadeira, aquele cheiro de feijão no fogo pra janta, os maridos chegando das fábricas, com fome, os filhos correndo ladeiras. Jorginho me olhou e disse – “vambora” "

(do livro Depois do Fim vem o mar - conto de mesmo nome - Mau Fonseca 2008)

segunda-feira, junho 16, 2008

trechos

"No horizonte um breu invade a cidade, cada luz que se apaga é alguém ou alguns se deitando com morpheus. Já é hora de pais e mães buscarem filhos adolescentes nas festas – sintonizam rádios com músicas sem intervalos comerciais - ninguém precisa de locutores. E os bêbados - estes cantam na volta pra casa, junto aos cães vadios em grupos protegidos por espíritos viciados em álcool que circundam bares e botecos. Nas praças dormem mendigos mal cheirosos e suas crias. "

(do conto - Sirenes - do livro Depois do fim vem o Mar - Mau Fonseca)

sábado, junho 14, 2008

trechos

"Tinha uma roda lá, perdida no vendaval. Voou foi tudo, de dinheiro a documento de madame e estelionatário. Mas é dia de feijoada, contra o colesterol o pé de porco e a orelha são pra dar gosto – ninguém agüenta não, na hora de fazer o prato deixa-se de lado os suínos, diz o rapaz de camisa importada e gravata – é pro feijão carregar na gordura. Ah, ninguém mais suporta é a gordura que percorre esses cantos esburacados da cidade. Eu vou e não acompanho ninguém. Sei de cor todas as vielas e alamedas, mesmo quando máquinas arrebentam o assoalho. Das curvas fechadas, perigosas, sei tudo, e no final tudo dá em círculos, te digo, não adianta achar que sabe por onde pisa pra depois dar num lugar inesperado, a sobra é frustração."

(tirado do conto - Meio fio - do livro Depois do fim vem o mar - por Mau fonseca 2008)

domingo, junho 08, 2008

New ways of life

Modo de vida atual - contra insônias - psicotrópicos, não fico mais acordado (só quando vou escrever) - contra o mundo - saber o mínimo das pessoas, incluíndo famíliares. Contra outros mundos - não ler jornais e evitar os telejornais ou debates. Conversar, apenas com minha cachorra. Dar conselhos, nem a mim mesmo. Telefone celular, quebrou. Agenda, prefiro o blog. Música - o tango pela noite. Meu sobrenome estou doando. Em breve quem sabe, venda também meu primeiro nome. O futuro nem existe. Salvar o mundo - é uma cafonice. É, cada dia pior. Se morrer - doador de órgãos.

quinta-feira, junho 05, 2008

O sexo forte acabou (no século 21) agora é sexo flexivel.



Até o século 19 a mulher sofria por amor (pelo amor de um homem, pela ausência do amor ideal, do amor platônico) e isso era colírio dos poetas. No século 20 veio a pílula, os antidepressivos, as minisaias, e a internet. A mulher continua sofrendo por amor, mas com uma diferença - sofre por muitos amores, mas o tempo é tão corrido que nem percebem o sofrimento - as mulheres evoluíram - elas venceram.

Venceram idéias idiotas de categorizar o sexo feminino e masculino - o frágil e o forte. Isso só fez a mulher se subjulgar e os homens se tornarem déspotas hipócritas. Mas no fundo é uma vitória que nada vale - a relação no século 21 ainda é baseada na posse, o que nos coloca diante da verdade - tantas revoluções pra nada. Pela velocidade das coisas, as mulheres são mais flexíveis - abertas pro desconhecido, não se prendem mais em amores ou rótulos de homens ideais, é o tal da - a fila anda. Esses jargões pobres da internet que são repetidos naturalmente é o exemplo que o "filosofismo" virtual PEGOU, feito Super Bonder, e ninguém quer mais sofrer, chorar, porque "a vida é curta" e "deus me disse - desce e arrasa" e as 4 amigas de Sex and the City são assim, sem tirar nem por.

E por isso elas são admiradas por nossas (a de vocês) mulheres daqui da Terra, de carne e osso, mas sem luz e maquiagem. Quer dizer, com os orkuts da vida, ser uma celebridade requintada não é mais privilégio de Sarah Jessica Parker - mas de todas (a diferença fica pelo cachê). E se pintar uma depressão momentânea na mulher de hoje - ela pega sua bolsa de pele de crocô comprada no elegantérrimo shopping Cidade Jardim, e tira de dentro uma establizador de humor, se maqueia, e vai trabalhar, suas 8 horas diárias, pra depois pegar uma balada e - a fila já andou. E os homens???? Esses tão aí tentando fingir que são grandes fodedores de vaginas na caça da selva de pedra.

E quanto ao amor, e a condição de seres especiais - ah isso já foi deletado (ultrapassado). O que sobrou foram carcaças de vaginas e pênis.

domingo, junho 01, 2008


Último cartum que fiz em 2006. A mensagem era pra mim. Fracassei. Tô sem ânimo algum. Inté algum dia.

terça-feira, maio 27, 2008

O insustentável mundo das pessoas

Palavra chave do mundo atual - sustentabilidade. Lugar chave do Brasil atual - Amazônia. Situação chave do ser humano no século 21 - fingir que é feliz. Não sei mais, as palavras daqui por diante não são o certo, nem o errado. Não tirem qualquer conclusão - outra premissa do nosso século - não conclua. Vou descer um parágrafo pra não confundir mais...

Cena de ontem segunda-feira, dia 27 de Maio de 2008 (esse Maio não termina faz 40 anos). Mulher de uns 40 e poucos anos desce a rua correndo desesperada, atrás dela vem o marido, um senhor meio gordinho, de mesma idade. A princípio parece uma cena corriqueira - um assalto, um desses moleques que passa e bate carteira, bolsa de mulher, enfim. Mas não, o marido alcança a mulher, segurando-a pelo braço, contém um pouco o desespero dela, sentam-se na calçada. Surge uma terceira, uma senhora, de uns 60 e poucos, parecia ser a mãe da esposa, ela entra no bolo - conversam. Aparentemente o causo terminaria aí, tudo estava ajeitando, deveria ser um assalto. Passado alguns segundos a mulher enfurecida avança sobre o marido, ouve-se gritos, as pessoas retornam para suas janelas e portões. Ela esbofeteia o marido, que pede "pelo amor de deus pare". Alguém da rua grita - "vou chamar a polícia" e a esposa diz "chama mesmo". Sai alguém para apartar os sopapos - ela então fala - "ele me trai faz 20 anos" o marido foge, corrido, amedrontado. Ela desequilibrada vai rua acima, sem rumo, sabe-se lá.

Cena dois, ontem ainda, mulher bancária dirige na contra-mão uns 8 km, é parada pela polícia e tenta morder e agredir policiais. Vai pro hospital amarrada numa maca, completamente enfurecida. Ela sofre de distúrbios de humor e havia parado com os remédios.

Cena de ontem ainda, aparece na TV o legista do antigo e não solucionado caso do PC Farias, o legista "show man" chama seus amigos legistas de mediocres e aponta que tudo investigado no famoso e dramático caso atual da menina Isabela é falso, errado, equívoco. Deduzimos então que os acusados são inocentes e teria o Estado e o Ministério Público determinado a culpabilidade de alguém para apenas apresentar para Sociedade uma resposta a essa violência - seria o absurdo maior. Ou então, os advogados, lançando mão de vencer a batalha no judiciário, doa a quem doer, tentam cartadas finais pra colocar em liberdade dois assassinos. Mais absurdo ainda, alguém que sequer viu o corpo da menina afirmar com tanto conhecimento e atestar laudos.

É muito fácil escrever laudos hoje em dia...há laudos para tudo, pra todos os gostos, pra descaracterizar qualquer coisa - diante disso, não há mais em quem acreditar, nem na Justiça, muito menos no poder público, tampouco na mídia.

Dentro dessa onda, a instituição familiar entra em oposição ao tema - sustentabilidade. Volte ao primeiro parágrafo. O impossível é sustentar a vaidade humana, sem acabar com o meio ambiente, que já está acabado. A gente fica se enganando, que estamos conscientes do estado do planeta, que nossos esforços individuais fazem efeitos, mas ainda estamos à bordo de nossos carros enfeitando ruas e pontes, em congestionamentos kilométricos, soltando fumaça preta, parados no tempo, no espaço - isso também é mediocre. Já tive acessos de loucura, não tanto como a mulher que dirigiu na contra-mão. Mas já pensei em desligar o carro num congestionamento infernal e sair, à pé, deixando lá o automovel ao deus dará - que se dane - passem por cima se conseguirem (quando fizer isso, eu mesmo me interno).

A sociedade formada numa base familiar é parasita, ela gasta suprimentos, porque se baseia no bem-estar dos seus indivíduos. Num mundo que cresce dois dígitos percentuais todo ano, e clama, morre, por mais e mais crescimento - falar de sustentabilidade é FINGIR que estamos no caminho. Em poucos anos, iremos nos conformar, que a Terra, assim como a Amazônia tem prazo final de validade - iremos viver com o conhecimento de que a raça humana vai durar talvez mais 200 anos. E a conformidade já começou com a política do "carpe diem" alastrado pelas mídias, criando mais consumidores (isso não é discurso comunista). E falando em comunismo - lembrei da China, da tragédia, das mães viúvas de seus filhos únicos, que agora são liberadas pra ter outros filhos (deveriam adotar as meninas chinesas descartadas em orfanatos por décadas graças à pressão do Governo) e pela tradição de preferência de meninos - deixa pra lá, esse post tá ficando chato...

E não adianta defender o anarquismo, já que ninguém quer ser voluntário pra cuidar de suas calçadas, ruas, bairros, cidades, sem receber por isso. Então, não há outro modo de vida, a não ser pelos braços e tentáculos da política (partidária). É um mal necessário, evidentemente, não justificando a roubalheira e canalhice. Mas se o mundo insustentável dos homens vai acabar num prazo otimista de 200 anos, "que mal faz roubar ali, pegar um cargo acolá", prestar um concurso público pra ser funcionário do Estado com garantias vitalícias - vida boa, churrasco (com carvão da Amazonia), cerveja, sombra e samba.

E houve quem falou que o Brasil era o país do futuro - o vértice da humanidade (quem foi mesmo) - não importa, de um jeito ou de outro, estava certo. É o jeitinho do conformismo diante do inevitável - "o fim do homem" (contrariando Falkner) E encerro com um refrão, do Chico Buarque - descreve muito bem tudo isso em quatro versos da música Roda Viva (coisa de gênios)

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

domingo, maio 25, 2008

império das lamentações

Ah, esse recinto mais parece o muro das lamentações de Israel. Um monumento às minhas lacunas e fendas, fechadas ou entreabertas, do passado e presente. Tentei por isso tudo em forma de poesias ou prosas - tenho falhado. O roteiro do filme não saiu. Tenho até perceria para produção, pois não é difícil encontrar quem tenha vontade de trabalhar com cinema, mesmo sem rendimentos, mas eu pouco me concentro. Fico esperando o ânimo surgir de algum fato qualquer, como se o vento empoeirado pudesse soprar minha motivação de algum canto do universo - absoluto engano. A mente humana é capaz de criar suas próprias determinações, seus próprios encantos - exceto a minha que aparentemente sucumbiu. Ah, estacionei minhas criações, não vou pra lá nem pra cá. Olho pro ano anterior, quando estava escrevendo ou pintando sem pensar no amanhã e percebo que o tempo atual de estiagem e vacas magras é a ciranda da vida. Como na econômia, não há lucro que dure pra sempre, nas Artes, não há inspiração que vingue eternamente.

sexta-feira, maio 23, 2008

Salomé na pele de Aida Gomez...


ou seria Aida Gomez na pele de Salomé. O que importa é que esse musical e filme de Carlos Saura que acabei de ver na tela da TV Cultura é belíssimo - a mistura da musica espanhola (flamenco em si) e o enredo do clássico Salomé com Paco Mora (rei Herodes) é belo e sensual - melhor exemplo de sensualidade e exuberância. Mas essa Aida Gomez (que mulher gostosa) aos 40 anos - e como dança, principalmente os Sete Veus - até uma nudez "finalle" provocadora e pecaminosa que evoca a fúria divina.
Cada batida do flamenco pulsa forte a quem assiste e se dislumbra. Dá vontade de dançar esse rítmo que tem no sangue espanhol, mouro e cigano suas essências históricas - a mistura étnica de povos ao longo de séculos. É lindo, parece que esquenta meu sangue (meio latino e árabe)
Enfim...é isso

quinta-feira, maio 22, 2008

Vontade de sumir



Única vontade real, desejo concreto é de sumir. Estou farto da consciência, do realismo, das percepções, do passado, do simples e difícil. Das pessoas farto já estou por muito tempo, das relações também, de pós-adolescentes que fingem ser adultos, de adultos que são crianças, de ideologias idiotas, de livros, de leituras, de filmes, A ou B, de bonito, feio. Sei que é algo anormal, cansar de viver, e além de tudo, querem que eu creia em deus e pense na minha vida pós-morte. Eu não quero ter vida depois da morte, quero perder a consciência, quero ser luz ou energia, ou um grão de pó no espaço - não quero ter forma, figura, beleza, nem ver ninguém, muito menos reencontrar parentes, amigos, nada. Quero ser pedra noutra encarnação.

Cena do filme - Asas do Desejo de Win Wenders.