quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Amo. Com meu receio, com minha
ingratidão, com meu respeito por sua
inteligência, amo do jeito incerto, que
desagrada os leigos - lhe desagradou,
amo enfim, sua liberdade, que tu me
entregaste, amo em ti as sombras passadas,
amo teus passos sinceros, teu ir e vir,
amo te fazer sorrir, amo te fazer intensificar,
amo com meus botões, calculando números
infinitos, amo te fazer pensar, porque quando
pensas fica mais bela, sem batom ou nanquim,
amo te fazer recitar, poemas rimados em arritmias,
e deixar-te esperando dias, porque amo ver-te
ansiosa, sensual, voraz, faminta, desejosa,
e receber tudo intensamente numa noite só,
amo sair antes do galo cantar, pra ver-te dormindo
de camisola, entre lençois, amo saber que ao
bater a porta, tu vais acordar, e amo, deixar-te
com saudade, porque só assim na insegurança
nosso amor resplandecerá.

Amo enfim, tudo que odeias
porque do ódio sempre caberá
o amor.

Escrito, chorado, resmungado, sob influências de tangos,
violoncello, e muita solidão. Só mesmo ela, senhora implacável. Mau.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

e depois da pós-edição...

Hoje terminei o vídeo curta documental ou experimental, que seja. Depois de uns 4 meses de trabalhos, filmagens perdidas, luz ruim, luz boa, luz mediana, que merda, picadas de pernilongo, o Sol que sai da rabeira das nuvens e resolvia estragar meus dias nublados - queria arruinar minha atmosfera daltônica e insólita. Hoje pela primeira vez assisti ao filme em DVD numa TV grande. Até então estava restrito ao computador. Quando o filme deixa o ambiente do PC e passa para TV ou telão é como conceber - nasceu. Fiquei satisfeito, da idéia original se manteve o rústico, a solidão. Ficou diferente do que imaginava. Quando começei a filmar tinha planos e sequências na cabeça. Mantive a imagem chave, aquela que seria consequência para todas. O que vem depois da pós-edição - o purgatório. Festivais de curtas, mostras e o escambal. E nada de You Tube. Descobri que a internet é o grande mal do século. Chega de subsídios aos idiotas.

domingo, fevereiro 24, 2008

um comentário...

Um comentário sobre pessoas, colegas, de trabalho, de vida. No segmento da comunicação existe um sentimento de perseguição e estrelismo. Não se pode contar com ninguém, nem acreditar na palavra de ninguém. Numa profissão que se depende de patrocinadores, como cinema, e trabalhar em grupo é obrigação, acaba-se deparando com mentiras, mesquinharias e muita gente com um pouco ou sem nenhum talento agindo de forma prepotente. Por essas prefiro ficar no amadorismo, aposto na essência e na minha capacidade de fazer silenciosamente. Prefiro ser um maldito do que o mocinho genial. Fuck Off.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

escombros e destroços










Meu corpo não pode mais desanimar. Não mais do que já está estremecido entre destroços e escombros. Continuo a viver, continuo a escrever, produzir, tenho assim desviado minha atenção para as coisas da vida, como por exemplo ser feliz. Desacredito, dentro do meu universo que exista isso em mim. Estou vivendo como aquele físico - Hawkins preso a uma doença degenerativa, comprometendo sua vida, mas ele fez dela, a vida, um mero objeto para os estudos físicos. Não tenho, que eu saiba nenhuma doença fatal, mas faço da minha vida um mero objeto para minhas criações. Sejam elas boas ou não, sejam elas quais forem.
Eu escrevo para não chorar, porque não sei chorar. Eu penso, reflito, crio personagens, construo narrativas, estórias, vídeos, filmes, luz, sombra, música, comportamento, tudo para não viver. Aprisiono minha existência na criação artística. Há quem pense, que artistas vivem em festas, premiações, sarau, cocktail, happy hour, bebedeiras, vodka, vinho, orgias, vomitos e drogas.
Mas a arte, ou a vida dentro dela, é muito sem graça.
Assinado: Eu.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Um estranho. Faz tempo que me sinto estranho. Sou um estranho na minha geração, na atualidade, na sociedade. Vivo e vou indo sem conexão com nada. Vou indo e pensando, esse é o grande problema, o pensamento não me deixa viver. E o passado, meus remorsos, culpas, tudo é um espelho. Minha geração não existe é um espelho vazio, ninguém reflete nada - geração de vampiros naturebas. Geração fim de ditadura, início de globalização, nossos pais quem foram??? Quem são eles?? Sim, não foram eles a juventude rebelde e subversiva que a mídia nos quer fazer acreditar. Eles eram complacentes então com os militares?

Minha mãe não sabia, talvez não sabe até hoje o que é o raio do comunismo e socialismo. Na casa dela se lavava cabelo com sabão em pó - shampoo era coisa de rico. E o dinheiro que sobrava depois das necessidades básicas servia pra se comprar pasta de dente. Veja, creme dental era supérfluo. Sendo assim, comprar revista semanal, ler escritores russos, saber o que mundo dizia, era tão supéfluo quanto desejar ir pra Lua. Ah, nossos pais viram o homem pisar na lua -ou a farsa construída no deserto americano e muito mal feito.

Assim, ser subversivo nos anos 60 era coisa de estudante que não queria ver aula e se metia com diretório estudantil ou de filhos de ricos, cansados da mesmice da alta sociedade se rebelavam contra o sistema. Estes tinham condições de assinar revistas, comprar livros e saber as últimas de Cuba, Moscou, Trotsky, Marx e Engels. Acho que em breve começo novo filme, terminei um, começo outro e outro. Nunca me faltam argumentos e roteiros. E pensar que tem gente que sofre pra escrever uma porcaria de roteiro. E ainda são pagos pra escrever. Eu faço isso dormindo. Ah, dane-se a nova ordem mundial.

E eu estou cada vez mais invisível. Essa falta de referências, de chão, mas principalmente minha incapacidade de me enxergar no mundo mundano, este por aí, me cansa. Não há remédio que iniba, nem tarja pretas que me façam exibir um sorriso. Pra quê, rir feito bobo, anestesiado. Pra quê, pra depois aumentar as doses, com drogas lícitas???? Talvez, apenas dormir.

Vou me anestesiar pra sempre.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008




Finalmente terminei a edição desse vídeo curta documental. Algumas resoluções para a próxima empreitada audiovisual: não esperar tanto da improvisação e esquecer por um tempo o bendito lema - uma câmera na mão e uma idéia na cabeça. O resultado final ficou diferente do que imaginava, mas enfim, minha paciência já estourou.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

no escuro...


Aqui do escuro reina o desânimo da desesperança. Quanto ao [des] prefixo da negação é sempre meu companheiro. Falar do cansaço da alma é clichê. Estou me repetindo faz anos. É como mensagem perdida em antenas e satélites espaciais que ficam indo e vindo nos rádios velhos e com chiados- causam entropias.
Sobre o cinema, quero dizer, o audiovisual, tudo parece estar muito bem por aqui em terras brasileiras. Nunca se fez tanto filme, com tanto dinheiro público, em especial da Petrobras. E nunca se exportou tanto filme pra festivais, porque cinema brasileiro "is made for gringo". Não é crítica, nem destempero, mas o cinema feito com dinheiro público é pra inglês ver, americano ver, francês, enfim. No Brasilzão, nem sala de cinema tem, nem teatro, só poeira. Se não for almas revolucionárias como projetos de cinema itinerante levar a produção de curta e longa metragens, feitos com verbas públicas federais e estaduais, através de seleções de roteiros, ninguém veria nada. Nem nas metrópoles, como São Paulo, que deve ter uns 40% de todas as salas de cinema do Brasil e só passam enlatados americanos. Culpa também das pessoas. Sempre preocupadas com entretenimento, apenas isso. Ah, que se danem esse povo.
E quanto aos roteiros, nas seleções, sempre ganham o mesmo grupo. E muitos roteiros, são chatos, meio "chinfrim", bocós, não sei quem julga se o problema deles é a falta de leitura ou a má leitura - problema este de todo Brasil - 24% dos queridos universitários do Brasil são semi-analfabetos. E isso é verdade mesmo, não estatistica de boicote.
Ou seja, a meia dúzia que faz cinema, não tem onde passar, a não ser diretores famosos e globais como Daniel Filho. Mas tem coisas boas sim, roteiros excelentes, especialmente de curtas. E pra surpresa, dos melhores que vi, são fora do eixo RIO/SP. Do Nordeste tem sido produzido bons filmes de ficção, de experimentação e documentários. Petrus Cariry é um bom nome, por exemplo.
Hoje em dia com internet, tá muito fácil ser diretor de cinema. Todo mundo se acha cineasta, dramaturgo, é a vaidade, o egocentrismo. E já fui do pensamento que a Internet foi um bem para produção artística, dando o espaço que antes não tinha, inclusive falei disso aqui nesse maldito blog. Como não tenho merda de convicção nenhuma, "desdigo" tudo que disse outrora. Mesmo com tantos anos no meio do design, da escrita, do audiovisual, amador ou profissional, enfim, não costumo encher a boca pra falar de mim; meu marketing pessoal é uma merda.
Ou seria o Mkt do Mundo a merda então?
Estou deprimido me perdoem.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

recomeçar...


Uma nova estória? Como é difícil pra mim. Confesso, feito aqui houvesse um padre, e eu sendo um crente, supondo, confessaria minha imensa dificuldade em recomeçar e reacreditar na vida, nas pessoas e não se trata de guardar segredos, fidelidades relacionais, essa baboseira mundana, falo eu, das coisas mais implícitas, que fogem do olhar, e só cabem aos sentidos e sentimentos entender. Sequer consio me explicar por palavras, mas confesso que fracassei esses anos, nas tentativas de reconstruir-me, de esquecer o que se passou, esquecê-la, de reviver, estórias, de sorrir novamente.

Minha trilha sonora é um tango com violoncello, dramático e sinuoso, que derrapa nas curvas e machuca profundo, deixa cicatrizes, doloroso, mas bem suportável. Confesso que fracassei, se um dia meus recados chegarem até Marte, saberá do que digo. Há um alguém nesse universo, de carne e ossos, coração e sorrisos, que me entenderá. Poderá assim, rir-me, gozar-me, desnudar-me, como queira, me ridicularize e aponte o dedo em minha face, ou me faça cócegas, e gracejos, mexa em meus cabelos, novamente, tudo de novo, deixa-me sentir tua respiração outra vez, dance esse tango comigo. Depois posso morrer, pra nunca mais. Chorar.

domingo, fevereiro 10, 2008

Eu sou o inferno. Minha vida tá perdida, como o caminho direto ao inferno. Um vazio, um oceano de significados, de mágoas, no fim - silêncios. Trabalhando nesse filme, vídeo, documentário, sabe-se lá o que vai dar, iconoglasias, eu mudei meus sentimentos, meus significados, repentinamente, estão se variando, se alternando. Estou encontrando dificuldades por exemplo em deixar de lado as referências cinematográficas, literárias, para justificar esse trabalho como algo totalmente pessoal. Mas não se pode atropelar o inconsciente, que trabalha tão em silêncio quanto eu. Teria de quebrar meu silêncio, do consciente, para coletar entrevistas, com minha mãe, para o ato documental do filme, o lado realista, mas ando tão distante dos seres humanos que isso inclue, infelizmente - ela.

Sinto encomodado com o mundo, com as pessoas, nem mesmo minha mãe escapa desse absurdo que se tornou minha existência. Não esperava chegar nesse ponto. Não quero as glórias materialistas, não quero traçar planos, nem emprego com carteira assinada, nem crédito aprovado, financiamento de casa, nada concreto. Parece tudo significar o fim. A morte. Alguém que nada deseja concretamente - quer algo mais concreto que as paredes de uma casa compradas em suados vinte anos mensais?

Esse filmeco que trabalho é um espelho de mim - deixou de ser sobre uma velha casa de fundo, embora sejam disso as cenas, mas abstratamente o filme é sobre mim. O difícil é encontrar um fim pra essa edição.

sábado, fevereiro 09, 2008

Hoje já não sei mais de mim. Não por desconhecimento, na verdade, por excesso de informação, por tantas descobertas - e então o vazio da alma. Sei bem onde deixei minha inocência, meus sorrisos verdadeiros, meus amores desconexos. Outra dimensão. Talvez tenha de morrer pra tocá-la novamente. Penso nisso todos os sóis e luas. O vento é testemunha. Juro.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

inspirado em Frida Khalo


Minha noite

É um mosaico de imagens, toda ela
me retém a você, imagens coloridas e muito expressivas,
tem seu cheiro, seu calor, suas idéias, e isso me martiriza,
me esfola profundo, mas não posso mais chorar, não por
algo que nunca se derramou lágrima qualquer.

Minha noite é feito de ondas como do mar, elas ficam
indo e vindo, assim como eu, no mar de meus lençois,
por toda madrugada fria, me esquento nas lembranças,
na presença de mais uma lua, que não lhe tenho; ou
quando olho ao meu lado, vendo apenas
contornos esboçados pelo tempo.

Minha noite é de insônias, tenho sono logo me deito, e já
me perco nos desejos, saciados antes em teu corpo,
tento, me convenço do descanso, mas é inutil, já não
posso mais sossegar meus pensamentos, que rodeiam
minhas trevas, viro-me de lá pra cá, à deriva nesse mar
de lenços, me afogo, levanto-me, busco um Farol,
nada pode tirar de mim, meus pensamentos.

Só tenho eles, me martirizam sim, e hoje sou apenas passado insiginificante...

PS- Parodiando Frida Khalo em carta para seu amante. O texto dela, é muito melhor, mas não resisti. Intimamente ligado à minha existência. Uma velha nova homenagem ao amor vivido. Que saudades meu bem. Que sofrimento terrível.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Enquanto filmava na velha casa abandonada uma voz ecoava meus pensamentos - ELES SE FORAM. Parecia ser o vento falando, não sabia se era algo que havia lido, não sabia se era eu mesmo querendo dizer isso, mas o silêncio do recinto soava tão forte, que eu temia falar e acordar alguém, mesmo sabendo que não havia esse ninguém ou alguém. A casa do fundo estava abandonada fazia 14 anos. Hoje estou penando para dar um sentido a tudo isso que não faz sentido algum. Um documentário se controi, ele nunca está pronto. Se Jean Claude Bernadet usasse MSN........eu adicionava ele!!!!!

Abaixo cartaz oficial desse treco que estou montando.

domingo, fevereiro 03, 2008

cartaz oficial