terça-feira, novembro 17, 2009


Isso sim é paz de existência.

16 de NOVEMBRO



E de repente a respiração pairou; ela se foi, numa tranquilidade que somente os animais podem ter. Ela de certa maneira, escreveu esse blog mal feito. Homenagem à minha pastora alemã, um pouco nazista (não, nazista não) - ela tinha era PERSONALIDADE. Acho que eu até invejava isso. Obrigado por esses quase 14 anos Hanna.

terça-feira, novembro 03, 2009

Lévi Strauss morreu aos 100 anos, meses atrás eu lia algo dele na biblioteca da Faculdade de Filosofia. Que coisa, esteve em 1935 até 1939 no Brasil, fundou a USP com outros franceses e viajou Brasil atrás de índios no meio do mato. Nunca mais voltou pra cá. Ficou em sua mente, um Brasil dos anos 30. Dá pra sacar o quanto isso é interessante? Você vive um século, e até domingo a imagem que ele tinha do Brasil era de 1935, da velha USP da Maria Antônia, antiga sede da Faculdade de Filosofia, quando a cidade universitária era um matagal sem fim. Hoje, tudo tão efêmero, ninguém percebeu isso.

sábado, outubro 17, 2009

texto proibido para quem ainda tem esperança

Cansado de estudar, de eventos de arte e cultura, vídeo arte contemporânea neo pós-moderna, artistas residentes, hiper currículos de nariz empinado, conceitos ultra reflexivos, absurdos conceituados para provar o nada, nada vezes nada. Cansei. Tanta esnobice pra nada. A arte não significa mais nada. Tanto museu, galeria, espaço, centro cultural, nada. Como disse Beckett (esse sim genial) - Endgame Mr. Godot ...pra quê tanto peito estufado, tudo que a humanidade precisa os gregos escreveram, Shakespeare reescreveu e Balzac justificou. E Beckett destruiu. Nós contemporâneos somos obsoletos, com toda nossa tecnologia e universidades. Eu não posso contribuir com nada. Essas coisas que faço, não são nada. Um pouco de auto crítica a nós, figuras contemporâneas, não fazemos nada inovador, somos a cópia da cópia. Eu cansei, de mim, e estou procurando emprego de diretor de filmes porno (é sério - pagar as contas e tal) - a verdadeira arte do vulgar, da carne humana, da escrotisse (afinal tudo que fazemos é no fundo sexo, para o sexo, em função do sexo, não é mesmo Mr. Freud?).

Alguém tem contato na Brasileirinhas ou na Buttman pra me indicar como diretor de cena?

segunda-feira, outubro 12, 2009

O que fazer para [des]conhecer pessoas que você encontrou pelo caminho? Alguém acha que títulos acadêmicos, cultura ou conhecimento torna os "Outros", seres mais interessantes de se conviver? A resposta é não. Ultimamente até uma pedra no meio do caminho é melhor.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Não sei o que fazer com essa vida que a própria construiu para mim.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Mojo Books


A nona de Beethovem no Mojo Books, com quase 1 ano de atraso. É só clicar na imagem e ir pro site e fazer um cadastro.

sábado, setembro 19, 2009

Fui ver a exposição Vanguardas russas, de repente percebi que a arte já estava morta desde aquela época. E eu sempre apreciei Malevitch, algo que já registrei por aqui. Se estava morta, o que restou por essas décadas todas? Tão morto como o gosto amargo que seca minha boca. Por isso não convido ninguém pra visitar exposições. Deveriam ser proibídos incursões grupais em museus e galerias de arte.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Definitivamente a vida é um tédio, e poucos momentos interessantes me restam, eventualmente pegando um DVD de um filme antigo qualquer, um asiático talvez, uma peça de Shakespeare escrita faz 500 anos, um bom livro de capa dura e letras miúdas, ainda é muito melhor que qualquer parafernália digital de hoje e qualquer conversa em boteco com gente idiota.

quarta-feira, agosto 26, 2009

A gripe suína é a vingança dos animais...a bulimia será sagrada no despertar do futuro. Um texto infame pra ajudar no regime.

A gripe suína pegou geral, mas não se compara ao cenário de horror que é um matadouro de porcos e bois, que resulta na carne do churrasco ou no bife que nós comemos mal passado, nojentamente digeridos por olhos e bocas. O maior espetáculo grotesco já inventado se chama, rodízio de churrascaria. Se Da Vinci ressucitasse pintaria o novo master piece do século, substituíndo a "Última Ceia" - pelo majestosa obra de nome " O sagrado Rodízio de Sábado". Explico: no qual o pintor genial faria uma composição triangular do claro para o escuro de uma família de gordos, dois filhos homens e uma menina, a sogra, o genro, o avô paterno, garçons sorridentes, todos com lábios e dedos engordurados, copos de cerveja, no canto esquerdo um pedaço de pão esquecido, sendo o patriarca, figura central do quadro com mais de 120 cm de barriga alisando sua banha abdominal em posição de satisfação após gozar, tendo saboreado uma picanha ensanguentada. Quadro este que estamparia o Louvre com louvor. O "gruesome film" verdadeiro está longe de ser as produções de cinema de Jason e o Massacre da serra elétrica. Há quem diga que qualquer um se torna vegetariano depois de presenciar um matadouro de bois e porcos. Os suínos, que dão nome a famosa gripe, passam uma vida inteira enjaulados em currais com superpopulações comendo forçosamente até o fígado explodir. A vingança chegou na forma invisível de vírus que se espalha pelo ar misteriosamente, através do contato singelo, não é bestial?! Mas isso não é o fim, enquanto houver estômagos e cérebros pra criar vacinas, meus filhos há esperança. Mas o peido (desculpem, a flatulência) dos bois ajudam no efeito estufa, o que é tão sarcástico quanto os humanos engordarem com o colesterol da carne vermelha, e desconhecerem o quanto é impossível pra fisiologia do organismo se livrar disso - na verdade mais de 70% não é eliminado pelo corpo, entupindo nossas frestas microscópicas, limitando nosso cérebro e matando pouco a pouco nossa carne, feita de gordura apodrecida de bois, porcos e galinhas. E daqui a 100 anos, os humanos do futuro estarão morrendo de novos cânceres e ebolas modificados por virus vindos de humanos, porcos, macacos, numa amálgama maldita que fará o inferno de Dante ser a ficção mais inocente que já se leu. Orwell estará definitivamente aposentado. Kafka, finalmente será adormecido. O humano futuro vai ler mensagens com menos de 190 caracteres. E nossos blogs, como dissera senhorita Hiromi, a desasnestesiada, serão documentos históricos dos primórdios do século XXI, época pela qual, a moda foi a sustentabilidade pra boi dormir.

Preciso vomitar o filé de ontem.

Antes que pensem não sou vegetariano porque também fui um produto das tradições seculares que construíram a civilização ocidental, baseadas nisso tudo escrito acima. Talvez até 2015 eu atinja a meta pessoal de "carne zero" estipulada no protocolo de Kyoto, que eu mesmo assinei e o Bush rejeitou.

sábado, agosto 22, 2009

natal e aniverário????

Eu odeio tudo isso, mas vou pedir de presente para ambos os dias, já que são vizinhos um doutro, quero 2 massagistas de filme porno (americano, porque as brasileiras são péssimas atrizes do sexo), um ofuro ou hidro, chocolates belga, champagne (tudo bem estamos no Trópico pode ser o espumante gaúcho), uma cama com colchão d´água...Nada de festas, pessoas, bar, boteco, fogos de artifício, e falsos dizeres como - parabens, tudo de bom. Eu dispenso os protocolos. Infelizmente a realidade do futuro eu posso prever. Tomarei um sedativo e dormirei dias seguidos, naquele calor de verão brasileiro com pernilongos, em casa, em marte; ah, a vida é uma merda.

sábado, agosto 01, 2009

A existência perde o sentido, quando se descobre que o dormir é mais eficiente que o despertar.

segunda-feira, julho 27, 2009

Pra lá de Marte a lua não tem a menor importância

Atravessando desertos marcianos, me pego entre encruzilhadas - devo ir por lá ou por cá, nenhum lado oferece resistência ou um mínimo de coerência, então qualquer lado que vá algo irá se consumar - não importa. Isso não é uma constatação sartreana sobre a vida contemporânea, e também faz tempo que renunciei aos filósofosos, sequer tenho os lido - pra ser sincero a última coisa que li foi Mr. Shakespeare, Macbeth, depois nada mais. Estou em recesso, mas ao contrário dos parlamentares, sem verbas de apoio, salário, motoristas e atos secretos. Isso sim é sustentabilidade. Talvez esteja na hora de abandonar o império das causas perdidas, partir pra outra; qual outra, se tudo é diferente, tudo igual, melhor dizendo.

terça-feira, julho 14, 2009

Ano III



quinta-feira, julho 02, 2009

From Mars to Earth...

Não tenho nada a declarar.

A vida contemporânea daí da Terra não é estranha pra vocês? De repente não tem mais vinil ou CD, a música é invisivel, além do mais, não existe música para se ouvir. Os velhos ídolos de barro soam ultrapassados, já não provocam ninguém, os gritos estão abafados, tudo viaja na velocidade dos bytes turbinados em bandas largas. A culpa é toda minha, abro meu laptop enquanto caminho durante meu exílio voluntário em Marte e descubro que todos possuem um twiter -"Oi me segue lá" - além do facebook, orkut, msn, icq, celebridades instantaneas e políticos, todos fazem parte do quintalzão virtual, além das disputas pra saber quem tem mais seguidores twiteristicos - Jesus deveria virar adepto, twiter.com/jesusoficial (tem que ser oficial porque tem fakes), tem gente que acha que conversa via recadinhos com menos de 200 caracteres com o galã da novela, tem gente sem noção que acredita que conversa com Elvis - ele morreu sim, já vi ele em Marte. Mas eu acabei me rendendo e conectei-me com a Terra via laptop, desde que Michael morreu. Porque será que ninguém mais vende 30 milhões de discos como Thriller; será que há muita música boa no mercado e ninguém consegue dominar a cena musical...será que tem muito lixo no mercado...será que havia muito lixo nos anos 80 e Michael era o menos pior e reinou? Não, não, babaca, é culpa da pirataria do MP3. E antes que esse texto se torne um debate MTV sobre a música digital ou sobre as cotas para negros na sociedade, eu paro por aqui. Bem abaixo aqui, havia postado um vídeo, video art ou performance que terminei recentemente. Era algo totalmente diferente, uma vídeo dança, de uma coreografia que montei, mas deu tudo errado e com a ira dos deuses eu desmanchei tudo. Agora virei coreografo, tudo culpa do tédio. Uma amiga me disse - você é um rapazinho multimídia - não, não, eu sou entediado, depressivo, irritado, esquizofrênico com a vida, tanto que o diabo me mandou falar com Jesus, que a essa altura já tem 1 bilhão e meio de seguidores. Mais que o Lula e a torcida do corinthians. Bem mais que o Sarney. Ah, motorista dele ganha 12 mil por mês - se eu soubesse enquanto morava na Terra, ah, que pena. Em Marte não tem Brasília, congresso e atos secretos. Bom, estou organizando uma grande suruba marciana, vamos trepar geral, mulheres com 3 peitos e duas bucetas, vindas de todas as galáxias estarão por aqui. Shows pirotécnicos, pensadores gregos e romanos, deuses egípcios e tudo mais. Open Bar. Liberado tarjas pretas e todos psicotrópicos, até Michael Jackson virá trazendo zumbis desempregados do Thriller e dançaridos moonwalkers falidos. Simone de Beuavoir e Sartre confirmados. E que se dane o amor, a vida, a justiça e a paz.

sábado, junho 27, 2009

Preto sobre branco ou vice-versa, o segredo que Michael levou pro caixão (o que malevitch tem com isso). Qual é tua cor, cara pálida?


Apesar do meu abandono recente deste recinto, me encontro atravessando desertos marcianos, como fizera Malevitch, tinha que escrever algo que fiquei pensando sobre o rei morto, Michael Jackson. Que diabo tem o preto sobre branco de Malevicth com Michael, afinal, que bobagem está passando por meus neurônios, quer saber, desistam de me entender. O velho russo dos tempos stalinistas viajou total e inventou a tal arte suprematista, que culminou bem mais tarde na programação visual do design, e daí? Michael levou pro caixão o segredo de sua amalgama aparência, aquele esbranquiçado que alimentou a mente dos fãs que o seguiam e da mídia avassaladora por notícias e boatos. A esta mídia não interessa a verdade, ele disse na TV - "tenho vitiligo", mas ninguém acreditou e criaram os fatos fantasiosos que ajudam a vender jornais, revistas e anúncios publicitários. A verdade nunca ajuda a fazer dinheiro. Os boatos sim.

Quem já viu um preto com vitiligo deve saber que a aparência fica realmente horrenda, o contraste da cor é muito mais enfatizado na pele afro. Alguém que lida com imagem como um popstar não pode se dar ao luxo de aparecer feito um dalmata na TV - fatalmente ele preferiu se transformar num fantasma esbranquiçado do que se ter a pele pintada de preto e branco. Brincou com isso no último hit "black and white" dos anos 90. A mídia não quis a versão oficial e criou a sua própria nefasta realidade. E foi exatamente nesta década que ele entrou em decadência. Sua capacidade de se reiventar começava minar, não há ninguém com capacidade de revolucionar a si mesmo tempo todo - algo difícil, mas penso eu, que trabalho com criação, arte, o quanto é difícil tentar produzir, criar, conceber e não conseguir, a motivação se esvai, causando uma frustração interna, fragilidade mental, algo difícil de explicar em palavras, muito diferente de não poder comprar um carro zero - talvez seja isso que frustre a maioria da massa populacional. Com dinheiro de sobra, ele comprava tudo, até uma terra de Peter Pan, até filhos com enfermeiras desconhecidas, a ausência de criação explica a excentricidade com o dinheiro.

Durante duas décadas o rei morto do Pop comandou os palcos e sua família de músicos intermediários. Não vou repetir, suas inventividades e contribuições ao pop e todos seus herdeiros popstars que o copiaram na sequência (toda a porcaria que veio depois como Backstreet boys até a retardada da Britiney) - o pop também modificou-se passando a soar na velocidade da era digital e abandonando o caratér mais bluzeiro e jazzista dos anos 70 - Michael não conseguiu acompanhar nos anos 90 essa renovação patética e frustrado por não continuar inovando, se entregou aos vícios da hipocondria que o levou ao fim. Quem já tomou tarja pretas e psicotrópicos para controlar o humor, os transtornos de personalidades, sabe bem, da gangôrra sutil que existe nisso - qualquer desequilíbrio e você capota. Nenhum psiquiatra renomado pode garantir o sucesso permanente dessas drogas da felicidade. Sempre uso o chamado sorriso falso estampado na face como metáfora a respeito das "pílulas de Merlin". Foi acusado de pedofilia porque sempre esteve ligado com crianças, mantinha aquela voz fina e infantil, até então, nada diz nada. Nenhuma prova, de fato mesmo ficou os milhões que ele pagou a suposta vítima, quer dizer, aos pais da criança que o acusaram. Na corte foi inocentado.

Mas sua aparência fragil e infantil sempre se inverteu no palco quando dominava dançarinos e público com seus movimentos robóticos e passos flutuantes. Isso ele também perdeu. Apagou-se. Madona também passou pelo lapso criativo dos anos 90, sempre amparada no sexo, pra ela uma bon vivant assumida, foi bem mais fácil. Na história tem casos assim. Madona está mais pra Balzac, um escritor genial que não se furtava dos prazeres da vida. Contudo Madona não me parece nada genial, trivial no máximo. Michael está mais para um Van Gogh, com dúvidas sobre sua sexualidade, sua existência, isolado do mundo, atravessando desertos . Não sei se o rei morto era um gênio. Andy Warhol quase contemporâneo ao Michael foi muitas vezes chamado de mediocre, só depois de gênio da Pop Art. Se ao transformar lata de sopa em obra prima lhe fez de genial, Michael também pode ser genial, abriu as portas da Pop Art para música, além da voz, deu para música uma cara - fez literalmente o audio e visual. No final das contas ele era um menino envergonhado que ficava gigante no palco e se perdeu nessa merda de existência. Mas quem não se perde, heim. Fodam-se os normais e intelectuais, sejam pretos ou brancos. Eu, sou verde.

quinta-feira, junho 11, 2009

sexta-feira, junho 05, 2009

O problema de pensar...

A vida é patética, é um clichê, o problema é lembrar disso sempre, eu tenho essa mania em analisar os fatos, anterior e posterior, depois me dá um desânimo de morte, uma vontade em desaparecer ou atropelar tudo com um tanque de guerra, destruir mundos idênticos e deixar tudo em ruínas, pra depois quem sabe surgir algo especial. Essa coisa de sobrevivencia me martiriza. E teimo em observar pessoas, sobre o que fazem de suas vidas. Fico deprimido. Depois piora, quando vejo a mim mesmo dentro desse círculo novamente patético. Quanto aos meus familiares, sempre com as mesmices de ontem e anteontem, nunca surpreendem ninguém. Tento fugir deles, sempre me perseguem. Vivem apenas o cotidiano, repetem mesquinharias, vícios, conversas, tudo me satura, me desgasta. Eu não me vejo em nenhum lugar, laços sanguíneos, graus de parentescos, pro diabo tudo isso. Com pessoas alheias, colegas, conhecidos, amigos virtuais (será), não é diferente. Eventualmente tenho necessidade de apagar a memória de cache, me limpar de qualquer corrente ou amarra. Como se funcionasse - bobagem. Antidepressivos não resolvem essas inconstâncias, porque simplesmente as pílulas de Merlin não tornam as pessoas, os outros, mais interessantes. Um tarja preta só esboça um sorriso idiota na boca, pouco convincente, mas o além disso, pelo menos pra mim continua entediante e insuportável.

terça-feira, maio 19, 2009

notas da letargia

Voltei a escrever com mais objetividade. Um segundo livro de gaveta, o primeiro está parado no HD, já revi duas vezes, e se fosse ler agora, reveria muitas coisas. Esse primeiro escrevi em 2007, espontaneamente em dois ou três meses. Dessa vez escrevo outro livro, mas não espontâneo, mas planejado, cada parágrafo, detalhadamente revisto. Tipo de escrita que precisa de paciência e concentração por meses e anos. Coisa que me faltará com certeza. É um texto que adapto de um roteiro que fiz em 2007 pra uma oficina de cinema no SENAC - uma família de judeus em torno do corpo do pai morto, recém falecido, três filhos e a viúva. É somente isso. Um investigando o outro, através de pensamentos e ironias. Tudo acontece numa noite e numa madrugada. Nada de menções do holocausto, nem datas, na minha cabeça se passa no pós guerra, alguém pode ler e imaginar o ano de 2050, quem sabe; uma família que escapou do nazismo e sobreviveu na Europa destruída, contudo eliminei as datas e até mesmo o país que estão vivendo o presente. Mania de atemporalidade. A coisa acontece em tempo real. Verdadeiramente, não sei porque escrevo esses livros, não sinto muito interesse em publicar, não vejo saídas, a literatura contemporânea não existe. Internet, blogs, google e celulares 3G, ocupando todo o espaço dos livros. Quem pode competir com a parafernália virtual, digital, todo esse lixo via bluetooth, apitando e vibrando nas bolsas, malas e bolsos alheios.?! Quem? E no mais, os grandes autores já deixaram a herança. Nunca se leu e falou tanto de Machado, de Guimarães, de Clarice, Proust, Beckett (tão encenado atualmente, já diria Gerald), Goethe, Shakespeare, Balzac. Pra que precisam de mais um escritor novato, perdidos nesse século desnecessário. Estou a meses pra enviar contrato pra MOJO BOOKS (não sabem o que é isso) - pesquisem o site pelo google. Escrevi pra eles ano passado uma peça baseado na Nona de Beethovem - eles gostaram e me mandaram o contrato, apenas por formalidade já que é um micro livro virtual gratuito que eles disponibilizam para download. Até agora não enviei nada, não senti vontade alguma de ser lido. Vou publicar um livro pra satisfazer quem, a mim? E vou dizer, sou escritor, publiquei um livro pela editora fulana, com tiragem de meia dúzia de exemplares, que não irá significar nada na era pós-moderna - porque hoje nada define nada. E não serve de nada.

segunda-feira, maio 11, 2009

Be my slave...




quarta-feira, abril 29, 2009

Lolita

Abro um espaço ou uma lacuna pra falar de minha Lolita, como uma pupila me sorri inocente, sem muita elegância, um pouco ansiosa, com sua pele delicada e jovial, macia e lábios bem feitos e brilhantes. Diz ela pouco fotogênica, contudo é minha função desdizer -então desligo o flash e deixo a sala na penumbra pra que a luz invasora crie contornos nas paredes e duplique seu corpo sensual. De repente ela aprende que fotogênia é uma invenção de fotógrafos de revistas de moda tolas e fúteis, que o interessante mesmo é a relação sadomazoquista entre o clicado e o cara atrás da máquina. Quero fotos de cinema nisso tudo. Entre a lente, há dois corpos, a modelo seduz e dita o rítmo das clicadas. Só há o barulho externo das sirenes perdidas ao vento, o ruído da máquina e na vitrola ao fundo um acordeon sendo acompanhado por um cello e violino. Nessa trama nabukoviana me faltam justamente alguns cabelos brancos que legitimem meus conhecimentos, denunciando minha autoridade de Domme - na falta deles tenho as olheiras. Dá na mesma. Todas as minhas eras contidas em meu rosto cansado e descrente.

Faz um tempo aderi à parceria contra as relações amorosas. Isso desde que me encontrei com essa entidade cósmica chamada "o nada", que consome até mesmo a escuridão. Mas deixando as mitologias de lado, eu ofereço minhas trevas em troca de um beijo delicado, ou da possibilidade de esculpir essa pedra de mármore bruta, numa bela estátua sensual, sem asamarras físicas da vida. Despejo todas as peças do xadrez no tabuleiro e penso se ela aceitará todos os jogos. Sinto a culpa pela tentativa de quebrar sua dócil existência, mas ela parece querer voar, através da arte - ela me disse "quero viver com arte" e coloca o dedo na massa e nas tintas oleósas. Vejo meu reflexo antigo nisso tudo, porém, não tive nenhuma domme pra me ensinar nada. Aprendi tropeçando nas malditas pedras com muito pessimismo e desafiando deuses. Será que preciso ir em frente nisso? Meu diabo pessoal sussurra - o mundo precisa de lolitas e divas. Eu sorrio ironicamente pra ninguém ver, sob um Sol do Outono, meu favorito. Como disse Chris Penn "don´t fuck with the devil babe". Tonight will be the night.

quinta-feira, abril 23, 2009

sábado, abril 18, 2009

tenho sono mas não consigo dormir

Fadiga. Na TV Obama é o Rei. O Lula é o cara, "you´re my man" - eu diria pro Obama, meu rei sai pra lá, sou espada, prefiro tua muié - a Michelle, beleza de primeira dama, mas é um lambe que lambe, essa politicada vive se lambendo e depois se atacando. É Protógenes, Daniel Dantas, Pitta, Maluf, Berlusconi (o Maluf italiano) e Sarkozy (o Allan Prost político), esse nunca "dá" uma dentro, só bola fora, será que com a Carla Bruni...bom, imaginei a Michelle Obama e a Carla Bruni num ofuro juntinhas - que delicia. E o Brasil é como eu, nunca vai ser pelo jeito, nunca foi, parece o livro da Hilda Hilst - Estar sendo. Ter sido. Diabo de livro complicado, terei de ler umas várias vezes. Assim que é bom, ficar a vida inteira lendo os mesmos livros, como o Grande Sertão: Veredas, ou Ulysses de Joyce, ou Proust. Eu fui pra Marte e não consigo mais voltar pra Terra. Nem querendo se vou. Azar meu, de mais ninguém. Aqui em Marte também é um desânimo de morte. Parece sem fim. Eu me canso do cansar. Já tentei algumas artimanhas pra sair do marasmo, mas é água salgada pra todo lado. Fico à deriva. E ligo a TV, no Maranhão a filha do Sarney voltou. Eita família que não larga o osso de jeito nenhum. É duro esse osso. Eles não param de morder, pai e filha. Desgraça de um jeito e de outro. No momento estou procurando um grupo musical. Explico. Não quero entrar para o grupo como músico, nada disso, nada de carregar instrumento, ensaio, vomitar um Hot dog mal comido num shozinho ralé no interior, ficar preso num estúdio cheirando nicotina alheia, aquele violãozinho chato de alguém que não sabe tocar, fazer pose blazè pra alguma gropie perdida, nada disso. Quero ser o mentor intelectual de algum grupo, especialmente que tenha mulheres novatas e lolitas nabukovianas sem saber pra onde vão e o que fazer. Quero ser Andy Warhol na Velvet Underground. Quero ser o guru, o Ralah do Angeli, o cara que diz o caminho. Estou imaginando eu dizendo os caminhos. É incoerente. Mas a vida é incoerência. Quero sombra, água fresca, inferno e um pouco de guerra. Acho que vou pintar os cabelos de branco também. Inté.

segunda-feira, abril 13, 2009

Já estou pensando em possibilidades extras, diante do fracasso iminente, a mais fácil seria me mudar para um templo de monges budistas, me livrar desse cabelão que teima em crescer, e dos prazeres da carne e do estômago, tudo é um processo, como sempre digo. Outra é ir pra guerra, sem figura de linguagem, me alistar na Legião estrangeira, "le enfants de la patrie mon amour", na França é claro, eles pagam salários em euros e tudo mais, terminaria morrendo num campo de refugiados na África depois de pisar num mina terrestre soviética, meu nome talvez eu mudasse novamente, nada surpreendente pra alguém que não possui um RG como eu. Lá fora chove um desânimo que desagua em mim. Que tédio. Ainda morro disso sim.

terça-feira, abril 07, 2009

Sampa minha desgraça

Fico impressionado com minha capacidade de me ferrar em São Paulo. Apesar de ter nascido aqui (nasci ali no mais paulistano dos bairros, a Cerqueira Cezar) e morar aqui na Grande São Paulo, eu nunca consigo me comunicar com essa joça de cidade, com o rítmo, com as pessoas. Talvez porque aqui não é lugar de paulistanos, mas de imigrantes, em todos os cantos. E sempre me deparo com imigrantes que amam essa cidade, que vivem suas felicidades, muito maiores que as tristezas. São Paulo não é uma terra de imigrantes miseráveis apenas. Daqueles que estampam documentários, retirantes do sertão nordestino que se mudam para cá e acabam habitando as favelas, de condições precárias de se viver. Não. Aqui tá cheio de imigrante do Norte e Nordeste que descobriu essa cidade e se fez, muito bem feito, muito feliz e com sucesso. E eu, que sou daqui, desde meu sempre, não entendo, não me entendo com essa cidade, do cultural ao funcional. Pra mim nada daqui me pertence, eu não me conecto com suas curvas, seus cheiros, suas faces. E ela me responde rispidamente, me cansando. Do ódio matinal ao estresse no pôr-do-sol. Parece surreal demais botar toda culpa na cidade, afinal, um amontoado de concreto e asfalto, no final das contas, é isso que toda cidade metrópole é, no resumo das coisas, tirando a geografia. Mas a geografia paulista fica escondida clandestinamente. Mas essa cidade não entra em mim. Se nasci aqui e não me sinto aqui, pra onde vou rumar meu barco a vela. Ela, a cidade, pouco se importa, é como uma pedra no caminho, que lasca a unha do dedão numa topada infeliz.

terça-feira, março 31, 2009

Se eu não matar serei morto


Isso não é título de filme brasileiro com direção de Guel Arraes, com Lázaro Ramos no papel principal. Isso é a vida. A minha. Se eu não matar meu depressivo desânimo e desapego, vai ser o próprio que irá me matar. Enquanto escrevo esse miserável texto, inalo a fumaça de nicotina de outros, isso que dá morar em casa de fumante (tomara que morram sem pulmão). Me arrumaram um trampo de produtor musical (caralho que é produtor musical - morreram todos os produtores musicais de verdade), na real a função é de gestor de uma rádio FM aí, sei lá das quantas, eu teria que organizar faixas de músicas de bandas de rock, indie, pop, e lidar com as bandas nacionais, assessorias, entrevistas, coletivas, eventos, ou seja, badalações. As bandas, nem sei os nomes, a única que eu conhecia da listagem era Ramones (eles não morreram - tão vivos, ressucitaram) - eu sei lá, tinha esse tal de NX0. Diabo, o contratador me perguntou se eu curtia o cenário - eu com mil anos de olheiras na cara, a renite atacada pelo maldito cigarro alheio, dores de cabeça, tendinite, e uma vontade de desaparecer, pensei dois segundos, é um emprego, nada mais e disse muito resignado "ah, claro". Depois suspirei, amaldiçoei-me, e falei pra mim mesmo "dont fuck with the devil" - essa frase é de Chris Penn no ótimo filme "the funeral", que o finado interpretou numa atuação arrebatadora. Eu sempre fodendo com o diabo, entendam isso como quiserem. E quem disse que eu peguei o emprego novo, na hora H eu desisti, eu não consigo mais socializar, vestir a camisa dos outros, engolir uns sapos. Eu nem fui atrás. Fiquei na porra da produtora que eventualmente trabalho e ganho migalhas. Felizmente não tenho que alimentar crianças, nem velhos, eu sou livre, livre de tudo, exceto de mim mesmo, por isso ando sempre engatilhado. Pronto pra atirar. Eu vivo eternamente entrincheirado. Sempre imaginei minha vida assim, desde a infância. Essa trincheira é cercada de arame farpado, que eu supostamente penso ser eletrucutada por uns 7 mil volts. Mas não tenho certeza, alguém está blefando, só tenho que encostar o maldito dedo, pra saber se ela é fatal ou apenas uma piada do coringa de Ledger. Não foda comigo babe, não, não, não, eu não sou nada fácil. Essa bala na cabeça, essa insônia, essa depressão pós-moderna, essa crise mundial que me dá sono, esse orgasmo todo por aí. Apesar de tudo a insônia é minha melhor megera. (na foto Claudia Cortes, uma coreógrafa, dançarina chilena, muito da gostosa e talentosa, numa vídeo dança de Paolo Fernandes)

domingo, março 22, 2009

Faz tempo que perdi a paciência com pessoas. Primeiro foi com a família, depois com conhecidos, depois ainda com mulheres em geral, só restou minha cachorra. É - vou morar com os lobos da américa do norte, ou melhor, com o lobo guará brasileiríssimo, pobre, mirrado, vive se fudendo no cerrado que pega fogo sozinho ou sendo alvo de caçadores. O lobo guará deve ter um bom papo. Melhor que muita gente por aí que tenho encontrado nesse sertão paulistano decadente, desse Brasil que nunca foi.

segunda-feira, março 16, 2009

atravessado


Tenho uma bala alojada em minha cabeça, sei que ela a miserável está ali, aqui, enfiada entre meus neurônios que mais parecem cães domesticáveis do capeta, e ela a bala doi frequentemente, por conta disso e digo, é que nunca tenho paz. Estou sempre em guerra com os mundos, e vejo a paz noutro rostos que se passam perto de mim. Somente dou um suspiro de desgosto. É pela noitinha que sinto o desconforto. E tento me enganar com bocejos mas ao deitar perco logo o sono, a insônia, que me deixa desperto nesse mundo desgraçado. Cruzo noites assim, todas sem fim. Já não observo as estrelas e evito a Lua, porque não quero redizer minhas tolíces a respeito da inutilidade do universo, esse grande amontoado de massa flutuando no escuro. Teorias, estou cansado delas, que de nada melhoram ou dão jeito. Acabou-se. Eu desandei geral. E cruzo os dias também. Assim, sempre assim, dessa forma repetida, entrópica, relembro de versos poéticos que li e reli noutras idas, mas não são mais tão belos. Essa bala alojada me doi de dia também, quando arde muitos sóis pelejando de calor e quentura. Não sou do sertão mas me vejo como esses jagunços sem rastro e sombra que perambulam ou perambulavam no lombo de burros e cavalos que tanto inspirou poetas e escritores de palavras certeiras e olhares serenos. Só não tenho horizonte pra olhar, nem a liberdade de um capiau desses, de atravessar suas travessias, sem se voltar pros lados ou praquilo que ficou no antes. Ah, com certeza sou um amontoado de massa inútil me fazendo valer da experiência de outros, inclusive sei que estas palavras perdidas sem conexão alguma são inspirações piradas dum algum livro de capa dura e letras miúdas que li e reli na vida. Foram alguns tantos que o olho doi. Mas não sou de sertão nenhum, nem cavalo sei montar, nem tenho a liberdade de querer ser e andar, nem respiro o mato selvagem, tampouco escuto o riacho descer montanha. Sou da selva de pedras urbanas, de descidas e valetas e sinto cheiro do tédio todo dia. Não reconheço meus iguais. Não vivo aventuras, só desesperanças. Sei dos meus tormentos que essa bala na cabeça tilinta todo dia, uma dorzinha que pouco incomoda mas vai enlouquecendo pouco a pouco. Vivo em guerra com as vidas enquanto miro e vejo faces risonhas me pedindo pra gozar do acaso. Já não tenho jeito mais, nenhuma curva que eu curvar vai me modificar. Carne velha e dura. Refiz meus pactos com o diabo. E depois eu ri como um insano. Nem amaciante dá jeito. Vou continuar com as dores incômodas dessa bala na cabeça que a medicina não soube retirar. Era pra ser alguma coisa que se perdeu. Na neblina de alguma manhã da infância. Travessias.

Incorporando Riobaldo Tatarana

sábado, março 07, 2009

Artigo publicado na revista Continuum do Itaú Cultural

LINK - http://www.itaucultural.org.br/revista/box_artigomau.htm

Sobre a imagem realista versus a imagem abstrata - Arte Contemporânea. Escrevi em 2008.

De resto estou só o pó do desinteresse e desânimo.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

outras reflexões pós leitura de Bauman e schoupenheuer; do tédio à extinção

Esses caras da Europa, países nórdicos e tal, parecem que vivem numa montanha bem alta, apenas observando o mundo aqui embaixo, e enquanto observam e analisam, escrevem suas reflexões e depois nos presenteiam para que a gente, seres rastejantes, possam aprender alguma coisa. Depois de ler Bauman e Schoup. fiquei mais convicto sobre a Estética do Tédio - e nossa pós-modernidade feita de papel, isto é, nada que fazemos é real. Na esfera pública, dos governos às instituições educacionais reinam a picaretagem (de um simples colégio público que finge ensinar, passando por universidades públicas e privadas que fingem prover conhecimento e cultura). São raros os verdadeiros espaços que produzem algo de excelência, enquanto o resto apenas usa uma maquiagem. São as muitas ONG´s pilantrópicas, as universidades que vendem graduações e pós através de lobby, são programas governamentais pra aparecer em campanha publicitária e ganhar votos em eleições, e uma lista imensa que poderia ser descrita. O resultado que me parece é que "a gente não existe de verdade" - a última farsa fica por conta desse ambientalismo falsário. Ninguém faz nada de verdade e a gente continua achando que está sendo a diferença. A melhor coisa é que o mundo role ladeira abaixo e que a raça humana sofra as consequências. É preciso acabar o mundo, pra que o planeta se reconfigure - como numa máquina de PC velha, apagar todos os arquivos danificados e reinstalar o sistema.

sábado, fevereiro 21, 2009

reflexões pós ler Bauman sobre a pós-modernidade

Ler Zygmunt Bauman, um escritor sociologo e estudioso da era contemporânea é essencial pra não se entender a atualidade - o problema não é o Bauman, um grande pensador, mas a própria sociedade que não tem mais nenhum direcionamento. Essa ausência de rumos ou futuros é o próprio resumo do período pós-moderno. Mas já me parece que estamos noutro período, o pós pós, talvez, o super-moderno. Esse período é de total confusão existencial. Ninguém sabe mais se é a fé ou a razão as verdadeiras motivadoras da existência de cada indivíduo. Na dúvida ambas são conectadas às futilidades da vida. O pós-moderno é característico da descrença, e o super moderno da crença excessiva no sagrado e na vida tangível (algo como um carpe diem evoluído).

Indivíduos perdidos entre a razão e o espiritual, tentam se salvar no céu e na terra. E para completar a bagunça ideológica, tem o meio ambiente como novo paradigma. Pra mim é assunto velho e ultrapassado, mas o mundo descobriu o quanto é "cool" preservar ideologicamente o meio-ambiente, porque apenas no campo da ideologia se preserva algo. O mundo de repente vai crescer zero porcento em 2009 e todos estão preocupados com a crise, o poder de compra despencando - como é que se pode querer salvar o planeta e ao mesmo tempo crescer mil porcento ao ano, comprando e vendendo alucinadamente.

O super-moderno é assim, todos pensam que são atuantes e que realmente transformam a vida e o mundo. Todos querem se salvar, mas sem muito esforço, garantir os privilégios e ser livres da fé - mas nas horas de aperto, que a fé lhes salve a razão. O passo adiante da modernidade foi a descrença, e agora a crença na descrença quando assim for proveitoso.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

incomunicabilidade

Pois é, um tema que eu adoro, mas nesse caso não sou autor e sim personagem. Tenho tido sérios problemas pra me comunicar e transmitir idéias. Não sei que há de errado, porque isso faz parte de um processo que se iniciou em 2007. Não consigo por exemplo passar o que pretendo fazer pras pessoas que trabalham comigo. Tento via desenhos, esboços, rascunhos e o diabo...desfuncional. Fui ler algumas biografias, de Bergman à Brecth, mas só encontrei descrições e curiosidades sobre a vida e carreira deles. Nenhuma coisa ou notinha que seja a respeito do processo criativo deles com suas equipes, etc e etc. Lembrei então de Antunes filho, que o Sesc fez um documentário sobre a vida dele, especialmente sobre o trajeto artístico no teatro, mostrando os processos de criação, invenção, desconstrução, revi algumas cenas, mas foi pior, porque me confundiu ainda mais. Antunes é um tanto alienígena. Esse povo do teatro todo não é da Terra. Eu fico fascinado com eles, mas não os compreendo totalmente. Então estou eu aqui fracassado sem saber o que dizer (ou melhor tenho muito o que falar) mas não sei como, qual linguagem e idioma. Merda.

domingo, fevereiro 15, 2009

fracasso de público e crítica


Diante da dificuldade em se arrumar no meio audiovisual já penso em possibilidades distintas - aos 30 anos posso de repente fugir pra um templo budista e garantir um rango integral e um lugar ao céu ao lado de Buda (humf suspirando). Se o céu não existir que eu vá pro inferno mesmo - de repente ser profissional liberal BDSM - descobri uma mulher chamada MADAME LUXOR de Porto Alegre que cobra de 500 a 1600 reais pra realizar fantasias sadomazoquistas de homens (aqueles que são coroas casados e enrustidos e adoram vestir a calcinha das esposas). E ela especifica muito bem no site - ela não faz sexo, não transa, não é puta, ela recebe a grana pra dar umas chicotadas nos caras usando roupas de latex, botas de um metro de salto e máscaras, algemas e etc. Conversando com uma amiga minha de Sampa super entendida nesses assuntos já que ela é do meio, ela me disse que também já está pensando em largar a profissão dela e ser dominatrix profissionalmente (ganharia mais e não se desgastaria tanto ). Bom, estamos estudando uma sociedade. Quem sabe...eu serei um tipo de Zorro pós-moderno com chicote em mãos mandando ver no lombo dessa gente. Quem tiver interessado eu vou cobrar "300tão" cada sessão. Mais barato que a Madame de Poa. É a sobrevivência. Au revoir

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

fotogramas




Enquanto lá fora chove (o título do meu livro de gaveta) mas literalmente enquanto a chuva acaba com o mundo lá fora - fico nos meus aposentos assistindo videomakers via youtube e tenho descoberto trabalhos dos hermanos latinoamericanos muito interessantes, mesclando performances e audiovisual. Descobri um estúdio de multimídia chileno chamado "Phenomena" que faz video danças. Através da coreografia contemporânea relatam temas por uma linguagem abstrata.
A linguagem exaurida de trama ou estória linear liberta o expectador da relação temporal com a peça audiovisual. Mas o que facilita a compreensão, por um lado causa uma entropia pela ausência linear de fatos. A trama parece ser ocasional, quem sabe perdida num espaço atemporal, como se as ações dos possíveis personagens estivessem na marginalidade da razão. Enfim uma experiência visual interessante pra quem está cansado dos sígnos e seus respectivos significados da imagem contemporânea pictórica. Sem alongar muito esse papo intelectualoidesco - alguns fotogramas que selecionei estão aí...








terça-feira, fevereiro 03, 2009

Sem vontade de escrever e pensar ao mesmo tempo. Pensar é todo instante. Mas depois ter de escrever, haja concentração, coisa que me falta no momento. Assim não consigo completar nada, tudo está incompleto, meus trabalhos digo, mas é uma metáfora para minha vida toda - cheio de retalhos incompletos ou fragmentos, que soa mais culto. As pessoas por aí não me interessam mais e isso também é uma droga. Daqui, hoje, não sai nada que preste. Câmbio. Desligo.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

claustrofobia social

Esta aí uma nova patologia que eu mesmo criei pro mundo globalizado. Os vitimados de claustrofobia social sentem um tédio diário, uma desavença com a unanimidade, estão frequentemente entediados com tudo aquilo que os outros acham certo e bom, e não encontram nada muito interessante em grupos de pessoas. Festas e comemorações são aborrecimentos, encontros familiares e discussões numa mesa de bar é um algo inútil. A claustrofobia social dá uma sensação de lugar ausente ou nenhum lugar "nosso", de fato, qualquer espaço é estranho. Os sinais vitais desse "maul" é achar a maioria dos outros desinteressantes, ao ponto que, conversar com um vira-lata bonitinho e esperto na calçada é mais divertido. Ignorar todas as datas e convenções humanas é o básico. Preferir livrarias e ambientes com cheiro de café e silêncio é tradicional dos portadores de claustrofobia social. Ah, dificuldade em identificar-se dentro de um nome sobrenome, criar pseudônimos frequentes e nunca chegar numa definição. Por fim a insônia, uma paixão pela criação de idéias. Rejeição pela falta de utilidade das coisas do cotidiano. Não confunda com pânico ou algum transtorno de personalidade. Tudo está absolutamente tranquilo. Esse é o problema. Sorria você está sendo filmado.

domingo, janeiro 18, 2009

Queria pedir demissão de tudo

Entre cansaços e cicatrizes da vida, um desânimo, chateações, tristezas. Gerald me disse que esse blog é um oásis, triste mas bonito, ele que pediu demissão da vida virtual graças a sua MaMa que mandou ele parar de escrever nessa coisa estranha chamada blog e escrever para teatro. Ele dá adeus ao que tudo indica e antes de tudo mandou recado ao Brasil, como sempre fora do eixo, perdido e iludido entre o poder e a morte; a esperança em querer SER sem nunca ter SIDO. Quem não entendeu vá lá no blog do Gerald no IG e leia o penúltimo texto. Eu também deixei de ser um comentarista/leitor de blogs. E sequer faço uso deste espaço, meu oásis, as coisas parecem que turvaram de vez.

Sou como o Brasil, "quiz ser sem nunca ter sido" e perdido dentre múltiplas identidades o que demonstra uma total ausência dela - IDENTIDADE comigo mesmo e com outros, familiares, pais, irmãos, pessoas. E o cotidiano consumindo toda dignidade, toda alegria, paixão, entusiasmo, à deriva nessa cidade de paredes de concreto que nos fecham claustrofobicamente, a Grande São Paulo que vai daqui até ali, não chega em Londres, Paris, Dubai, Tokyo...eu não sei mais, sinto falta de coisas, coisas na minha existência.

Sinto falta de ter lutado na resistência francesa em Paris contra os alemães, de lutado contra os turcos, ou ao lado deles, de ter assistido à uma palestra de Freud ou Lacan, de ter assistido Woodstock, Stockhausen, Gardel ou Astor, Picasso, Lênin, Mondrian, o teatro de Beckett, Genet, os filmes de Chaplin, ter comido um hamburguer alemão na Alemanha, um sashimi em Tókyo, um grilo na China, um passeio nada turístico por Londres fria e cinza, de ter visto Lennon ser alvejado, da Yoko nua na TV, do Jagger com batom vermelho, do Gandi pacifista, do Muhammed Ali boxeador, até do Pelé no tempo que se usava chapéu em estádio e São Paulo parecia mais bonita, aberta e arejada. Sinto falta dos monstros e vilões radicais...sim, não, não me entendam bem. Prefiro continuar a ser incompreendido. Pra não causar pânico...

Eu estou vazio e sem heróis, sem admirar familiares, meu pai é um estranho no ninho, uma coisa distante de mim, não recordo fotos antigas com nostalgia. Só lembro que ainda criança por raros momentos acreditei que ele era ALGO, um herói. Meu pai é um estranho, uma coisa vinda à terra para atormentar. Ele é o anti-heroi da humanidade que me secou as lágrimas. E com resultado admiro hoje nesse mundo que me cerca, que é absorvido por mim através dos sentidos, admiro apenas cães de rua, vira-latas e minha cachorra amada, algumas memórias recentes e bem vividas à dois; e nada mais. Nada. O mundo anda girando depressa para os tolos. E aos perdidos o mundo emperrou. A Terra está para mim girando em falso enferrujada em entulhos. Acho que devo me demitir dessa coisa de blog também. Que estórias vou contar no futuro...nenhuma.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

300


Esse é o número 300 desse negócio chamado blog que vai completar 3 anos de fracassos e resmungos poéticos ou pessimistas que deixaria qualquer guru da auto-ajuda broxado por muito tempo. Eu iria postar um artigo, falando do papel da arte, da auto-ajuda e da religião, mas sinceramente achei muito complicado, tantas linhas pra se ler, inútil, tanto quanto a bendita revisão da língua portuguesa. Num país que ninguém escreve sequer bilhete para que se preocupar com os hífens e os acentos. Aqui ninguém escreve ou lê, estão todos no celular, falando como maitacas. E para meus gurus da auto-ajuda que tanto vendem o poder da mente como caminho para o sucesso eu não deixarei nenhuma palavra de motivação ou inspiração; até porque esse mundo não me inspira nada. As pessoas, as mulheres (como mulheres) e toda parafernália eletrônica e informação - seria a revanche do niilismo?


Parabens pra minha linda pastora alemã, Hanna 13 anos, tão linda quanto o Rex da série austríaca (na foto Rex da primeira temporada com Moser - Tobias Moretti que na série morreu quando o ator decidiu deixar o programa)

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Sofro do mesmo cansaço de Virginia Wolf. O mesmo que a levou ao suicídio. Não dá pra explicar muito bem por palavras. É apenas um descontentamento com a vida. Não que haja desgraças, traumas e injustiças da vida comigo. Não é isso. Se fosse isso, seria melhor, teria um sentimento de revolta, de revanche, partiria para batalha, lutar e sangrar, conquistar, vencer aquilo que deve ser vencido. Mas não há nada que deva ser vencido. Não há guerras para se travar. Minhas trincheiras são refúgios de moscas, sapos e baratas. A vida pra mim não é injusta, o mundo não me deve absolutamente nada. Por então dizer, não tenho tantas razões. E o básico do cotidiano, este é insuportável, as pessoas ao redor nada cativantes ou interessantes, estão praticante cinzas. Sou um daltônico balzaquiano, uma visão pálida, esbranquiçada, sem sal, sem açúcar. Não há livros sacros ou auto-ajuda que resolva, best sellers inúteis que minha razão destrutiva faz questão de rechaçar e ignorar. Estive lendo Anthony Robbins, um tal guru da neurolinguística. Uma bobajada sem fim, pra vender milhares de edições e faturar com palestras por todo mundo. O discurso dele é o mesmo dos pastores evangélicos, que abandonaram de vez a liturgia para prover palestras de ajuda mental e espiritual e vender o sucesso aos fiéis. Na atualidade liturgia é inútil. Todos querem, inclusive os crentes algo maior que o pedaço do céu. Desejam motivação, entusiasmo, força mental paa vencer trincheiras, conquistar, lucrar, sucesso pessoal e profissional - aqui na terra dura e crua. Rituais sacros não servem. Por menos disso Virginia Wolf não suportou. E até quando vou eu aguentar!?!?!?!?!?!?!?!?!!??!?!?!?!?!?!?!?!?!????????

terça-feira, janeiro 06, 2009

desnudar-se em horário nobre

Por curiosidade fui assistir a minisérie da Globo, talvez um dos poucos resquícios de dramaturgia de boa qualidade da porcaria da TV aberta brasileira e fiquei impressionado com a coragem de se expor do diretor Jayme Monjardim, filho da cantora falecida "Maísa" escrita por Manoel Carlos, e também da gratidão que ele teve com ela ao adotar artisticamente sobrenome da mãe, já que ele é por herança um Matarazo, nome das mais tradicionais famílias de São Paulo. Dirigir a série que mostraria sua mãe como uma alcoolatra e perdida, frágil e decadente não é fácil. Eu acho que não conseguiria. Sei lá, se eu fosse escrever sobre meu pai e falar de todas as merdas que vivemos e meu olhar decandente que tenho e já tive diante dele - quiçá dirigir um filme ou sei lá o que expondo tudo isso, ser o diretor e ao mesmo tempo personagem, organizar as cenas, dizer aos atores como ser e fazer - "não é assim, tentem ser mais derrotados". Tente pegar sua vida mais pobre e miserável e transformá-la num filme ou peça de teatro - rasgue suas essências, sua verdadeira imagem, desnude diante do público. É um estupro existencial. Eu deveria fazer isso, mas...

Hoje estava como Michael Douglas em "Um dia de fúria" - faltou-me pouco para botar fogo em casa, e sair com um taco de beiseball quebrando os vidros dos carros estacionados, ou explodir um supermercado com um bazuca e depois roubar um tanque e cruzar São Paulo, como um israelense, invadindo nossas faixas de Gaza e amassando veículos enfileirados do trânsito, paçocas de aço esmagadas, até meu tanque cair num precipício. Imagine só, um tanque despencando de um abismo, um Grand Canyon em plena Avenida Paulista - preciso dormir.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Queima de fogos em Gaza.

Gaza - 2009 - Feliz Ano Novo?



Uma família palestina com venda nos olhos, estão na mesa de jantar comemorando o reveillon. A televisão ligada mostra a queima de fogos em todo mundo. O pai chama atençao dos filhos para a festa na Australia, em Copacabana, Paris e Londres. enquanto conversam e jantam as bombas explodem lá fora. A casa trepida, eles agem como fossem invisíveis ao bombardeio.



Pai - Vejam os fogos, não é bonito. É o reveillon de Paris a cidade luz.


Filho - não estou vendo nada.


Mãe - Agora é Copacabana, no Brasil, na praia.


Filha - tbm não vejo ... quando vai começar a queima de fogos aqui papai ??


Pai - Acho que esse ano não teremos filha.



O narrador da TV continua anunciando as festas de fim de ano em todo mundo. Argentina, Rússia, Shangai, Pequin, Tokio, São Paulo, Nova Iorque.



Mãe - alguém quer pão sírio?


Filho - eu quero, vamos pular sete ondas na praia esse ano papai ??


Pai - não, não, temos que rezar depois. Vamos orar e agradecer.



O narrador muda de notícia, começa a falar sobre bombardeios em Gaza, na Palestina. Todos se voltam atentos à TV. O velho até para de comer. Ainda estão todos vendados por um pano preto nos olhos.



Filha - É nossa queima de fogos papai...


Pai - Sim filha.


Mãe - Acho que já é ano novo.


O narrador diz o número total de vítimas e a morte de crianças. Em seguida chama um merchandising, vendendo uma churrasqueira lançada por George Foreman e Muhamed Dali. O noticiário retorna enfatizando a operação em Gaza.


Filho - pai, quando uma criança morre vira um anjo ??


Pai - sim, isso mesmo, é obra de deus.


Mãe - tudo é culpa de deus.



A casa trepida mais forte, uma bomba caiu proximo, ouve-se gritos e desespero. As crianças correm para a janela.



Filhos - mamãe, é o ano novo, venha ver, corra.



Os pais ficam sentados na mesa sozinhos. O tremor derruba pratos, ela segura nas mãos do marido. Ele puxa a venda do rosto. Ela faz o mesmo enxuga as lágrimas. O narrador termina o telejornal brindando o ano novo. Antes, ele faz uma notificação - ao invés de 280 mortos já são 310 mortos. Novamente ele sorri, deseja um ano de muita paz e termina com o eloquente "boa noite". Os pais se olham resignados e recolocam as vendas nos olhos. Fim.