sábado, junho 27, 2009

Preto sobre branco ou vice-versa, o segredo que Michael levou pro caixão (o que malevitch tem com isso). Qual é tua cor, cara pálida?


Apesar do meu abandono recente deste recinto, me encontro atravessando desertos marcianos, como fizera Malevitch, tinha que escrever algo que fiquei pensando sobre o rei morto, Michael Jackson. Que diabo tem o preto sobre branco de Malevicth com Michael, afinal, que bobagem está passando por meus neurônios, quer saber, desistam de me entender. O velho russo dos tempos stalinistas viajou total e inventou a tal arte suprematista, que culminou bem mais tarde na programação visual do design, e daí? Michael levou pro caixão o segredo de sua amalgama aparência, aquele esbranquiçado que alimentou a mente dos fãs que o seguiam e da mídia avassaladora por notícias e boatos. A esta mídia não interessa a verdade, ele disse na TV - "tenho vitiligo", mas ninguém acreditou e criaram os fatos fantasiosos que ajudam a vender jornais, revistas e anúncios publicitários. A verdade nunca ajuda a fazer dinheiro. Os boatos sim.

Quem já viu um preto com vitiligo deve saber que a aparência fica realmente horrenda, o contraste da cor é muito mais enfatizado na pele afro. Alguém que lida com imagem como um popstar não pode se dar ao luxo de aparecer feito um dalmata na TV - fatalmente ele preferiu se transformar num fantasma esbranquiçado do que se ter a pele pintada de preto e branco. Brincou com isso no último hit "black and white" dos anos 90. A mídia não quis a versão oficial e criou a sua própria nefasta realidade. E foi exatamente nesta década que ele entrou em decadência. Sua capacidade de se reiventar começava minar, não há ninguém com capacidade de revolucionar a si mesmo tempo todo - algo difícil, mas penso eu, que trabalho com criação, arte, o quanto é difícil tentar produzir, criar, conceber e não conseguir, a motivação se esvai, causando uma frustração interna, fragilidade mental, algo difícil de explicar em palavras, muito diferente de não poder comprar um carro zero - talvez seja isso que frustre a maioria da massa populacional. Com dinheiro de sobra, ele comprava tudo, até uma terra de Peter Pan, até filhos com enfermeiras desconhecidas, a ausência de criação explica a excentricidade com o dinheiro.

Durante duas décadas o rei morto do Pop comandou os palcos e sua família de músicos intermediários. Não vou repetir, suas inventividades e contribuições ao pop e todos seus herdeiros popstars que o copiaram na sequência (toda a porcaria que veio depois como Backstreet boys até a retardada da Britiney) - o pop também modificou-se passando a soar na velocidade da era digital e abandonando o caratér mais bluzeiro e jazzista dos anos 70 - Michael não conseguiu acompanhar nos anos 90 essa renovação patética e frustrado por não continuar inovando, se entregou aos vícios da hipocondria que o levou ao fim. Quem já tomou tarja pretas e psicotrópicos para controlar o humor, os transtornos de personalidades, sabe bem, da gangôrra sutil que existe nisso - qualquer desequilíbrio e você capota. Nenhum psiquiatra renomado pode garantir o sucesso permanente dessas drogas da felicidade. Sempre uso o chamado sorriso falso estampado na face como metáfora a respeito das "pílulas de Merlin". Foi acusado de pedofilia porque sempre esteve ligado com crianças, mantinha aquela voz fina e infantil, até então, nada diz nada. Nenhuma prova, de fato mesmo ficou os milhões que ele pagou a suposta vítima, quer dizer, aos pais da criança que o acusaram. Na corte foi inocentado.

Mas sua aparência fragil e infantil sempre se inverteu no palco quando dominava dançarinos e público com seus movimentos robóticos e passos flutuantes. Isso ele também perdeu. Apagou-se. Madona também passou pelo lapso criativo dos anos 90, sempre amparada no sexo, pra ela uma bon vivant assumida, foi bem mais fácil. Na história tem casos assim. Madona está mais pra Balzac, um escritor genial que não se furtava dos prazeres da vida. Contudo Madona não me parece nada genial, trivial no máximo. Michael está mais para um Van Gogh, com dúvidas sobre sua sexualidade, sua existência, isolado do mundo, atravessando desertos . Não sei se o rei morto era um gênio. Andy Warhol quase contemporâneo ao Michael foi muitas vezes chamado de mediocre, só depois de gênio da Pop Art. Se ao transformar lata de sopa em obra prima lhe fez de genial, Michael também pode ser genial, abriu as portas da Pop Art para música, além da voz, deu para música uma cara - fez literalmente o audio e visual. No final das contas ele era um menino envergonhado que ficava gigante no palco e se perdeu nessa merda de existência. Mas quem não se perde, heim. Fodam-se os normais e intelectuais, sejam pretos ou brancos. Eu, sou verde.

quinta-feira, junho 11, 2009

sexta-feira, junho 05, 2009

O problema de pensar...

A vida é patética, é um clichê, o problema é lembrar disso sempre, eu tenho essa mania em analisar os fatos, anterior e posterior, depois me dá um desânimo de morte, uma vontade em desaparecer ou atropelar tudo com um tanque de guerra, destruir mundos idênticos e deixar tudo em ruínas, pra depois quem sabe surgir algo especial. Essa coisa de sobrevivencia me martiriza. E teimo em observar pessoas, sobre o que fazem de suas vidas. Fico deprimido. Depois piora, quando vejo a mim mesmo dentro desse círculo novamente patético. Quanto aos meus familiares, sempre com as mesmices de ontem e anteontem, nunca surpreendem ninguém. Tento fugir deles, sempre me perseguem. Vivem apenas o cotidiano, repetem mesquinharias, vícios, conversas, tudo me satura, me desgasta. Eu não me vejo em nenhum lugar, laços sanguíneos, graus de parentescos, pro diabo tudo isso. Com pessoas alheias, colegas, conhecidos, amigos virtuais (será), não é diferente. Eventualmente tenho necessidade de apagar a memória de cache, me limpar de qualquer corrente ou amarra. Como se funcionasse - bobagem. Antidepressivos não resolvem essas inconstâncias, porque simplesmente as pílulas de Merlin não tornam as pessoas, os outros, mais interessantes. Um tarja preta só esboça um sorriso idiota na boca, pouco convincente, mas o além disso, pelo menos pra mim continua entediante e insuportável.