terça-feira, maio 19, 2009

notas da letargia

Voltei a escrever com mais objetividade. Um segundo livro de gaveta, o primeiro está parado no HD, já revi duas vezes, e se fosse ler agora, reveria muitas coisas. Esse primeiro escrevi em 2007, espontaneamente em dois ou três meses. Dessa vez escrevo outro livro, mas não espontâneo, mas planejado, cada parágrafo, detalhadamente revisto. Tipo de escrita que precisa de paciência e concentração por meses e anos. Coisa que me faltará com certeza. É um texto que adapto de um roteiro que fiz em 2007 pra uma oficina de cinema no SENAC - uma família de judeus em torno do corpo do pai morto, recém falecido, três filhos e a viúva. É somente isso. Um investigando o outro, através de pensamentos e ironias. Tudo acontece numa noite e numa madrugada. Nada de menções do holocausto, nem datas, na minha cabeça se passa no pós guerra, alguém pode ler e imaginar o ano de 2050, quem sabe; uma família que escapou do nazismo e sobreviveu na Europa destruída, contudo eliminei as datas e até mesmo o país que estão vivendo o presente. Mania de atemporalidade. A coisa acontece em tempo real. Verdadeiramente, não sei porque escrevo esses livros, não sinto muito interesse em publicar, não vejo saídas, a literatura contemporânea não existe. Internet, blogs, google e celulares 3G, ocupando todo o espaço dos livros. Quem pode competir com a parafernália virtual, digital, todo esse lixo via bluetooth, apitando e vibrando nas bolsas, malas e bolsos alheios.?! Quem? E no mais, os grandes autores já deixaram a herança. Nunca se leu e falou tanto de Machado, de Guimarães, de Clarice, Proust, Beckett (tão encenado atualmente, já diria Gerald), Goethe, Shakespeare, Balzac. Pra que precisam de mais um escritor novato, perdidos nesse século desnecessário. Estou a meses pra enviar contrato pra MOJO BOOKS (não sabem o que é isso) - pesquisem o site pelo google. Escrevi pra eles ano passado uma peça baseado na Nona de Beethovem - eles gostaram e me mandaram o contrato, apenas por formalidade já que é um micro livro virtual gratuito que eles disponibilizam para download. Até agora não enviei nada, não senti vontade alguma de ser lido. Vou publicar um livro pra satisfazer quem, a mim? E vou dizer, sou escritor, publiquei um livro pela editora fulana, com tiragem de meia dúzia de exemplares, que não irá significar nada na era pós-moderna - porque hoje nada define nada. E não serve de nada.

7 comentários:

Anônimo disse...

Há um frase de Pirandello, na boca de um de seus personagens, um crítico literário que diz: _ "Chega! Chega desse niilismo espasmódico e dessa volúpia de aniquilamento".
Toda vez que te leio lembro dessa frase...Será por que?
Mas gooossstttiiiiooo!!!
Kisses

Maurício Fonseca disse...

HUauha...caro anonimo, boa citação, como nao sei quem é e como responder, fico agradecido pela presença...mas se quiser pode se apresentar, no mundo virtual não há RG.

Abraços

Anônimo disse...

Caríssimo eu bem que gostaria mas... como diria Raulzito: _É bandeira demais brother..."
Tú és persona mui grata de alguns seres cujas sensibilidades andam melindradas comigo e iam me difamar tal qual a frase que abre "O Processo", Kafka, "Alguém certamente deve ter caluniado Josef K.".
Assinarei como "ANONIMA X",valeu?!
Vc é essa belezura toda aí na foto?
haushaushaushaushaus
Kisses
ANONIMA X

San disse...

Pois é...Estou começando a sentir falta da coleção vagalume. Talvez enxergaríamos uma luz no final do rabo...ops...túnel!

Anônimo disse...

Voltamos ao feudalismo, meu caro Watson. Bach, Beetoven? Não! escutem funck, Calipso e mais uma centena de lixos. Mas, só para a curiosidade de seus sensíveis, acho que você deveria publicar SIM.

Anônima Y

Unknown disse...

Hummmm...

Anônimo disse...

hummm... (2011)