domingo, fevereiro 25, 2007

Monólogos de um velho



Vou contar um conto que nunca contei,
nem pros meus netos

O homem que não chorou

"Ele não chora desde que nasceu,
nunca chorou, nem ao nascer, como pode?
Nasceu rindo então, que infeliz é esse que
nunca derramou uma lágrima,
que jamais soluçou em prantos,
que sequer balbuciou palavras choradas ao vento...
Infeliz é quem chora demais
disse o homem que nuncachorou"





E o velho tomando café...

Pombos...
A cidade está invadida por eles.
Malditos pombos ficam aí voando,
sujando de merda nossa vida de merda.
Eu sou velho, eu posso resmungar,
posso falar a palavra merda quantas vezes
eu quiser. Uma das coisas boas que os muitos
anos de vida nos dá é a possibilidade de falar
tudo que nossa garganta, língua e estomago
desejarem despejar à essa merda de vida.
Afinal pra que devo me preocupar com minha
reputação; à merda minha imagem, eu digo à vocês,
não gosto de pombos.Eu estou descendo ladeira
abaixo, sou velho, quantos anos de vida você acha
que ainda terei? Que merda, não responda seu moleque.
Eu vou lá ficar medindo minhas palavras.

Ah vá a merda meu rapaz...



Um velho divagando...
O mundo anda pra frente e eu para trás.
Mas mesmo assim não sinto que estou
decaíndo nem fracassando. Talvez me distanciando
do que é dito normal. Na minha ótica o normal é o
meu melhor, mesmo que isso seja distinto do
resto da sociedade. Não me lembro quando me
tornei isso que as pessoas chamam de estranho.
Pra mim é perfeitamente normal, e sim eles são
esquisitos. Ora, eu me tornei perfeitamente independente
da maquinária humana. Tal engenharia é obsoleto.
Eu sou um matemático da vida, que aposenta
os números arcaicos, equações sem respostas,
nada práticas, somente experimentais. Dizem que
sou errado, mas enquanto todos estão certo, eu vejo
essa patifaria, essas guerras sem fim, essa merda toda por aí.
_ Dra Rosa, vai lhe atender agora...
_ Obrigado mocinha, poderia me ajudar a me levantar?
(publicado e escrito originalmente no diário de
bordo orkutiano de M.P.F.F sob o epípeto de Maul - ano 2006)

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Monólogos orkutianos

[TEXTOS PROFANADOS VIA AUTO SCRAP NO ORKUT NO DECORRER DO ANO DE 2006]
Deus? Deus nos esqueceu desde que terminaramo volume final do livro sacro. Porque seráque os povos de Deus, sempre são conjugados com verbos do pretério mais que perfeito e nunca no presente ou no futuro? Porque as antigas civilizações tiveramos privilégios de seres sagradas e ganharem terras prometidas, milagres dos peixes,arcas, efeitos especiais no Deserto,pragas de gafanhotos e nós do presente temos que ralar, não há milagres que curem os males,nem multiplique os peixes e pães. Ao contrário, os mares e rios cada vez mais estão em greve, nossas pescarias minguam , e faz calor, muito calor. A terra está suando frio, pronta pra vomitar.Deus é verbo do passado,é coisa rara, antiguidade de museu, é múmia em sarcófago, é fossil, é madeira petrificada.E nós deixaremos o que, afinal de contas, não somos o futuro.
Caixas...Há caixas e caixas...Quem acreditaria que uma vida cabe numa caixa...
e não precisa ser de aço pra aguentar o fardo, as melhores
são de papelão, fáceis de abrir, a qualquer momento.
Contudo, como nada é perfeito,os ratos adoram roer,
se alimentam de nossas vidas, caixas, são elas que reclusam
nossas mesquinharias,eu diria, deixamos lá num canto qualquer,
todos os segundos,dos malditos minutos, das miseráveis horas
e anos, décadas...Estamos feitos temos caixas caixas de papelão.
Foi por acaso, estava carregando seu pulmão meu bem,
sabe como é a pressa, inimiga da perfeição de repente,
não vi o que estava à frente, tropeçei num buracono meio do
assoalho e derrubei seu pulmão juro, espatifou no chão
ora, não sabia que existia pulmão de cristal

E pela janela via-se a noite cair,
tantas palavras trocadas, ao fundo
a TV ligada nossas roupas espalhadas pela casa,
pela janela nós víamos a noite nos abraçar...
Não esquecemosde olhar o céu
pela última vez, a lua na noite
estrelada, não precisava ser acheia,
poderia mesmo ser a minguante,
assim como todo o
amor do mundo ...minguante


Não sei o que teria sido se tivesse
vivido todos os nãos que eu disse.
Talvez esteja vivendo os nãos em
outra vida e nesta esteja vivendo os sims.
Nunca pensei que não e sim tivessem plurais.
Sabe aquelas palavras que a gente vive falando,
mas nunca escreve, como "pentear o cabelo".
Isso não soa tão prosaico. E o que dizer das reticências...
Nunca vi mais gorda.
A seguir - Monólogos de um Velho

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Indústria cultural na UTI

Ainda lembro ao entrar pra faculdade de desenho Industrial e depois publicidade, logo de início era obrigatório a matéria - Teoria da Comunicação. Então aprende-se que tudo que somos é fruto de uma indústria que manipula o imaginário Social. Lembro do filme - Cidadão Kane de O. Wells que o professor mostrou em sala.

Depois disso tínhamos de aprofundar nos textos complicados dos teóricos alemães - a Escola de FrankFurt que dentre outras coisas relatou e firmou presságios a cerca da comunicação de massa.

Isso foi nas primeiras décadas do século XX. Impactadas pela Arte Moderna, pelas descobertas da eletrônica, de Freud, Darwin e guerras na Europa. Walter Benjamin como um Nostradamus pintou a cena que décadas depois seria chamado de mídia de massa. Ele não adivinhou, mas através de estudos e claramente de sua percepção humana fabulosa revelou o que viria a ser a mídia na sequência do século. Aí nascia a Indústria cultural.

O que era chamado de Indústria cultural passou a ser arte comercial. Não é difícil ouvir músicos, artistas plásticos, cineastas falarem de arte comercial. Filmes "blockbuster", música Pop, TV aberta, MTV, tudo isso na visão de alguns é comercial, portanto industrial.

Por ironia, justo a Globalização que deu o primeiro tiro, e acertou o pé, deve estar fazendo rir W.Benjamin, Adorno, Hockeimheimer e outros teóricos da Escola de Frankfurt em suas respectivas tumbas. Eles que criticaram o uso da comunicação de massa por descaracterizar a obra de arte, desfragmentando sua essência em troca da comercialização, que levaria pessoas a uma alienação - alguma semelhança com nossa realidade é inevitável, então dizendo novamente, eles que criticaram hoje se estivessem vivos estariam vendo o retrocesso promovido por duas coisas: evolução digital e pirataria.

Essas duas filhas da globalização são responsáveis por iniciar uma nova caminhada que talvez leve as Multibilinárias companias de comunicação e entretenimento ao desaparecimento. A produção de conteúdo cultural para as massas e seu domínio e distribuição começam a ser ameaçados pela tecnologia digital e toda parafernália eletrônica.

Ainda lembro que a visão panóptica, estudo pelo qual os mesmos teóricos alemães também desenvolveram está ligado nessa coisa toda. A internet criou naturalmente um submundo para a pirataria, mais do que isso, deu ao consumidor final o poder de distribuir, se apossar da produção comercial. Resultado disso,pode ser observado nas quedas de lucros das Gravadoras internacionais como EMI, a queda de vendas de cd´s e dvd´s, as grandes lojas de varejo como Fnac´s, Virgin, e sei lá quais outras fechando as portas, músicos que antes ganhavam milhões sendo obrigados a aceitar cachês modestos e vendagens humildes.

Pra quê escrever livros, se serão escaneados e digitalizados e distribuídos gratuitamente através de uma rede sem fim, de blogs, HD´s virtuais, sites de comunidades como orkut, youtube. Se antes os carinhas faziam livros, albuns de música pra vender milhões e ficar ricos, famosos e viver a luxúria, agora terão de se contentar em ganhar o necessário pra pagar as dispezas.

Ainda está no começo, mas a revolução dos arquivos MP3 que o Napster lançou alguns anos atrás e o Metalica caiu de pau era verdadeiramente o caminho. Isso talvez acabe a farra de bilhões multimídias, de uma sinergia de vendas e pós vendas de filmes, shows, músicas, coisinhas que parecem bobagens mas fazem da humanidade fantoches imbecis e mecãnicos.

Porque não dizer, que irão sobrar apenas os verdadeiros e absolutos artistas, que estão se ferrando pra lucros, pra milhões e fama. Que fazem arte, como se fazia nos tempos de Vivaldi, Mosart, Velazques, Mondrian, duchamp. Alguém acha que esses artistas se tornaram mestres imaculados no tempo de vida ou somente depois, alguns séculos depois, que morreram????? Foi-se a era de Elvis Presley que mesmo morto, se é que morreu, continuou ganhando milhões, de Paul Mccartney que tem os incríveis 1 bilhão de dólares de fortuna, Mick Jagger, M.Jackson, e uma lista de ricaços.

As redes de TV, que aos poucos irão perder os horários fixos de propaganda, bem como perder os direitos de exclusividade de sua grade de programas, pois TV e informática já estão integradas e então, caiu na rede, é peixe. Não haverá mais exclusividade, portanto, não existirã o interesse em comprar pacotes de filmes, séries de TV, pois tudo será democraticamente pirateado, copiado, legendado por fã-clubes que de computador a computador na velocidade das bandas largas cada vez mais rápidas distribuirão tudo de graça.

Será o fim então de Globo, ABC, CNN, BBC, Direct TV, Sony Fox, LOST, Seinfeld....

Se as poderosas permitirem, mas sequer acordaram...Ouvi dizer que Rupert Murdoch está interessadíssimo em investir na distribuição de vídeos via net. Estão pedindo mais banda larga, mais bytes, mais e mais. Isso abram as pernas. Entrem de cabeça

Que bom...

Eu tô querendo mesmo que esse mundo se exploda de raiva...

Mundinho chatinho...huauhahuauha -

Pablo Montevideu.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

stand up real comedy



Há algum tempo eu me cansei da Propaganda, principalmente da Moderna. Devo ser um saudosista, sem saber disso, descobri faz pouco tempo. Todas as parafernálias digitais do momento não me dispertam interesse. Falando francamente, a vida não tem me dispertado nada, o mundo, a rotina, as pessoas, as coisas. A vida pode ser uma merda pra quem pensa ao mesmo tempo com os dois lados do cérebro.

Eu tive problemas com diretores de arte. Cansei da mesmice, do olhar burocrático que eles enxergam as coisas. Cansei da soberba de intelectuais diante de tudo, como se pudessem resolver qualquer merda com um layout lindo e infalível. Como se apenas eles pudessem transformar asneiras em grandes soluções. The big idea.

Eu me demiti, fui o próprio Justus de mim mesmo. Aquele sujeito engomado, chato e pragmático que fica lá demitindo as pessoas em jogos idiotas de um show de TV todo armado e pensado. Só reflete o que rola hoje nas empresas e agências. Somente existe olhos para a forma e não pro conteúdo.

Sabe aquelas meninas que compram uma revista e folheiam as páginas em 5 minutos e depois jogam a revista no fundo do baú. Elas chamam isso de leitura. Se perguntar a elas do que se trata os artigos, não sabem - "o que é um artigo???? - elas perguntariam". Elas olham as fotos provavelmente. É assim que publicitários atuais, desses que são gerados em programas de TV, como se fossem partos mal acabados. São esses que levam bomba na prova da OAB, que super lotam os bares e butecos nos arredores acadêmicos discutindo a nova contratação do Milan - "o felômeno", como diria Giovani Brotta....ahahahaha

São milhões de grupos de pessoas discutindo os campeonatos, copas, torneios de futebol, basquete, voley, panamericanos, olimpíadas. Tudo isso repercutindo nos programas de debate esportivo. Quer coisa mais inútil, mas ridícula, escrota. As vezes eu me pego assistindo e percebo que a imbecilidade da mídia é altamente influenciável. Mas felizmente eu corto qualquer possibilidade de mensagens subliminares afetarem todas as minhas consciências. Ah e o MIlton Neves é publicitário. Vou vomitar nos meus diplomas.

Eu me desfragmentei em personalidades distintas, assim me permito viver em muitos mundos, tal qual o personagem central do meu Novel ilustrado. Estou desbravando o tal desenvolvimento sustentável, já que nenhum governo do mundo conseguiu isso e nos levou ao cataclisma. Tenho planos reservas pra caso minhas obras literárias e meu estudio de design rumem ao desastre. Já tenho uma sócia na praia, que me abrigará pra iniciarmos um empreendimento em São Vicente. Uma casa de massagem e Swing no litoral Sul...

Ao menos não terei de vender crianças pro velho mundo ou meu rim.