quarta-feira, setembro 26, 2007

Estórias

Meus olhos nada véem, mas não sou cego. Minha espinha é uma continuação de meu cérebro, é tão pensante quanto meus neurônios, na verdade, eles se ramificaram por todo meu corpo. Assim, sou nervos à flor da pele, sou sensível por inteiro. No coração, bombeia sangue, bate, meço no pulso, quando consigo encontrar as batidas, nem sempre com sucesso. Meu corpo reflete, sim, reflete meu mundo, de coisas inadmiráveis, parece então que tudo é cinza, as pessoas que me falam, as mesmas que me véem. As palavras nada dizem, embora qualquer palavra diz coisas, ou coisa alguma. Eu vou durmir na esperança de morrer, sem temer ausências e não prazeres. Carregar o peso do contemporâneo é muito sofrível. Viajar sem passsagens pelo corpo é enriquecedor. E quem deseja um fardo assim. Minha espinha pensa, porque ela é meu cérebro, e meus ossos são continuações de neurônios. Sou todo assim, todo pensamento.

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