sábado, junho 14, 2008

trechos

"Tinha uma roda lá, perdida no vendaval. Voou foi tudo, de dinheiro a documento de madame e estelionatário. Mas é dia de feijoada, contra o colesterol o pé de porco e a orelha são pra dar gosto – ninguém agüenta não, na hora de fazer o prato deixa-se de lado os suínos, diz o rapaz de camisa importada e gravata – é pro feijão carregar na gordura. Ah, ninguém mais suporta é a gordura que percorre esses cantos esburacados da cidade. Eu vou e não acompanho ninguém. Sei de cor todas as vielas e alamedas, mesmo quando máquinas arrebentam o assoalho. Das curvas fechadas, perigosas, sei tudo, e no final tudo dá em círculos, te digo, não adianta achar que sabe por onde pisa pra depois dar num lugar inesperado, a sobra é frustração."

(tirado do conto - Meio fio - do livro Depois do fim vem o mar - por Mau fonseca 2008)

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