sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Indústria cultural na UTI

Ainda lembro ao entrar pra faculdade de desenho Industrial e depois publicidade, logo de início era obrigatório a matéria - Teoria da Comunicação. Então aprende-se que tudo que somos é fruto de uma indústria que manipula o imaginário Social. Lembro do filme - Cidadão Kane de O. Wells que o professor mostrou em sala.

Depois disso tínhamos de aprofundar nos textos complicados dos teóricos alemães - a Escola de FrankFurt que dentre outras coisas relatou e firmou presságios a cerca da comunicação de massa.

Isso foi nas primeiras décadas do século XX. Impactadas pela Arte Moderna, pelas descobertas da eletrônica, de Freud, Darwin e guerras na Europa. Walter Benjamin como um Nostradamus pintou a cena que décadas depois seria chamado de mídia de massa. Ele não adivinhou, mas através de estudos e claramente de sua percepção humana fabulosa revelou o que viria a ser a mídia na sequência do século. Aí nascia a Indústria cultural.

O que era chamado de Indústria cultural passou a ser arte comercial. Não é difícil ouvir músicos, artistas plásticos, cineastas falarem de arte comercial. Filmes "blockbuster", música Pop, TV aberta, MTV, tudo isso na visão de alguns é comercial, portanto industrial.

Por ironia, justo a Globalização que deu o primeiro tiro, e acertou o pé, deve estar fazendo rir W.Benjamin, Adorno, Hockeimheimer e outros teóricos da Escola de Frankfurt em suas respectivas tumbas. Eles que criticaram o uso da comunicação de massa por descaracterizar a obra de arte, desfragmentando sua essência em troca da comercialização, que levaria pessoas a uma alienação - alguma semelhança com nossa realidade é inevitável, então dizendo novamente, eles que criticaram hoje se estivessem vivos estariam vendo o retrocesso promovido por duas coisas: evolução digital e pirataria.

Essas duas filhas da globalização são responsáveis por iniciar uma nova caminhada que talvez leve as Multibilinárias companias de comunicação e entretenimento ao desaparecimento. A produção de conteúdo cultural para as massas e seu domínio e distribuição começam a ser ameaçados pela tecnologia digital e toda parafernália eletrônica.

Ainda lembro que a visão panóptica, estudo pelo qual os mesmos teóricos alemães também desenvolveram está ligado nessa coisa toda. A internet criou naturalmente um submundo para a pirataria, mais do que isso, deu ao consumidor final o poder de distribuir, se apossar da produção comercial. Resultado disso,pode ser observado nas quedas de lucros das Gravadoras internacionais como EMI, a queda de vendas de cd´s e dvd´s, as grandes lojas de varejo como Fnac´s, Virgin, e sei lá quais outras fechando as portas, músicos que antes ganhavam milhões sendo obrigados a aceitar cachês modestos e vendagens humildes.

Pra quê escrever livros, se serão escaneados e digitalizados e distribuídos gratuitamente através de uma rede sem fim, de blogs, HD´s virtuais, sites de comunidades como orkut, youtube. Se antes os carinhas faziam livros, albuns de música pra vender milhões e ficar ricos, famosos e viver a luxúria, agora terão de se contentar em ganhar o necessário pra pagar as dispezas.

Ainda está no começo, mas a revolução dos arquivos MP3 que o Napster lançou alguns anos atrás e o Metalica caiu de pau era verdadeiramente o caminho. Isso talvez acabe a farra de bilhões multimídias, de uma sinergia de vendas e pós vendas de filmes, shows, músicas, coisinhas que parecem bobagens mas fazem da humanidade fantoches imbecis e mecãnicos.

Porque não dizer, que irão sobrar apenas os verdadeiros e absolutos artistas, que estão se ferrando pra lucros, pra milhões e fama. Que fazem arte, como se fazia nos tempos de Vivaldi, Mosart, Velazques, Mondrian, duchamp. Alguém acha que esses artistas se tornaram mestres imaculados no tempo de vida ou somente depois, alguns séculos depois, que morreram????? Foi-se a era de Elvis Presley que mesmo morto, se é que morreu, continuou ganhando milhões, de Paul Mccartney que tem os incríveis 1 bilhão de dólares de fortuna, Mick Jagger, M.Jackson, e uma lista de ricaços.

As redes de TV, que aos poucos irão perder os horários fixos de propaganda, bem como perder os direitos de exclusividade de sua grade de programas, pois TV e informática já estão integradas e então, caiu na rede, é peixe. Não haverá mais exclusividade, portanto, não existirã o interesse em comprar pacotes de filmes, séries de TV, pois tudo será democraticamente pirateado, copiado, legendado por fã-clubes que de computador a computador na velocidade das bandas largas cada vez mais rápidas distribuirão tudo de graça.

Será o fim então de Globo, ABC, CNN, BBC, Direct TV, Sony Fox, LOST, Seinfeld....

Se as poderosas permitirem, mas sequer acordaram...Ouvi dizer que Rupert Murdoch está interessadíssimo em investir na distribuição de vídeos via net. Estão pedindo mais banda larga, mais bytes, mais e mais. Isso abram as pernas. Entrem de cabeça

Que bom...

Eu tô querendo mesmo que esse mundo se exploda de raiva...

Mundinho chatinho...huauhahuauha -

Pablo Montevideu.

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