sexta-feira, outubro 19, 2007

Harakiri


Jamais tive época tão "braba" como estes anos últimos. Época em que pensei mais sobre suicídio, harakiri, enfim, estou de um cansaço mental, emocional com esse mundo e comigo, uma fadiga imensurável. Não quero mais fazer e nem acontecer. Estaria pra lançar um livro - que belo, que lindo e exuberante, lançar um livro, ser um intelectual, posar de inteligente e satisfeito - gente feliz e revolucionário. Não e não, abortei a idéia, meu livro está aqui impresso em páginas recicladas do modo "rascunho" do MICROSOFT WORD, grifado com caneta marca texto, as palavras que já deveria ter substituído por sinônimos indecifráveis, que eu julgo ninguém entender - e que eu realmente gosto e aprecio - de escrever pra ninguém compreender e manter meu "ar" tão enigmático.

Como disse estou cansado do mundo e de mim. Cansado das pessoas, das mulheres, como descrito abaixo, cansado de mim e desses "nuances" emblemáticos que me compus durante os anos. Cansado do meu humor duvidoso, das minhas poesias "geniais" e banais, cansado do meu ar de desprezo pela vida e da vida em desprezo pela razão. Cansado da mesmice e de todos que fazem o jogo, cansado de jogar contra a mesmice e ser dela um filho rebelde.

Cansado de ser, de Ser, e não ser, nada, além de uma matéria idiota. E antes que esse texto esteja com jeitão intelecutalizado, resmunguento, devo parar e dizer. Ando pensando tanto, mais tanto em largar tudo e me alojar num templo budista. Tem um em Cotia, lindíssimo, gigante e com belos jardins. Mas minha cabeça não para de pensar, de atormentar-se, e lembrarei que não concordo com muitos dos preceitos budistas. Estaria então mentindo pra mim mesmo ou apenas com segundas intenções, para ter um teto para morar no meu futuro arruinado.


“II y a toujours quelque choed’abient qui me tourmente”

C. Claudel


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