segunda-feira, julho 07, 2008

ANO II - "Aqueles dias"

O que foi você, assim
o que foi a vida, enfim
sequer pude notar sua placa
passou por mim acima da velocidade
lugar indefinido, sem pronomes possessivos
nada de Minha ou Meu
poucos rastros e vestígios
a polícia científica se espantou; nada
contratei os melhores detetives
vacilaram todos
eu cansei, desisti.

Vaguei em campos esbeltos
sem flores mas com multidões
nada diziam, minha língua ficou escassa
arcaica, de repente falo grego antigo,
não há quem possa entender
tempos atuais se fala linguagens digitais
me tornei uma múmia viva
com um ou mais fantasmas
sim, vocês duas aí, cada uma tão igualmente distintas
lerdo engano, lerdo pensar, que me mata-me mata-me
e sem isto ou aquilo já não posso viver

Procuro desesperadamente por um arquiólogo
traduza meu linguajar em novos alfabetos
transcreva meu pensar, eu sou um recanto empoeirado
uma cidade fantasma, um rancho de mato crescido
há dois anos, todo assim
daí de cima você pode me ver?
tem algo acima de nós, além da escuridão?
prefiro que não
prefiro despensar - dispenso
quero ir, partir e não sentir
nada mais, ser inabitável
uma poeira ao vento,
me aglomerar junto às rochas
simplesmente encerrar
quero deixar de haver, de existir
quanto a ti, vou-te pensar ao desvivido
quanto a outra de ti, vou-te pensar em nossa vida vivida
todas, ambas, na ausência
amor ausente
é meu presente (embora fiquem no passado)

E só. Já não sei !!

Poema/resmungo para duas mais belas flores do campo que cultivei

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei..está menos "cascudo"...
amolecendo aos poucos..(sei q vai ficar puto com esse comentário..) mas subjetivo demais prá eu dar minha opinião.poderia isolar os melhores trechos daqui um tempo,dar uma limpada, vai ficar um bom texto...
aguardo os resmungos, agora.
beijos