terça-feira, abril 07, 2009

Sampa minha desgraça

Fico impressionado com minha capacidade de me ferrar em São Paulo. Apesar de ter nascido aqui (nasci ali no mais paulistano dos bairros, a Cerqueira Cezar) e morar aqui na Grande São Paulo, eu nunca consigo me comunicar com essa joça de cidade, com o rítmo, com as pessoas. Talvez porque aqui não é lugar de paulistanos, mas de imigrantes, em todos os cantos. E sempre me deparo com imigrantes que amam essa cidade, que vivem suas felicidades, muito maiores que as tristezas. São Paulo não é uma terra de imigrantes miseráveis apenas. Daqueles que estampam documentários, retirantes do sertão nordestino que se mudam para cá e acabam habitando as favelas, de condições precárias de se viver. Não. Aqui tá cheio de imigrante do Norte e Nordeste que descobriu essa cidade e se fez, muito bem feito, muito feliz e com sucesso. E eu, que sou daqui, desde meu sempre, não entendo, não me entendo com essa cidade, do cultural ao funcional. Pra mim nada daqui me pertence, eu não me conecto com suas curvas, seus cheiros, suas faces. E ela me responde rispidamente, me cansando. Do ódio matinal ao estresse no pôr-do-sol. Parece surreal demais botar toda culpa na cidade, afinal, um amontoado de concreto e asfalto, no final das contas, é isso que toda cidade metrópole é, no resumo das coisas, tirando a geografia. Mas a geografia paulista fica escondida clandestinamente. Mas essa cidade não entra em mim. Se nasci aqui e não me sinto aqui, pra onde vou rumar meu barco a vela. Ela, a cidade, pouco se importa, é como uma pedra no caminho, que lasca a unha do dedão numa topada infeliz.

2 comentários:

Tene Cheba disse...

Para gostar de São Paulo é preciso ler, refletir e ensaiar, todos os tratados filosóficos, desde a antiguidade. Eu gosto de São Paulo, não li todos estes livros, e também não moro por lá, deve ser por isto então.

Tene Cheba, completamente de bobeira.

San disse...

O que diria Gonçalves Dias ao ler isso sobre a "terra de palmeiras onde canta o sabiá"...???