domingo, julho 08, 2007

Estórias - Retratos de Outrora

Tivera tido um amor, de que no durante, pouco se soube saber. Era amor desconhecido de um lado só. Tratava com causualidade destemida, as vezes por ignorância de si mesmo, desprezo despejava. É difícil até "redizer" sobre tal estória, acontecida, mas que nunca fora História de certo a um deles, somente na outra parecia resplandecer a felicidade.

Do jeito dele, foi-se indo, deu o que lhe conhecia desses sentimentos. Vai ver, não acreditava em coisas do coração; sujeito pensava, que era órgão de bombear sangue e o resto culpa era do cérebro, maquinário complexo no topo responsável por erros deles. O amor não era coração, era amor cerebral, do dele sim - do dela não. Pagou-se o preço

Mesmo na incoêrencia, foram-se, vivendo felizes, plenos. Uma coisa poética mesmo, dois corpos, tocavam-se em si, poesias parnasianas, simbólicas, modernas, concretas. A sensualidade deles, não estava apenas no carnal. Era o dom, da cumplicidade e intelectualidade discorrida madrugadas dentro, acalentados por uma brisa, sempre disposta a refrescá-los na noite quente.Sufientes.

Quando o frio pregava sua peça, eram os corpos, em extase, suficientes em si, lhes oferecendo calor, para outra noite a mais. Tudo terminava, quando ele deixava um tanto antes do Sol nascer por total. Nas janelas o orvalho dos deuses ou o hálito dos amantes, dúvida, indecifrável. A porta se batia, o elevador esperava atento, como fossem eles reis. Ela ainda em transe, andava semi nua, pisando em ovos, ressentida pela partida. Tudo era lindo, mas de repente, esfriava. Sentia frio, mas não queria agasalho, precisava demais, um abraço - insufientes.

De certo, sabia, de sua necessidade do sofrer. Deixar a realidade para lá e por uma vez na vida viver o lirismo dos livros amarelados, escritos em línguas de pronúncia delicada. Isso era um sonho, um despertar eterno. Ela se banhava nas águas da manhã, já pensando no próximo encontro com o mago, seu bruxo, seu crime, seu fim. E chorava, a felicidade, a dor, depois escrevia tudo em papel de carta, dobrava e colava um selo. Depositava na janela, esperando o bem-te-vi levasse a mensagem para longe, com intuito de oferecer para alguém distante um pouco de seu amor benevolente.

Ainda, não tarde, pendurava no varal seu, dela, retratos em preto e branco de seu amor maior. Ela amava com os rins, além do coração. Nesses fragmentos ao vento, trechos de poemas ilustrados. O vento dialogava junto a brisa da noite. Esta falava ao vento, o quanto amavam-se. O vento dizia, ele nem tanto. A brisa testemunha ocular, replicava zangada, e dizia, não traga chuva, vai borrar as fotografias. O vento indisciplinado, rancoroso e irado, ventava para ela, uma chuva forte.

Apagava assim cenas de um sonho, dentro do sonho, eterno. Essa chuva, derramava-se dos olhos dela, da amante, da amada, sabida ela, do fim. Hoje, uma é felicidade, outro é nostalgia.

na voz de Pablo Montevideu
Retratos de Outrora

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá! Tive a felicidade de encontrar seu blog enquanto perambulava pela net de madrugada. Devo dizer-lhe o óbvio : tem talento com as palavras. Acima disso,tem uma facilidade em expressar emoções...Seus textos me sugaram sentimentalmente.Mto bons mesmo.Parabéns.
Adoraria manter contato contigo, tbm gosto mto de escrever.
Aqui vai meu msn, se lhe interessar: kamy_mf.89@hotmail.com
Abraço.
Camila.