domingo, dezembro 30, 2007
sábado, dezembro 29, 2007
quinta-feira, dezembro 27, 2007
domingo, dezembro 23, 2007
sábado, dezembro 22, 2007
Tenho trabalhado com cinema, no atual momento dois roteiros pra dois curtas pra dois projetos diferentes, que não cabe explicar - detesto me publicitar. E hoje, agora, se bem que faz alguns dias, penso no quanto é DESCABIDO a atividade cinematográfica. Leve um leigo pra assistir por trás das cameras a execução de um filme, num estúdio ou externo e depois lhe pergunte o que achou - ele vai dizer o certo: odiou.
Estar dentro de uma produção seja como o diretor, ou ator, ou maquinista é as vezes pensar - que diabo vai dar essas cenas. Parece que nada ali dará num bom filme. Aí depois vem o montador assistindo as cenas brutas ao lado do diretor, e diz - isso dá um baita filme. Tudo porque na edição (montagem) acontece os milagres e finalmente a estória nasce.
Ao ver SANTIAGO, de João Moreira Salles, essa dúvida filosófica me pairou. Angustiado, quase desisti de tudo. Quase parei meus cursos de direção de Arte, direçao de cena, enfim, quase surtei e disse pra mim mesmo; isso não é arte é um ABSURDO. A relação do cinema com o teatro é também intrigadora. Pra Beckett provavelmente não teria diferença. Duvido ele seguir manuais de direção de cinema. Mas ele foi o HOMEM...
Em Santiago, do JMS, é preciso assistir - embora seja um filme sem apelo algum - é um Doc. irreal, uma ficção abstrata - um filme esquecido por 13 anos, refeito depois, que se configurou na explanação do filme sobre o filme - compliquei - pois é preciso ver. Isso se um dia alguém conseguir encontra-lo pra assistir, porque não é filme de ver em cinema, apenas em festival. Jean claude Bernadet explicou bem melhor que eu essa película instigante de Moreira Salles - que o próprio pensou mil vezes se devia ou não exibir.
O fato é que hoje tenho vontade de largar tudo. Não me anima pensar que o cinema é irreal e o que vale mesmo é a edição. Ainda assim, com toda mentira - Alex por Malcom MacDowell é meu vilão arruaceiro cyber punk preferido e senhor Kubrick é genial.
sexta-feira, dezembro 21, 2007
Saudades dos tempos da "não razão". Hoje vivo uma paz insuportável, um tormento na mente, um desassossego martelando o coração - maldita fantasma. Faz-me conviver com uma bala perdida alojada nos miolos.
É horrível...
segunda-feira, dezembro 17, 2007
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Ensaios Históricos - Camille - o fim.

Passaram-se 30 anos, por Deus meu caro Renard. Estivemos tentando vê-la esses anos todos, contudo, apenas os gritos solitários nos alcançou. Realmente não entendo o abandono que a família Claudel impós a ela. Ainda se teme o peso da sociedade - é sempre isso, o sangue, o maldito nome herdado, que se preza mais que a vida. Deixaram-na entre paredes frias e mudas, ela conversando com sua sombra, sem trabalhar, sem viver.
Rodin é um pobre diabo que finge ser social, mas todos sabem que existe naquele maldito asilo - aprisionado um pesadelo, somente dele, que lhe rasga a alma, de remorsos doloridos. Eu bem sei, que ele evita passar diante do estúdio, onde ela superou o mestre e abriu portas para outras que virão ainda neste século.
E tudo que ela sempre quis foi deitar-se diante do muro frio de Rodin, jamais derrubá-lo. Ela amava aquele concreto, e não trouxe consigo exércitos para transpor. Ela simplesmente se ajoelhou, recostou sua cabeça na pedra gélida, mas ainda assim, foi abandonada. Ela se arrasou...
E arrasados somos pela covardia nazista devastando tudo, nossas defesas mentais já amargam uma derrota - qual sentido devemos tomar daqui por diante? Me lembro meu caro, da época da razão, atravessamos muitas décadas, pra chegar até a destruição em massa - ser feliz é indigno e ultrajante. E ser artista é uma infantilidade. Quem deseja ver Monalisa no Louvre - somente os nazzi, a mando do Diabo. Eles querem levar toda renascença e fazer uma nova Roma, esquecem que lá no asilo dos loucos - alguém grita em prantos todo o amor para as sombras. Não somos melhores por nossa Resistência em Paris, nas trincheiras pra resguardar nossas avenidas.
Enquanto as bombas caem - ela morre desconhecida e sem valor algum. A arte nesse presente momento é ineficaz e sua existência morreu, junto as milhares de cabeças que apodrecem nos campos europeus. E Camille precedeu esse capítulo já em 1906, quando surtou-se contra si mesma, ou seja, todas suas criações pagãs, suas estátuas, belíssimas, de curvas verdadeiras, muito mais que o calor e o arrepiar da pele. Ela destruiu tudo, porque pressentia isso. Não precisamos mais de galerias e museus, nem de quadros ou esculturas. Sobraram apenas escombros, estamos entre eles - Camille foi enterrada hoje amigo Renard 1943 - os alemães continuam bombardeando nossas cabeças, mas puseram-na numa vala bem funda, porque ninguém sabia quem era aquela franzina e decandente "jovem velha jovem". Abandonada pelo amor dos homens e do ventre.
Carta imaginária de Mallarmé para Jules Renard
Nota - Eu termino essa insolente tentativa ensaísta, com remorsos pessoais que se confudem com Camille e sua vida atribulada que hoje nos dá passagem para viver também o sofrimento. Infelizmente nossa contemporaneidade encontrou uma vazão para os infortúnios da alma, na alienação dos sentimentos. Antes era a razão que se opunha à existência plena da felicidade e da melancolia - agora é o consumismo do Carpe diem.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Ensaios - o porquê deles?
sábado, dezembro 08, 2007
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Ensaios Históricos - Kafka por Felice Bauer

Teus medos não foram os meus. Jamais entendi o temor que lhe afringia em relação a vida conjugal. Teus escritos denunciam uma amargura, um conformismo exato, nem mesmo a metamorfose pode derrubar as muralhas da letargia que li denunciadas em contos que escrevestes. E tuas cartas - sempre uma fuga da realidade para viver o inexistente solitariamente.
Talvez seja por isso, jamais, você nunca antes se atreveu a conceder e dar-me seu cotidiano. Kafka para mim já me foi um ser egoísta, outras vezes, um covarde. Mas isso, foram significados em momentos de raiva e desgostos, pequenos fragmentos derradeiros que nenhuma mulher pode controlar. Logo recuperei a serenidade para depois lhe entender.
Dessa sua necessidade de solidão, que levou teus personagens a jamais lutar contra qualquer situação equivocada, um realismo literário de pouca estima - deixa a impressão que o mundo é imutável - é portanto uma incoerência com seu principal título - A Metamorfose. Não precisou dizer-me que Gregor era seu alter ego em relação a seu pai e muitas vezes pude me ver na pele de outros personagens que criastes para se auto biografar em terceira pessoa, vazando assim sua personalidade atormentada.
Minha condição de mulher relutou contra muito disso. Passamos a vida, entre cartas, e não pude lhe conhecer na indócil presença da rotina. Não tivera eu, chance nenhuma, de viver entre paredes de um lar, assim, desculpe-me, você matou meus sonhos; coisas simplórias, pra tantos homens célebres, mas que para mulheres, mesmo as imponentes e intelectuais ainda se faz tão necessário. Elas até podem esconder, como fizera eu mesma, camuflar na pele do dia a dia, no lirismo da noite, mas todas desejam a sensação do bem estar de um lar doce lar.