quinta-feira, janeiro 01, 2009

Queima de fogos em Gaza.

Gaza - 2009 - Feliz Ano Novo?



Uma família palestina com venda nos olhos, estão na mesa de jantar comemorando o reveillon. A televisão ligada mostra a queima de fogos em todo mundo. O pai chama atençao dos filhos para a festa na Australia, em Copacabana, Paris e Londres. enquanto conversam e jantam as bombas explodem lá fora. A casa trepida, eles agem como fossem invisíveis ao bombardeio.



Pai - Vejam os fogos, não é bonito. É o reveillon de Paris a cidade luz.


Filho - não estou vendo nada.


Mãe - Agora é Copacabana, no Brasil, na praia.


Filha - tbm não vejo ... quando vai começar a queima de fogos aqui papai ??


Pai - Acho que esse ano não teremos filha.



O narrador da TV continua anunciando as festas de fim de ano em todo mundo. Argentina, Rússia, Shangai, Pequin, Tokio, São Paulo, Nova Iorque.



Mãe - alguém quer pão sírio?


Filho - eu quero, vamos pular sete ondas na praia esse ano papai ??


Pai - não, não, temos que rezar depois. Vamos orar e agradecer.



O narrador muda de notícia, começa a falar sobre bombardeios em Gaza, na Palestina. Todos se voltam atentos à TV. O velho até para de comer. Ainda estão todos vendados por um pano preto nos olhos.



Filha - É nossa queima de fogos papai...


Pai - Sim filha.


Mãe - Acho que já é ano novo.


O narrador diz o número total de vítimas e a morte de crianças. Em seguida chama um merchandising, vendendo uma churrasqueira lançada por George Foreman e Muhamed Dali. O noticiário retorna enfatizando a operação em Gaza.


Filho - pai, quando uma criança morre vira um anjo ??


Pai - sim, isso mesmo, é obra de deus.


Mãe - tudo é culpa de deus.



A casa trepida mais forte, uma bomba caiu proximo, ouve-se gritos e desespero. As crianças correm para a janela.



Filhos - mamãe, é o ano novo, venha ver, corra.



Os pais ficam sentados na mesa sozinhos. O tremor derruba pratos, ela segura nas mãos do marido. Ele puxa a venda do rosto. Ela faz o mesmo enxuga as lágrimas. O narrador termina o telejornal brindando o ano novo. Antes, ele faz uma notificação - ao invés de 280 mortos já são 310 mortos. Novamente ele sorri, deseja um ano de muita paz e termina com o eloquente "boa noite". Os pais se olham resignados e recolocam as vendas nos olhos. Fim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tambei pensei nessa cena no reveillon. Li ainda por cinam que Israel tinha até "esperado passar o natal" para iniciar suas operacoes... Que ironico comeco de ano esse!