domingo, janeiro 18, 2009

Queria pedir demissão de tudo

Entre cansaços e cicatrizes da vida, um desânimo, chateações, tristezas. Gerald me disse que esse blog é um oásis, triste mas bonito, ele que pediu demissão da vida virtual graças a sua MaMa que mandou ele parar de escrever nessa coisa estranha chamada blog e escrever para teatro. Ele dá adeus ao que tudo indica e antes de tudo mandou recado ao Brasil, como sempre fora do eixo, perdido e iludido entre o poder e a morte; a esperança em querer SER sem nunca ter SIDO. Quem não entendeu vá lá no blog do Gerald no IG e leia o penúltimo texto. Eu também deixei de ser um comentarista/leitor de blogs. E sequer faço uso deste espaço, meu oásis, as coisas parecem que turvaram de vez.

Sou como o Brasil, "quiz ser sem nunca ter sido" e perdido dentre múltiplas identidades o que demonstra uma total ausência dela - IDENTIDADE comigo mesmo e com outros, familiares, pais, irmãos, pessoas. E o cotidiano consumindo toda dignidade, toda alegria, paixão, entusiasmo, à deriva nessa cidade de paredes de concreto que nos fecham claustrofobicamente, a Grande São Paulo que vai daqui até ali, não chega em Londres, Paris, Dubai, Tokyo...eu não sei mais, sinto falta de coisas, coisas na minha existência.

Sinto falta de ter lutado na resistência francesa em Paris contra os alemães, de lutado contra os turcos, ou ao lado deles, de ter assistido à uma palestra de Freud ou Lacan, de ter assistido Woodstock, Stockhausen, Gardel ou Astor, Picasso, Lênin, Mondrian, o teatro de Beckett, Genet, os filmes de Chaplin, ter comido um hamburguer alemão na Alemanha, um sashimi em Tókyo, um grilo na China, um passeio nada turístico por Londres fria e cinza, de ter visto Lennon ser alvejado, da Yoko nua na TV, do Jagger com batom vermelho, do Gandi pacifista, do Muhammed Ali boxeador, até do Pelé no tempo que se usava chapéu em estádio e São Paulo parecia mais bonita, aberta e arejada. Sinto falta dos monstros e vilões radicais...sim, não, não me entendam bem. Prefiro continuar a ser incompreendido. Pra não causar pânico...

Eu estou vazio e sem heróis, sem admirar familiares, meu pai é um estranho no ninho, uma coisa distante de mim, não recordo fotos antigas com nostalgia. Só lembro que ainda criança por raros momentos acreditei que ele era ALGO, um herói. Meu pai é um estranho, uma coisa vinda à terra para atormentar. Ele é o anti-heroi da humanidade que me secou as lágrimas. E com resultado admiro hoje nesse mundo que me cerca, que é absorvido por mim através dos sentidos, admiro apenas cães de rua, vira-latas e minha cachorra amada, algumas memórias recentes e bem vividas à dois; e nada mais. Nada. O mundo anda girando depressa para os tolos. E aos perdidos o mundo emperrou. A Terra está para mim girando em falso enferrujada em entulhos. Acho que devo me demitir dessa coisa de blog também. Que estórias vou contar no futuro...nenhuma.

3 comentários:

Laurene disse...

Oi, mau
aguenta a mao ai
teu blog me ajudou. Foi bom ver que morar em Sampa e ter acesso a tudo tb entedia e irrita.
Eu me esqueco disso, morando no interior.
É um inferno jeca redimido pelo fato de que aqui tenho tempo de ler e escrever.
Mas em BH penso: preciso voltar para o interior. Aqui são multidões em busca da sobrevivência não cabe utopia alguma.

Abraços do Lúcio Jr.

San disse...

Eu também me cansei, Maul...E de tudo...
Ando prestes a cometer um blogcídio, quem sabe após tomar uns 50 comprimidos de zyprexa e umas sertralina...quem sabe...

Gerald Thomas disse...

Eu disse que eh um oasis.
E mantenho que eh um oasis.

Se eh pra destruir os blogs, vamos todos juntos

se eh pra segurar mais um pouco....vamos segura-los
please...
LOVE
Gerald