domingo, abril 29, 2007

estórias

Divina tarde que eu me ausentei da vida. Juro que morri mas sequer fui enterrado, nem velório fui esfriado, numa tarde dessas por aí resolvi me ausentar e morrer por uns dados instantes ou até mesmo horas. O dia era chuvoso e dum frio repentino que assolava o outono. Despertador tilintou pela manhã, me dava na boca uma certa náusea matutina, sabido eu, que era sinal, alguém dissera pra mim, quando estiver pra morrer sentirá o gosto na língua pela manhã. Daí então perguntei e se morrer dormindo?

Fui-me aos afazeres do cotidiano, que também nos mata pouco a pouco, aquele "vaivém" desenfreado inútil. O tal gosto estranho se manteve, há dias queria me desligar, tudo tão cinza, era daltônico e não havia compreendido. Ensurdecendo-me pelos ouvidos e essa ânsia pela boca me "emudecendo", jaz as palavras e os sons. O Sol que era até aquele presente momento um cogumelo preto e branco sumia, e dos olhos sobrava as sombras assombradas da escuridão. Não tardou, digo, noitou, e então morri.

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