segunda-feira, abril 30, 2007

estórias

Fora de sintônia. Assim jurava aquele rapaz, em relação ao mundo. Como podê, alguém nascido gente, feito a gente, de carne e osso, da barriga da mãe, estar fora do mundo. Ele jura, não sei bem quando e como conheci o sujeito de olhar profundo e triste, de mãos compridas e ríspidas, sempre com um suspiro nos olhos, quase nunca sorri de verdade, sempre de mentira.

É difícil entendê-lo, sentir pena, desconforto. Para a maioria é um homem comum, um grande cidadão, culto e conhecedor de tudo. Daqueles que não se deixam abater, que dizem o que sentem quando a boca assim deseja. Ninguém desconfia da solidão, mas se o mesmo não sente nada bem dentre o povo e vossa gente? Que diabo heim...

Como eu disse aí, deve ser um ator, numa peça teatral que provavelmente foi encenado tempo atrás, como é que chama aquela moléstia? Quando não se consegue separar realidade de ficção? Não sei o nome, mas já li em revista, esse tipo de coisa. Vai ver ele encenou alguém assim, desconectado do mundo, broxado, sem vontade, desinteressado das coisas da vida, as cortinas fecharam-se, mas ele não, e passou a ser como o personagem. Que coisa difícil, severa demais, será que vai morrer assim?

-Alguém leva esse sujeito pra benze Deus do céu.

P.Montevideu

Nenhum comentário: