quinta-feira, junho 28, 2007

Fatos


Recentemente publiquei um comentário no blog do autor teatral Gerald Thomas, ele me escreveu de volta, com um texto baseado no que lhe disse, que depois ele mesmo publicou no site diretodaredacao.com. Não escrevi nada além do meu desassossego diário, das letargias e frustrações que tanto duelo visivelmente em meus textos e porque não, em meus olhos, aos que me convivem pessoalmente. As vezes acho que nem em fotos consigo encobrir a melancolia no meu olhar perturbado.



Não consigo mais, ou não tenho conseguido mais, me divertir nessa vida. Dizem que o trabalho perfeito é aquele que lhe faz rir. Já, nada, me faz rir, seja trabalho ou rotina da vida, família e etc. Até finjo. Esses meus talentos inatos de ator, de fingimento, encenação. Sou pura encenação, desde a alegria até tristeza. Que incoerência - até mesmo na melancolia.


No trabalho, não tenho feito nada. Incapacidade de concentração e desmotivação. Como disse ao Gerald, me enfiei numa tumba por tempos, para separar os vários de mim, entendê-los, depois conviver com eles, mas o que fiz foi apenas me sublimar, num só Estado, estado perdido, atormentado. Conviver com dramas éticos, desde a vivência nesse capitalismo desgraçado, busca da satisfação, do equilíbrio, das finanças, do consumismo da sociedade, da necessidade de se manter, pagar contas, ter, possuir, dar a cara à bater, se auto sujeitar ao mercado, corporações, leis, regras e padrões sociais.


Não pedi a Deus, que meigo, para nascer. Porque então tenho de viver a lógica do capitalismo, do crescimento baseado em números e porcentagens, do acúmulo de bens. Porque tenho de reagir até tocar a estabilidade econômica, ter um futuro sossegado.


Sou tudo que qualquer mãe não gostaria. As mães desejam que teus filhos escolham um caminho de tranquilidade. No Brasil isso significa - prestar um maldito concurso público, ganhar um belo salário até a morte, com privilégios, inclusive de não ser demitido quando a terceira idade chegar. Emprego vitalício.


Isso parece o que Platão dizia para justificar a existência da escravidão - que escravos eram necessários, pois, sem eles, os cidadãos, como ele, não teriam tempo para filosofar. Mães pensam, de uma certa maneira como Platão. A minha, a tua, vossas mães, pais, avós, bisavós, vizinhos, parceiros, líderes mundiais, e o próprio diabo dos infernos. O diabo é nosso pastor, tudo nos faltará e abundarás.


Continuo em crise, que nem fingindo se vai (deja vu)

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