segunda-feira, junho 04, 2007

poema existencialista

Das mulheres que amei?
Das mulheres que amei
uma tivera tempo, doutra não,
delas também

Das mulheres que amei,
amei de cara limpa,
sem química, com muita alquimia,
e ela também


Das mulheres que amei,
numa, sequer senti o beijo,
o tempo foi mais rápido,
levou-me embora,
logo, de madrugada

E das mulheres que amei,
deixava-ia, no orvalho,
batia a porta,
enquanto-a dormia,embora-ia, solitário

Das mulheres que amei,
dentre versos tuas, eu fiz
dentre frases nossas - delas,
desabafei, dentre todas solidões,
a terra comeu, entre nossos corpos,
lençóis, entre elas,
eu,
minha saída,
minha voz


Das que amei,
deixei sempre inseguras,
desatinadas pela loucura,
arma contra mim, meu fim

Das que sempre amei,
outra, dela, não falei,
partiu embora,
sem demora, deixou saudade
muito estranha,
desmemória

Das mulheres que amei?
uma não poderei ver, jamais,
e da outra, também?

Das mulheres que amei,
um adeus, foi Deus, quem fez, a outra,
fora Eu sempre Eu.


Pablo Montevideu


*****
Nesse poema existencialista, evitei, juro, a não rima, e liberdade de palavras, mas nem sempre funciona. Uma homenagem ao meu "amor existencial - estranho", que nunca provei, exitei ao dar, receber. A elas, ambas, justa homenagem, por suas existências. Cada uma delas, duas, estão aí, inseridas, separadas, dentre palavras, vírgulas, pronomes, substântivos, adjetivos. Parece difícil compreender - pra mim sempre foram. E fui também. A minha querida Theresa Yumi, sua mémoria, e pra minha musa distante letárgica inominável.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem aventurada da mulher que se identificou nas suas palavras!!
Obrigada por não parar!!