domingo, fevereiro 10, 2008

Eu sou o inferno. Minha vida tá perdida, como o caminho direto ao inferno. Um vazio, um oceano de significados, de mágoas, no fim - silêncios. Trabalhando nesse filme, vídeo, documentário, sabe-se lá o que vai dar, iconoglasias, eu mudei meus sentimentos, meus significados, repentinamente, estão se variando, se alternando. Estou encontrando dificuldades por exemplo em deixar de lado as referências cinematográficas, literárias, para justificar esse trabalho como algo totalmente pessoal. Mas não se pode atropelar o inconsciente, que trabalha tão em silêncio quanto eu. Teria de quebrar meu silêncio, do consciente, para coletar entrevistas, com minha mãe, para o ato documental do filme, o lado realista, mas ando tão distante dos seres humanos que isso inclue, infelizmente - ela.

Sinto encomodado com o mundo, com as pessoas, nem mesmo minha mãe escapa desse absurdo que se tornou minha existência. Não esperava chegar nesse ponto. Não quero as glórias materialistas, não quero traçar planos, nem emprego com carteira assinada, nem crédito aprovado, financiamento de casa, nada concreto. Parece tudo significar o fim. A morte. Alguém que nada deseja concretamente - quer algo mais concreto que as paredes de uma casa compradas em suados vinte anos mensais?

Esse filmeco que trabalho é um espelho de mim - deixou de ser sobre uma velha casa de fundo, embora sejam disso as cenas, mas abstratamente o filme é sobre mim. O difícil é encontrar um fim pra essa edição.

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