quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Amo. Com meu receio, com minha
ingratidão, com meu respeito por sua
inteligência, amo do jeito incerto, que
desagrada os leigos - lhe desagradou,
amo enfim, sua liberdade, que tu me
entregaste, amo em ti as sombras passadas,
amo teus passos sinceros, teu ir e vir,
amo te fazer sorrir, amo te fazer intensificar,
amo com meus botões, calculando números
infinitos, amo te fazer pensar, porque quando
pensas fica mais bela, sem batom ou nanquim,
amo te fazer recitar, poemas rimados em arritmias,
e deixar-te esperando dias, porque amo ver-te
ansiosa, sensual, voraz, faminta, desejosa,
e receber tudo intensamente numa noite só,
amo sair antes do galo cantar, pra ver-te dormindo
de camisola, entre lençois, amo saber que ao
bater a porta, tu vais acordar, e amo, deixar-te
com saudade, porque só assim na insegurança
nosso amor resplandecerá.

Amo enfim, tudo que odeias
porque do ódio sempre caberá
o amor.

Escrito, chorado, resmungado, sob influências de tangos,
violoncello, e muita solidão. Só mesmo ela, senhora implacável. Mau.

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