terça-feira, fevereiro 19, 2008

Um estranho. Faz tempo que me sinto estranho. Sou um estranho na minha geração, na atualidade, na sociedade. Vivo e vou indo sem conexão com nada. Vou indo e pensando, esse é o grande problema, o pensamento não me deixa viver. E o passado, meus remorsos, culpas, tudo é um espelho. Minha geração não existe é um espelho vazio, ninguém reflete nada - geração de vampiros naturebas. Geração fim de ditadura, início de globalização, nossos pais quem foram??? Quem são eles?? Sim, não foram eles a juventude rebelde e subversiva que a mídia nos quer fazer acreditar. Eles eram complacentes então com os militares?

Minha mãe não sabia, talvez não sabe até hoje o que é o raio do comunismo e socialismo. Na casa dela se lavava cabelo com sabão em pó - shampoo era coisa de rico. E o dinheiro que sobrava depois das necessidades básicas servia pra se comprar pasta de dente. Veja, creme dental era supérfluo. Sendo assim, comprar revista semanal, ler escritores russos, saber o que mundo dizia, era tão supéfluo quanto desejar ir pra Lua. Ah, nossos pais viram o homem pisar na lua -ou a farsa construída no deserto americano e muito mal feito.

Assim, ser subversivo nos anos 60 era coisa de estudante que não queria ver aula e se metia com diretório estudantil ou de filhos de ricos, cansados da mesmice da alta sociedade se rebelavam contra o sistema. Estes tinham condições de assinar revistas, comprar livros e saber as últimas de Cuba, Moscou, Trotsky, Marx e Engels. Acho que em breve começo novo filme, terminei um, começo outro e outro. Nunca me faltam argumentos e roteiros. E pensar que tem gente que sofre pra escrever uma porcaria de roteiro. E ainda são pagos pra escrever. Eu faço isso dormindo. Ah, dane-se a nova ordem mundial.

E eu estou cada vez mais invisível. Essa falta de referências, de chão, mas principalmente minha incapacidade de me enxergar no mundo mundano, este por aí, me cansa. Não há remédio que iniba, nem tarja pretas que me façam exibir um sorriso. Pra quê, rir feito bobo, anestesiado. Pra quê, pra depois aumentar as doses, com drogas lícitas???? Talvez, apenas dormir.

Vou me anestesiar pra sempre.

Um comentário:

Anônimo disse...

Puxa... Que lindo...