sábado, outubro 25, 2008

E por acaso desisti

Estou com um cansaço mental da humanidade. Já não me interessa os papos em grupos, em torno de mesas de bares e restaurantes, repletos de exageros e discrepâncias, a cerveja (eu odeio cerveja, tenho nojo) que desce a garganta e ludibria o cérebro; ninguém está conversando, trocando idéias, cada qual conta vantagens e aventuras. Ao redor de um grupo de homens e mulheres não há espaço para perdedores e fracassados, frustrações ou desânimos. Todos devem ser fortes, otimistas, sonhadores, esperançosos. Não sei quando se deu isso, mas não há espaço pra mim nesse mundo (será o mundo pós moderno ainda?)*.

Tudo que não sou é otimista, sonhador, feliz o tempo todo, não sei esconder frustrações e desânimos e detesto ouvir piadas idiotas, gozações alheias, ou histórias sobre as últimas férias de fulano, beltrano, etc e etc. Esse papo furado não me interessa mais. Não me satisfaz. Não há mais espaço pra inteligencia, pra poesia, nada.

Ficou tudo restrito a uma mesa de bar, celulares sob a mesa, pessoas que não se bicam e distantes um dos outros (porém sentados ao redor de uma mesa redonda) munidos de suas taças de caipirinha e cerveja, fumando, misturando a nicotina com perfume Hugo Boss ou Dolce Garbana comprado à prestação, eles sequer escutam uns aos outros, homens e mulheres apenas falam, despejam adjetivos e gírias para se auto promoverem - e cada um rebate o que o outro diz, com uma história melhor, mais engraçada e sempre tem um alguém (o bobo da mesa) para animar a reunião, com alguma outra história hilária ou quebrar alguma tentativa de se falar algo inteligente com uma piada de português ou de "bicha"; quando não uma piada de "preto" demonstrando sucintamente o quanto nossa sociedade é preconceituosa e pouco se importa com o respeito ao outro (a frase perco a amizade mas não perco a piada, diz bem isso).

É, pois é assim que a massa vive e caminha, incoerente e iludida, fazem fila em bancas de jornal para comprar uma porcaria de um ship de uma nova operadora de cel, que dá não sei quantos meses gratuitos pra se falar ao celular - afinal, o que desejam falar mais?? Se ninguém sabe o que dizer?

Definitivamente isso não me atrai, nem a beleza das mulheres atuais, cada vez mais bonitas graças aos milagres contemporâneos, de roupas que levantam a bunda, os peitos, coisas que alisam cabelos, enrolam, desenrolam, pintam, colorem, etc. Ninguém mais é puro, nem de alma, muito menos de corpo. O sorriso deve sempre estar no canto da boca, porque é proibído não ser feliz.

*Apesar de estudar muito a História da Arte, como artista visual e historiador da arte, eu desconfio que não há um crítico e teórico da arte na atualidade que saiba finalmente dizer o que estamos hoje fazendo nesse mundo (sequer conseguimos desvendar o cubismo, quanto mais hoje, uma Era de vazio e muita entropia) - chiados e grunhidos.

Um comentário:

Anônimo disse...

pensei q fosse o unico a pensar assim...
vou adicionar aqui nos favoritos
excelente texto