quarta-feira, outubro 29, 2008

A problemática da conversa contemporânea


Preste atenção em seu amigo/colega, de trabalho ou de vida pessoal, seja num café, restaurante, comendo uma massa ou um pudim de leite ou um Flan em calda, seja como for, veja se a pessoa lhe compreende, se prende a atenção dele naquilo que você diz ou reproduz, através de uma estória, que nessa altura já poderá ser história - a resposta é: NÃO. Ele não se prende no que você diz, e todo tempo tenta rebater aquilo que o outro está dizendo, para contar uma outra estória, melhor e maior.
As pessoas estão assim, conversam com celulares tocando, entre papos sérios ou ridículos. Quer dizer, há entropias diretas e indiretas, e o desejo de sobrepor o outro é maior do que o desejo real de ouvir, sentir e refletir naquilo que o outro reproduz através da experiência do outro. Ou seja, o outro não significa nada na sociedade atual; há um desprezo pela vida do outro, por sua contribuição. As idéias do outro são ignoradas, isto acontece por muitas razões que somente uma pesquisa poderia determinar, não fiz pesquisa alguma, portanto não vou enumerar nada, mas percebo, tenho essa perspicácia, enquanto tento dialogar (nas raras vezes) com um outro alguém, mentalmente espero por uma interrupção, do apressado(a), em me rebater, se fazer maior e melhor, sobrepor sua experiência sobre a minha, rebaixar o interlocutor, elevando-se, como se a relação inter-pessoal fosse um combate, sem espadas e escudos, mas por entre palavras, verbos (de ação).
Não há cumplicidade entre ditos "amigos e parceiros" e também casais ou parceiros amorosos. Ninguém está preocupado no diálogo, na troca de ideais, objetivos, aprender pela experiência alheia, etc. Isso tudo já era, não pertence mais a sociedade ultra veloz da era atual. Foi banalizado pela competitividade dos humanos, uns contra os outros, e talvez não se poderá retomar tal vivência. Jamais o ser humano esteve tão só. Tão distante de si mesmo. Eu, por mim, me sinto exausto e desistindo (ou ja desistido), das relações inter-pessoais, os estragos em mim estão aí, não tem retorno ou revival. Tanto quanto esse blog que não tem razão. É um passatempo à toa. Converso com minha pastora alemã, com cães vira-latas nas ruas e paredes.
Na foto Marlon brando conversando com seu cão, o maior ator de cinema americano, em 1951 (foto já reproduzida aqui, num ensaio que fiz sobre fotografias de gênios do século XX).

2 comentários:

Anônimo disse...

Não, não é um passatempo a toa esse blog ! Adorei seu espaço ....

Beijos
Anonima

Maurício Fonseca disse...

Obrigado anonima.

Esse blog sei la, eu não gosto mais. É como meu sanitario

Nao sei mais