segunda-feira, agosto 20, 2007

contos pra boi dormir

Meu nome é Alguma Coisa da Silva. Não estranhe, pois a mim é tudo que sou. Foi repentino que me descobri assim, o próprio mundo me fez de tal jeito. Eu nasci com nome próprio, registrado com certidão no tabelião, mas não me perguntaram se assim eu desejava, alias, nenhum pai ou mãe espera o filho aceitar sua graça, que lhe caberá por todo sempre. Mas meu problema não era um trivial desgosto pela alcunha de minha filiação, bem mais profundo, sempre busquei mais que os nomes, e sim, identidades, com os quais pudesse me recriar. Passei a assinalar-me de tantos trejeitos, personas, como pode, um personagem criando tantos outros, é insensatez, é complicar o evidente, de repente, nada faz real sentido, nada se alterou. Falar do vazio que dá, na solidão do presente é comum, o incomum é aceitar, que tantos nomes e sobrenomes não resolvam a questão. Meu nome é Alguma Coisa da Silva, até que o próximo causo se desenrole, ou vá se casar de véu e grinalda na Igreja Imaculada Icosagonal do Nada.

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