segunda-feira, agosto 06, 2007

Mini-conto

A colação de grau era um dia a mais. Para o resto, era O Dia. Para um, nada além do que um dia depois de ontem, antecedendo o amanhã. Falta de ânimo, desencanto, desembaraço, calor de trinta graus em pleno inverno, aquela roupa preta, pesada, o chapéu de formando típico, tipicamente idiota, a gravata de seda na cor azul. Fotógrafos em linha reta, cada sala atravessada, uma pose, pedem para sorrir, estica a boca, franzindo os lábios, sorriso desconcertante. O ato final, finalmente, a entrada no salão, familiares e amigos, flashes de câmeras, felicidades, nem todos, mais um dia, antes da noite. Tomam-se os lugares respectivos, por ordem alfabética, agora é esperar ser chamado. Não é o OSCAR, mas bem que uns assim desejam. Senhor Amadeus Moreira Albuquerque Brandão Filho, ainda está no A, porque meu pai não me chamou de Abel, seria tão rápido, suor, calor, todos apertados, finalmente chegou, vai acabar. Nada vai fácil, o que foi difícil conseguir, novas paradas, fotografias, de canudo em mãos, aqueles beijinhos trocados do cerimonial, os para... como é que é aquele nome? E fim, o locutor, depois de horas grita os parabens aos formandos, todos se abraçam, nem todos. Onde está minha gravata, você viu uma gravata, escoregou por meu pescoço, terei de pagar 15 contos, ah me dê licença, preciso encontrar minha gravata, devolver essa beca, pegar meu cheque calsão e ir jantar.
Mini-conto
pra boi dormir

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