sexta-feira, março 28, 2008

O mundo num post

Dando um tempo nas minhas dores, lágrimas (que nunca se derramam exceto por quarta na madrugada) e meus resmungos desassossegados.

O Mundo num post, tentativa descabida de mostrar o mundo dos Outros, sobre um único ponto de vista. E o mundo começa no RJ, pela política da incompetência, quando dezenas de crianças morrem de Dengue, e um prefeito fora da realidade fica sem falar durante o massacre infantil e quando resolve falar usa o espaço da mídia pra se promover, fazer um show, de palhaço da pior piada - Cesar Maia - e diz que foi pra Bahia em plena crise rezar pra Senhor do Bonfim levar o mosquito da dengue pro oceano - se o santo ouví-lo que leve o mosquito pra casa do prefeito - e que na próxima eleição votem noutro candidato - por exemplo no Gabeira. Pegando a ponte aérea...

Em SP temos 6 milhões de carros e filas de compradores nas concessionárias. O espaço de SP é limitado, poluído, uma caixa de concreto por todos os lados. Não há como ver o horizonte, e isso não é figura de linguagem, não há mesmo - sufoca, cansa, desistimula a viver a chamada vida contemporânea. E no meio desse turbilhão vem a mensagem que corre as mesas de bar, faculdades, escolas - viva o dia, o momento, o imediato - o carpe diem. Noutro dia, estava numa palestra sobre o tempo, que ele está mais acelerado, portanto temos a sensação - os outros têm, eu não, mas a sociedade conclama mais tempo - 24 horas são insuficientes. E pra quê mais tempo, pra morrer nos congestionamentos, encaixotados, enterrados vivos na metrópole. O passado não existe pra milhares de pessoas preocupadas com o imediato e o presente. Não consigo imaginar alguém vivendo assim de poucas e míseras lembranças. A mídia e a publicidade do consumo tem lá suas culpas e responsabilidades, mas o Ser, não se pode ausentar a culpa do Ser, o Ser humano - deixou-se levar para o nada.

E temos o desafio de nos salvar do cataclisma ambiental em alguns séculos - uns dizem ser ficção. Mas a ficção é achar que os humanos realmente desejam se salvar, ou melhor, salvar possibilidade de continuar perpetuando a vida na Terra. Não conseguimos planejar nossas cidades, nem ordenar nosso trânsito, basta ver as medidas estúpidas de SP aliados as políticas de transportes. E a industria automobilistica faturando milhões através de crédito livre aos consumidores.

Uma coisa tem que ficar clara - não haverá sustentabilidade com crescimento econômico. Não haverá condições de uma vida digna num futuro distante enquanto a sociedade depender de crescer os números do PIB mundial - aí me vem na minha cabeça JK, o presidente bossa nova. 50 em 5 - era seu lema - ele ajudou a destroçar as linhas de trem no Brasil pra abrir estradas e incentivar a industria de automoveis. E ele ainda levou a capital pro centro do nada, no meio do descampado pra evitar rebeliões e panelaços contrários aos políticos - Brasília é uma ilha de idiotas a salvo de qualquer fúria da população. Veja na Argentina as revoltas contra Cristina Kirchener, a casa Rosada fica na metropole portenha bem perto dos olhares vigilantes da população. Muito diferente do Brasil e sua ilha de "LOST" de politicadas muito "LOST" e de um presidente popular, porque consiguiram lá da Ilha de Lost contaminar a população inteira. O Brasil é aquele pobre que ganha emprego, cartão de crédito e sai gastando horrores até se estupefar numa diarréia. É como acertar a mega sena - terminando em tragédia.

E por fim, um mundo de guerras, de Iraque à Kosovo. De Tibet ao Timor e África Negra. Não aguento mais saber notícias internacionais ou locais, regionais, enfim. Tudo me soa uma ressonância sem fim, entropias de um sinal que se perdeu nas torres de transmissão (acho que estou vendo muito LOST). Cheguei a pensar que a crise financeira americana era forçada justamente pra derrubar o mundo e assim o FMI voltar a emprestar créditos aos países pobres a juros escabrosos por toda eternidade - o que pagaria a guerra do Iraque pelos próximos cem anos (Mccain) e tiraria o deficit americano do vermelho. Mas parece que não, é um mistério, mas o Iraque e o Oriente é uma causa perdida. Um Império de causas perdidas, assim como a Rússia um dia foi com Stalin e agora com Putin ameaçando explodir o mundo - é um pateta. Matar Sadan espalhou merda pelo mundo a fora, o que significa que matar o líder não resolve o problema. Não sou comunista, nem capitalista, nem anarquista - estou entre Camus e Sartre, gostaria de crer no destino e ao mesmo tempo na existência - saber que existe um fim, uma missão. Mas quando observo as pessoas perdidas numa mediocridade por aí a fora, nas ruas, becos e praças - perco qualquer crença positiva. Viva o pessimismo...

E termino aqui, porque meu ar se exauriu, estou alcançando a superficie antes que morra afogado. E antes que seja tarde, digo que me sinto mais livre, aqui de Marte, livre e solitariamente, na minha varanda, da minha velha casa de madeira no deserto avermelhado. Só não posso dizer que vivo sem tormentos, porque no fundo, lá no horizonte eu vejo a Terra, linda e azul, e a brisa de lá que me sopra é repleta de angústias.

Ass: Ninguém
(esqueci qual nome estou em uso atualmente)

Um comentário:

Anônimo disse...

Composição do Pink Floyd, no álbum “The Dark Side of the Moon”

Sérgio Penteado

Eclipse

All that you touch and all that you see
all that you taste, all you feel
and all that you love and all that you hate
all you distrust, all you save
and all that you give and all that you deal
and all that you buy, beg, borrow or steal
and all you create and all you destroy
and all that you do and all that you say
and all that you eat and everyone you meet
and all that you slight and everyone you fight
and all that is now and all that is gone
and all that's to come and everything under the sun is in tune

But the sun is eclipsed by the moon