domingo, maio 11, 2008

Estória - incomunicabilidade

Estamos todos surdos. Nem deuses ou anjos escutam - não é isso, não sabemos como falar, responde o homem cego que nunca viu desde seu nascimento com muita autoridade. Continuei a caminhar com minhas botas apertando o dedão - me lembrando como num código "só nosso" dessa jornada. A barba crescida é outro sinal de falta de esmero. Essa caminhada serviu pra uma conclusão - de que passei por esse mundo e não passei nada para ninguém - porque ninguém me escutou e eu também não - porque ninguém entendeu - e eu muito menos. Olhem, melhor, não olhem, nem escutem, eu não disse nada. Nada do que seja relevante, foi tudo falatório. Eu gostaria de ver num filme tudo que já falei nessa vida - e as caras que me fizeram de entendidos. Tudo se entende, faz sinal com a cabeça que sim, mas na verdade, bobagem. Até o amor se dizem entender, quando falo que amo, não amo nada, só vou amar o depois de amanhã, a ausência - quer falta de entendimento maior, * não há mais nada a dizer, mesmo que nada tenha sido dito. É, ouvi algo disso, num lugar qualquer que não me souberam dizer donde era.


* Beckett

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