sexta-feira, maio 02, 2008

Depois de toda tempestade vem a calmaria - besteira. Depois de toda tempestade (crise) vem o desânimo e os porquês existenciais, tão importantes, mas nesse momento estão se tornando um empecilho a viver. Já enfrentei outras hordas desanimadoras e letárgicas, mas como as atuais, (respiro/suspiro), não me recordo. O corpo se cansa, meu corpo cansou, meus olhos já turvaram tudo que podiam. Eu olho, miro, tudo isso aí, não me vejo mais - em nada. Eventualmente sinto falta do materialismo que perdi - dos sonhos tangíveis, como uma casa na praia de frente pro mar, carros esportivos e viagens em torno do mundo. Tinham também os sonhos momentâneos e impulsivos e os de luxúria. Parece que nesse tempo, mesmo com todo desconforto que desde sempre senti e me acompanhava eu conseguia a proeza de VIVER. Concentrava nesses planos concretos, deixava o abstrato pra algum poema, desenho - de repente o abstrato tomou conta do real, da vida em si, do cotidiano. Desprezo esses desejos que a pele e a carne necessitam. E quando falta "goals" na vida, nada mais restará. Não há ideologias, lutas, propostas. Pra merda o comunismo, o capitalismo, os partidos políticos, a política, o Fidel, os EUA e sua eleição, a nossa política, o crescimento do mundo em números, pobreza versus liberdade, expressão, compreensão, justiça, fome, riqueza, senso crítico, ética, deus, homens, mulheres, alegria e tristeza. Nada além de suspiros e respiros. Observar a cidade, o ritmo alheio, as curvas e os buracos da calçada que acumulam água da chuva, a vida passando como num filme italiano. Depois da tempestade ... é melhor nem sobreviver.

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